Energia elétrica: alta do Ibovespa foi apoiada no salto das ações da companhia energética Eletrobras. (Prakash Singh/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2013 às 19h42.
São Paulo - A Bovespa avançou nesta quinta-feira, apoiada no forte salto das ações da estatal de energia Eletrobras, mas amargou seu pior desempenho para um primeiro trimestre em 18 anos.
O Ibovespa subiu 0,57 % nesta sessão, a 56.352 pontos, no terceiro pregão seguido de alta.
Apesar do alívio recente, o índice acumulou queda de 1,87 % em março e de 7,55 % no trimestre, no pior resultado para os três primeiros meses de um ano desde 1995.
"Foi ruim, mas vale lembrar que não foi um período catastrófico para todo mundo", disse o gestor Marc Sauerman, da JMalucelli Investimentos em Curitiba. "Quem mais sofreu foram as empresas de Eike Batista e Vale, que têm peso grande no índice." A desconfiança do mercado com as perspectivas para as companhias do grupo EBX, de Eike, levaram a petrolífera OGX a amargar queda de 47,3 % no trimestre e a mineradora MMX a afundar 50,3 % no período.
Já a preferencial da Vale acumulou queda de 18,7 % no trimestre, em meio à disputa com o governo sobre o pagamento de 4 bilhões de reais em royalties.
Preocupações com a economia brasileira pesaram nos negócios no período, segundo analistas, diante de crescentes pressões inflacionárias e intervenção estatal no setor privado.
"Se tirar o risco de ingerência do governo e a inflação começar a ceder, você tem uma chance grande de reação na Bovespa", disse o economista Guido Chagas, da Humaitá Investimentos em São Paulo.
"Mas ainda não apostaria todas minhas fichas numa recuperação já em abril... A partir de maio, quando você começar a ver uma postura mais amigável do governo, então você deve ter uma perspectiva melhor", acrescentou.
Além das incertezas domésticas, o ambiente externo também deve continuar no radar de investidores, com destaque para a crise da dívida na zona do euro.
Profissionais de mercado também citavam preocupações de que uma eventual realização de lucros em Wall Street --cujos índices seguem próximos das máximas históricas-- pressione também o mercado brasileiro.
"Está difícil prever o comportamento da bolsa porque está difícil fazer previsão de cenários em geral", disse Pablo Spyer, um diretor na Mirae Asset Securities em São Paulo.
"Esse é um ano para apostar em small caps, empresas mais ligadas à demanda interna, que têm caráter mais defensivo. Para fugir da volatilidade, a saída é olhar para setores como consumo, saúde, educação", acrescentou Spyer.
Eletrobras dispara
Nesta sessão, as ações da Eletrobras tiveram a maior alta diária em quase 4 meses, após a estatal de energia manter o pagamento de dividendos, apesar de ter amargado prejuízo histórico no quarto trimestre.
A ação preferencial classe B da Eletrobras saltou 16,19 %, a 12,70 reais, enquanto a ordinária teve alta de 11,84 %, a 6,99 reais.
Por outro lado, as blue chips fecharam o dia em queda. A preferencial da Vale caiu 1,16 %, a 33,24 reais; a da Petrobras cedeu 0,38 %, a 18,35 reais. OGX perdeu 3,35 %, a 2,31 reais.
Marfrig liderou as perdas do Ibovespa, caindo 5,17 %, a 8,44 reais. O prejuízo da empresa de alimentos se aprofundou no quarto trimestre de 2012, para 284,2 milhões de reais.
O giro finaneiro da Bovespa nesta véspera de feriado foi de 6,96 bilhões de reais, abaixo da média diária de 7,5 bilhões de reais em 2013.
No exterior, o dia foi positivo para os principais mercados acionários globais, na medida em que os bancos em Chipre reabriam de modo relativamente calmo após o controverso resgate para a ilha.
Atualizada às 19h42.