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Com a inflação em alta, o que fará o Fed agir? A EXAME Gavekal responde

Aumento dos preços supera a meta de 2% em 12 meses diante de fortes estímulos à demanda, mas banco central pode esperar outros fatores antes de retirar os estímulos

JEROME POWELL: presidente do FED anunciou primeiro corte na taxa de juros dos EUA em 11 anos / REUTERS/ (Yuri Gripas/Reuters)
JP

Juliano Passaro

Publicado em 26 de abril de 2021 às 09h13.

Última atualização em 26 de abril de 2021 às 10h27.

A inflação ao consumidor nos Estados Unidos está acelerando. Chegou a 0,6% em março, com avanço de 2,6% em 12 meses. Segundo relatório da EXAME Gavekal Research, essa aceleração não é surpreendente, uma vez que fatores expansionistas, como o rápido crescimento da oferta de moeda e a forte demanda, estão elevando os preços.

O fato de os ativos reais (como ações e commodities) terem ultrapassado os ativos nominais (dinheiro e títulos nominais) também não surpreende o mercado. A pergunta a ser respondida, portanto, é: o quão duradouro será o aumento da inflação e quando o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) começará a normalizar a política monetária?

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Will Denyer, economista da Gavekal Research, explica que os efeitos de base de comparação são realmente parte da história, mas a inflação está em um movimento forte de alta. "O CPI [Índice de Inflação ao Consumidor] despencou durante as medidas de isolamento por causa da Covid-19 na primavera passada, resultando em um efeito de base [mais fraca] de comparação significativo para março, que ficará mais forte em abril e maio", afirmou.

Sem levar em consideração os efeitos de um ano atrás, a inflação dos últimos dois anos foi em média de 2,1% ao ano, que é modesta, porém ainda acima de 2%, que é um número considerado "saudável" para a economia do país, de acordo com o banco central americano. Nos últimos seis meses, a inflação chegou a uma média de 3,5% ao ano.

Todo estímulo para a demanda

O governo dos EUA tem feito o possível para manter a inflação em um nível considerado equilibrado. O Fed tem emitido dinheiro para comprar ativos, enquanto o Tesouro está liberando o dinheiro em caixa que acumulou em 2020.

"Embora grande parte desse dinheiro tenha sido economizado e investido, estimulando ganhos no preço dos ativos, parte dele está sendo gasta. Mais opções de consumo estão surgindo [a Disneylândia, por exemplo, abre em 30 de abril]. O crescimento do emprego e a confiança dos consumidores e das empresas estão em alta. Os estoques estão baixos. Os balanços patrimoniais das famílias e das empresas têm espaço para adicionar mais dívidas", destacou Denyer.

O aumento da inflação é uma boa aposta

O especialista da EXAME Gavekal afirmou que, caso essas expectativas de inflação comecem a parecer "não ancoradas", o Fed pode dar início a conversas sobre "redução gradual" dos estímulos.

"Quando as expectativas de inflação aumentam, a demanda por moeda diminui à medida que as pessoas procuram comprar bens antes que fiquem mais caros, o que, por sua vez, aumenta a inflação antes."

"É semelhante à especulação nos mercados financeiros, o que ajuda os preços de equilíbrio a serem alcançados mais rapidamente do que fariam de outra forma. Tudo bem. Mas se começar a sair do controle, o Fed terá que trabalhar mais para manter as expectativas de inflação sob controle e recuperar a credibilidade que construiu desde os dias de Paul Volcker [ex-presidente do BC de 1979 a 1987]", explica Denyer.

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