Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 17 de janeiro de 2022 às 10h40.
Última atualização em 17 de janeiro de 2022 às 18h19.
O Ibovespa fechou em queda o pregão desta segunda-feira, 17, em um movimento de correção após encerrar a última semana com valorização de 4,1% – o seu melhor desempenho em dez meses.
Nesta segunda, o pregão foi marcado por uma liquidez menor devido ao feriado de Martin Luther King, nos Estados Unidos. Vale lembrar que as negociações costumam diminuir em dias de bolsas fechadas nos EUA uma vez que a participação de estrangeiros – em especial americanos – ainda representa mais de 50% do volume médio de negócios da B3.
O dólar, por outro lado, ficou dividido entre o cenário de correção local e o apetite por risco no exterior durante boa parte do dia. Ao final da sessão, no entanto, a moeda encerrou em alta contra o real.
No fechamento:
No exterior, o cenário foi positivo. Dados da economia chinesa e a injeção de estímulo monetário no país asiático estão entre os fatores que motivam as altas no mercado internacional.
Divulgado na última noite, o PIB da China cresceu 1,6% no quarto trimestre, superando o consenso de 1,1%. Outro indicador que saiu acima das projeções foi o de produção industrial, que aumentou em 4,3% no país, em dezembro, ante estimativas de 3,6%.
Na China, os principais índices de ações fecharam em alta, transmitindo o bom humor para o Ocidente. Bolsas do Reino Unido e França subiram mais de 0,5%, na Europa.
Números de atividade econômica também superam as estimativas no Brasil, com o IBC-Br de novembro fechando em alta de 0,69%, acima das projeções de mercado, de 0,65%. O dado, medido pelo Banco Central, é popularmente conhecido como "prévia do PIB".
Economistas, no entanto, seguem cautelosos com o ritmo da economia brasileira. "Devemos ver dados melhores de atividade na margem, muito por conta do baixo valor já observado, mas ainda não projetamos retomada robusta", comenta em nota André Perfeito, economista-chefe da Necton.
No radar dos economistas ainda esteve o Índice Geral de Preços-10 (IGP-10), que indicou uma inflação acima do esperado para o mês de janeiro, ficando em 1,8%. A expectativa era de queda de 0,5%.
O boletim Focus divulgado nesta manhã mostrou que o mercado segue pessimista sobre os efeitos inflacionários. Para 2022, a projeção para o IPCA saiu de 5,03% para 5,09% e de 3,36% para 3,40%, para 2023. As perspectivas para a Selic, porém, se mantiveram inalteradas.
Na ponta negativa, as ações da Vale (VALE3) – que são as de maior peso no Ibovespa – recuaram após fortes altas na última semana e ajudaram a dar o tom negativo do dia. Ainda no campo das commodities, siderúrgicas acompanham a Vale e caem mais de 2%, após o minério de ferro fechar no menor patamar em uma semana, na China.
O maior destaque de queda no dia, no entanto, fica com as ações da Braskem (BRKM5), que caíram mais de 6%. A baixa seguiu o anúncio de que Petrobras (PETR3/PETR4) e Novonor (ex-Odebrecht) registraram a oferta secundária de venda de ações (follow-on) da petroquímica em uma operação que pode movimentar 8,1 bilhões de reais. Vale lembrar que os papéis da Braskem já haviam precificado a notícia positivamente, disparando quase 145% em 2021 – ano em que a operação foi anunciada.
Outra ação que ficou no radar dos investidores é a da BRF (BRFS3). A companhia realizou nesta manhã assembleia de acionistas para definir sobre a emissão de 325 milhões de ações ordinárias. Segundo informações do jornal O Globo, a operação foi aprovada com 90% dos votos favoráveis.
A oferta abre espaço para Marcos Molina, controlador da Marfrig (MRFG3) aumentar sua participação na companhia para mais de 50%. O empresário tem, atualmente, 21% da BRF.
Antes da notícia da aprovação da oferta, a BRF chegou a ficar entre as maiores quedas do dia, mas virou para alta no final do pregão. Já Marfrig, JBS (JBSS3) e Minerva (BEEF3) fecharam o dia em queda.
A maior valorização do Ibovespa ficou com as ações da Cielo (CIEL3), que subiram quase 5%. A forte alta ocorre após a empresa reportar crescimento de 3% nas vendas do varejo para o mês de dezembro. Sem considerar os efeitos inflacionários, o crescimento nominal das vendas foi de 14,6% em relação a dezembro de 2020.