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Ibovespa recua com temores sobre Evergrande e inflação

IPCA-15 sai acima das estimativas e supera 10% no acumulado anual pela primeira vez desde 2016

(Germano Lüders/Exame)
GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 24 de setembro de 2021 às 10h36.

Última atualização em 24 de setembro de 2021 às 16h16.

O Ibovespa recua nesta sexta-feira, 24, com a maior cautela no mercado internacional em relação às novas ameaças da China. Às 16h, o principal índice da B3 recua 0,71%, aos 113.249 pontos. No mercado de câmbio, o dólar sobe 0,54%, negociado a 5,33 reais, em linha com a valorização da moeda americana contra outras divisas emergentes.

Nesta madrugada, o banco central chinês emitiu um comunicado dizendo que todas as atividades relacionadas a criptomoedas são ilegais. A China também reforçou que os investidores locais não devem ter acesso a bolsas internacionais de moedas digitais e que vê com urgência a necessidade de erradicar as mineradoras de criptomoedas do país. A nova repressão alimenta o cenário de incertezas e provoca fortes quedas no bitcoin e ethereum, que têm respectivas perdas de 5,46% e 7,95%.

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Outro temor é quanto às consequências de uma possível quebra da gigante chinesa Evergrande, que possui 300 bilhões de dólares de endividamento. As preocupações, que rondam as bolsas globais desde o início da semana, acentuaram-se após o não pagamento de uma parte da dívida que deveria ter sido feito na quinta-feira, 23.

As incertezas pressionam ações ligadas à economia chinesa. Com a maior participação do Ibovespa, a Vale (VALE3) cai 1,19%, pressionando a queda do índice. Já as siderúrgicas Gerdau (GGBR3) e Usiminas (USIM5) caem em torno de 1%, enquanto a CSN (CSNA3) tomba 2,92%.

Por aqui, economistas voltam a se debruçar sobre os dados de inflação, após o Índice de Preço ao Consumidor Amplo da primeira quinzena ( IPCA-15 ) do mês ficar em 1,14%, acima das projeções de 1,02% de alta. No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 superou a barreira dos 10% pela primeira vez desde 2016, batendo 10,05%. Na bolsa, os juros futuros sobem, com a expectativa de que o Banco Central seja mais duro em sua política monetária.

"A inflação está de fato mais persistente que inicialmente imaginado e choques exógenos de custos se tornaram endógenos através da elevada indexação da economia brasileira", comenta em nota André Perfeito, economista-chefe da Necton.

Para Perfeito, os dados de inflação mais fortes devem levar o Banco Central a prolongar o ciclo de alta de juros. Segundo ele, o BC deve encerrar o ajuste monetário apenas na segunda reunião de 2022, com a Selic atingindo 9,5%.

Destaques da bolsa

Apesar do cenário de aversão ao risco, estimativas de maior demanda global pelo petróleo seguem elevando a cotação da commodity, que é negociada próximo das máximas desde 2018. A valorização puxa as ações da PetroRio (PRIO3), que figura entre as maiores altas do Ibovespa, subindo 4,25%. A Petrobras (PETR3/PETR4) sobe em torno de 0,2%.

Entre as maiores altas ainda estão as ações de frigoríficos, após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovar sem restrições a aquisição da Marfrig (MRFG3) de participação na BRF (BRFS3). Na bolsa, as ações da BRF sobem 2,17% e as da Marfrig, 1,43%, mas são suas concorrentes que lideram as altas. Na ponta do Ibovespa, a Minerva (BEEF3) avança 4,52% e os papéis da JBS (JBSS3) sobem 3,66%.

Na ponta negativa, porém, é onde estão a maior parte das ações do Ibovespa. Com a maior desvalorização do pregão, as ações da Méliuz (CASH3) caem 8,69%. Na sequência, aparecem Americanas (AMER3) e Natura (NTCO3) com respectivas quedas de 3,89% e 3,06%.

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