Investidor agora quer resultados e governabilidade de Temer
Investidores agora acompanham o placar do impeachment e cobram medidas prometidas por Michel Temer para impulsionar o mercado financeiro
Da Redação
Publicado em 30 de agosto de 2016 às 07h53.
São Paulo - O capital estrangeiro está atento ao placar do impeachment para entender qual margem o governo Michel Temer , que esta semana pode deixar de ser interino, terá para pavimentar o reequilíbrio das contas públicas do País, condição crucial para inversão do humor dos investidores.
Um fluxo bilionário de capital estrangeiro estaria pronto para recompor exposições no mercado brasileiro . Mas, por enquanto, o que existe é um certo desapontamento, cem dias após Temer ter assumido o governo interinamente.
E já há, inclusive, quem aposte em uma realização de lucros em alguns ativos, diante das eventuais dificuldades que o "novo" governo pode enfrentar no Congresso .
Se confirmada a saída da presidente afastada Dilma Rousseff, o placar da votação do impeachment no Senado será interpretado, portanto, como um primeiro sinal de suporte à adoção de uma série de cortes de custos e remédios amargos para pôr a economia brasileira nos eixos, acredita o gestor sênior de fundos para a América Latina da BlackRock, Will Landers.
"Vamos assistir ao julgamento e a partir daí não tem mais desculpa para não começar a fazer o que vem sendo prometido."
Segundo Landers, o governo Temer trouxe uma equipe de notáveis para o Ministério da Fazenda e na presidência da Petrobrás, mas agora é preciso executar a parte fiscal, com governo e Congresso trabalhando juntos.
"As reformas precisam ser feitas para o Brasil ganhar credibilidade e ter um caminho mais visível para voltar a crescer", destaca o executivo da BlackRock, que tem US$ 4,890 trilhões em ativos sob gestão.
A despeito da percepção de que há recursos abundantes para entrar no Brasil, após um longo período de baixa exposição na região, ainda existem gestores que acreditam que o capital poderá demorar para retornar ao Brasil de forma mais intensa.
"O período de benefício da dúvida acabou e agora o governo tem de entregar o que prometeu, sobre o que tenho minhas dúvidas", diz o gestor de renda variável do Janus Capital Group, Dan Raghoonundon.
Cautela
Por isso, o gestor entende que a reação do mercado, caso a votação no Senado confirme a saída de Dilma, será limitada e nota que tanto a Bolsa quanto os ativos de renda fixa embutem um otimismo excessivo com o desfecho do impeachment.
"Já vimos que dentro do governo nem todos estão alinhados com as reformas", acrescenta. Ele destaca que os mercados argentinos e mexicanos reagiram freneticamente à troca de governos, que posteriormente não conseguiram instituir facilmente as mudanças que haviam alicerçado nas campanhas. "Isso pode acontecer também no Brasil", afirma.
O executivo considera que a Bovespa, por exemplo, está sobrevalorizada e que algumas ações operam nas máximas, sem que nada tenha mudado para elas.
"É possível que tenhamos realização de lucros e, mesmo que as empresas entreguem o lucro esperado pelo mercado, continuarão sobrevalorizadas nos próximos 12 meses, porque o movimento de alta foi exagerado", destaca.
Boa parte dessa alta é reflexo do movimento global de busca por retorno, do qual o Brasil é o maior beneficiário, diz.
Para analistas, impeachment já é passado
Para o gestor de renda variável do Janus Capital Group, Dan Raghoonundon, o impeachment é passado e o mercado vai olhar para a frente e para as perspectivas das eleições presidenciais de 2018.
Na mesma linha, o cientista político da Tendências Consultoria, Rafael Cortez, acredita que a governabilidade de Temer recai sobre a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que limita o aumento do gasto público à variação da inflação e é vista como essencial para o ajuste das contas fiscais do País.
"A votação no Senado se esgota no simbolismo. A expressão de que houve ganho de governabilidade de fato será a votação da PEC e se o que será aprovado preservará a essência das matérias", diz Cortez.
São Paulo - O capital estrangeiro está atento ao placar do impeachment para entender qual margem o governo Michel Temer , que esta semana pode deixar de ser interino, terá para pavimentar o reequilíbrio das contas públicas do País, condição crucial para inversão do humor dos investidores.
Um fluxo bilionário de capital estrangeiro estaria pronto para recompor exposições no mercado brasileiro . Mas, por enquanto, o que existe é um certo desapontamento, cem dias após Temer ter assumido o governo interinamente.
E já há, inclusive, quem aposte em uma realização de lucros em alguns ativos, diante das eventuais dificuldades que o "novo" governo pode enfrentar no Congresso .
Se confirmada a saída da presidente afastada Dilma Rousseff, o placar da votação do impeachment no Senado será interpretado, portanto, como um primeiro sinal de suporte à adoção de uma série de cortes de custos e remédios amargos para pôr a economia brasileira nos eixos, acredita o gestor sênior de fundos para a América Latina da BlackRock, Will Landers.
"Vamos assistir ao julgamento e a partir daí não tem mais desculpa para não começar a fazer o que vem sendo prometido."
Segundo Landers, o governo Temer trouxe uma equipe de notáveis para o Ministério da Fazenda e na presidência da Petrobrás, mas agora é preciso executar a parte fiscal, com governo e Congresso trabalhando juntos.
"As reformas precisam ser feitas para o Brasil ganhar credibilidade e ter um caminho mais visível para voltar a crescer", destaca o executivo da BlackRock, que tem US$ 4,890 trilhões em ativos sob gestão.
A despeito da percepção de que há recursos abundantes para entrar no Brasil, após um longo período de baixa exposição na região, ainda existem gestores que acreditam que o capital poderá demorar para retornar ao Brasil de forma mais intensa.
"O período de benefício da dúvida acabou e agora o governo tem de entregar o que prometeu, sobre o que tenho minhas dúvidas", diz o gestor de renda variável do Janus Capital Group, Dan Raghoonundon.
Cautela
Por isso, o gestor entende que a reação do mercado, caso a votação no Senado confirme a saída de Dilma, será limitada e nota que tanto a Bolsa quanto os ativos de renda fixa embutem um otimismo excessivo com o desfecho do impeachment.
"Já vimos que dentro do governo nem todos estão alinhados com as reformas", acrescenta. Ele destaca que os mercados argentinos e mexicanos reagiram freneticamente à troca de governos, que posteriormente não conseguiram instituir facilmente as mudanças que haviam alicerçado nas campanhas. "Isso pode acontecer também no Brasil", afirma.
O executivo considera que a Bovespa, por exemplo, está sobrevalorizada e que algumas ações operam nas máximas, sem que nada tenha mudado para elas.
"É possível que tenhamos realização de lucros e, mesmo que as empresas entreguem o lucro esperado pelo mercado, continuarão sobrevalorizadas nos próximos 12 meses, porque o movimento de alta foi exagerado", destaca.
Boa parte dessa alta é reflexo do movimento global de busca por retorno, do qual o Brasil é o maior beneficiário, diz.
Para analistas, impeachment já é passado
Para o gestor de renda variável do Janus Capital Group, Dan Raghoonundon, o impeachment é passado e o mercado vai olhar para a frente e para as perspectivas das eleições presidenciais de 2018.
Na mesma linha, o cientista político da Tendências Consultoria, Rafael Cortez, acredita que a governabilidade de Temer recai sobre a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que limita o aumento do gasto público à variação da inflação e é vista como essencial para o ajuste das contas fiscais do País.
"A votação no Senado se esgota no simbolismo. A expressão de que houve ganho de governabilidade de fato será a votação da PEC e se o que será aprovado preservará a essência das matérias", diz Cortez.