Ibovespa opera estável com exterior; dólar cai abaixo de R$ 4,75
Petróleo recua com temores sobre maior oferta dos Estados Unidos; indicador de inflação americano bate máxima desde a década de 1980
Guilherme Guilherme
Publicado em 31 de março de 2022 às 10h37.
Última atualização em 31 de março de 2022 às 16h46.
Ibovespa hoje: a bolsa brasileira opera estável na tarde desta quinta-feira, 31, acompanhando o cenário de cautela no mercado internacional, que segue atento às pressões inflacionárias.
- Ibovespa: - 0,07%, 120.173 pontos
Nos Estados Unidos o indicador que mede preços de consumos pessoais (PCE) acelerou de 6% para 6,4%, com o núcleo do PCE ficando em 5,4%. Ainda que abaixo do consenso de 5,5%, o número, que é uma das principais referências para as políticas do Federal Reserve, foi o maior desde 1983. As bolsas americanas recuam, com economistas digerindo os últimos dados.
- S&P 500 (EUA): - 0,58%
- Nasdaq (EUA): - 0,53%
- Dow Jones (EUA): - 0,69%
Na Europa, onde os negócios já fecharam, a bolsa de Paris foi destaque negativo, após o índice de preço ao consumidor (IPC) da França superar as estimativas de mercado, passando de 4,8% para 5,1%. Na véspera, o IPC alemão também surpreendeu para cima, aumentando as preocupações com a inflação no continente.
- CAC 40 (França): - 1,21%
- DAX (Alemanha): - 1,29%
- FTSE 100 (Reino Unido): - 0,83%
O cenário internacional negativo, porém, tem pouco efeito sobre o mercado de câmbio local. O dólar é negociado com quase 1% de queda nesta manhã, enquanto opera sem uma direção definida no exterior. Apesar da queda, a amplitude entre a máxima e a mínima do dia em cerca de 6 centavos, evidenciando a já esperada volatilidade alta, devido à "briga da Ptax" de fim de mês - a disputa entre comprados e vendidos para definir a taxa de referência para contratos de câmbio.
- Dólar: - 0,85%, 4,746 reais
No radar dos investidores também estão as últimas movimentações da corrida presidencial.
No início do dia, a sinalização era de que o governador João Dória, do PSDB, havia desistido de concorrer à presidência. Porém, pela tarde, o presidente do PSDB garantiu em carta candidatura de Doria à Presidência.
Já o ex-juiz Sergio Moro confirmou em postagem no Instagram que irá deixar a disputa. Para parte do mercado, as desistências poderiam fortalecer uma terceira via de centro-direita, impedindo que os votos fossem dissipados entre diferentes nomes.
"O efeito foi uma queda nos juros mais longos no Brasil na sessão de hoje, uma vez que há a leitura de que uma coalizão de centro-direita seria fiscalmente mais austera", disse André Perfeito, economista-chefe da Necton, em nota.
Destaques de ações
O Ibovespa tem sua alta minimizada pela influência negativa do exterior, em especial com a queda de mais de 5% no petróleo. A commodity enfrenta mais um dia de perdas, após o anúncio de que os Estados Unidos irão liberar 1 milhão de barris de suas reservas de petróleo, ao longo de 6 meses, com o objetivo de aliviar a inflação, que já é a mais alta em 40 anos no país.
A queda afeta principalmente as ações da PetroRio (PRIO3), que ficaram entre as maiores baixas do dia. Já a Petrobras (PETR3/PETR4) avança a despeito da queda da commodity, com investidores ainda avaliando que a estatal não deve alterar sua política de preços mesmo com a recente troca no comando da companhia.
- Petrobras (PETR3): + 0,91%
- Petrobras (PETR4): + 1,18%
- PetroRio (PRIO3): - 4,39%
- Petróleo Brent: - 5,43%, aos 107,29 dólares o barril
As ações de Americanas (AMER3) e Méliuz (CASH3) também estão entre as maiores quedas do dia. Os papéis passam por correção após fortes altas no início da semana – Americanas ainda dispara 7% no acumulado semanal, enquanto Méliuz avança 2%.
- Americanas (AMER3): - 5,88%
- Méliuz (CASH3): - 4,43%