Commodities sustentam Ibovespa em alta mesmo com dia negativo no exterior
Temores sobre aperto monetário nos EUA derrubam bolsas globais; ações de tecnologia lideram perdas na B3
Guilherme Guilherme
Publicado em 18 de janeiro de 2022 às 10h28.
Última atualização em 18 de janeiro de 2022 às 18h15.
Oscilando entre perdas e ganhos, o Ibovespa fechou o pregão desta terça-feira, 18, em leve alta, puxado pelas ações de commodities, em especial a Vale (VALE3). Mais cedo, a bolsa local recuava com a piora no mercado dos Estados Unidos. Por lá, os principais índices de ações encerraram o dia em no vermelho em meio a preocupações sobre a condução da política monetária americana.
No fechamento:
- Ibovespa: + 0,28%, aos 106.667 pontos;
- Dólar: + 0,61%, a 5,560 reais.
Nos EUA, orendimento dos títulos do Tesouro dos EUA, conhecidos como Treasuries, avançaram nesta terça-feira, 18, com a taxa do papel com prazo de 10 anos alcançando 1,87% na máxima do dia — seu maior patamar em dois anos.
O rendimento subiu em meio a especulações de que o Federal Reserve ( Fed, banco central americano) pode elevar a taxa básica de juros em mais de 0,25 ponto percentual já em sua próxima reunião, em março.
As apostas em uma decisão mais dura ganharam força depois que o CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, e o investidor bilionário Bill Ackman alertaram que o Fed pode precisar aumentar os custos de empréstimos mais do que os investidores esperam.
Seu efeito tem sido devastador sobre as ações de empresas de tecnologia, que costumam precificar estimativas de crescimento mais expressivas. O índice Nasdaq, com grande concentração das big techs, registrou o pior desempenho do mercado de americano, baixando ao seu menor nível em três meses.
- Nasdaq (EUA): - 2,60%;
- S&P 500 (EUA): - 1,84%;
- Dow Jones (EUA): - 1,51%.
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Destaques de ações
Por aqui, a bolsa brasileira seguiu a tendência americana, com os papéis de tecnologia e varejo dominando as maiores baixas do dia. Locaweb (LWSA3) mais uma vez liderou as principais baixas do índice.
- Locaweb (LWSA3): - 10,61%;
- Inter (BIDI11): - 10,43%;
- Alpargatas (ALPA4): - 7,88%.
Além das ações de crescimento, o setor de frigoríficos foi destaque de queda. Com o pior desempenho do setor, a BRF (BRFS3) desabou mais de 5%, após acionistas aprovarem a oferta secundária de ações (follow-on) que pode levantar até 7,9 bilhões de reais. Na véspera, data da aprovação, os papéis da BRF fecharam em alta, com investidores avaliando positivamente a operação.
O follow-on da empresa pode abrir espaço para o atual controlador da Marfrig (MRFG3), Marcos Molina, assumir também o controle da BRF. Molina, no entanto, pode não ampliar a oferta na empresa para evitar conflito com os minoritários da BRF. A consequência pode ser um menor apetite do mercado pela oferta.
- BRF (BRFS3): - 5,78%;
- Marfrig (MRFG3): - 2,71%;
- JBS (JBSS3): - 1,03%;
- Minerva (BEEF3): - 0,70%.
A maior contribuição positiva veio das ações da Vale (VALE3), que é a ação com maior peso do Ibovespa, representando cerca de 16% do índice. A mineradora subiu mais de 2% nesta terça, refletindo a alta do minério de ferro na China. Siderúrgicas acompanham a apreciação do metal.
- Gerdau (GGBR4): + 3,40%;
- Vale (VALE3): + 2,45%;
- CSN (CSNA3): + 2,59%.
Outro destaque positivo veio do setor de petróleo, que se beneficiou da alta do preço do barril, que bateu seu maior nível desde 2014. A valorização ocorre em meio a tensões no Oriente Médio, após um ataque fatal na capital dos Emirados Árabes, Abu Dhabi.
A notícia influenciou a alta das ações da PetroRio, que ficaram entre as maiores do dia, enquanto as petroleiras Petrobras (PETR3/PETR4) e 3R (RRRP3) também registraram alta. Com o resultado de hoje, a Petrobras registrou seis pregões consecutivos de alta.
- PetroRio (PRIO3): + 4,82%;
- Petrobras (PETR4): + 0,44%;
- Petrobras (PETR3): + 0,35%;
- 3R (RRRP3): - 0,11%.