Bancos e Petrobras derrubam Ibovespa em dia de decisão do Copom
Cenário externo negativo e resultados corporativos mantém cautela entre investidores, enquanto aguardam por alta 1 p.p. em taxa Selic
Beatriz Quesada
Publicado em 4 de agosto de 2021 às 09h26.
Última atualização em 4 de agosto de 2021 às 16h07.
Ibovespa opera em queda nesta quarta-feira, 4, em dia marcado por decisão monetária, continuidade da temporada de balanços e pessimismo no mercado americano. Às 16h, o Ibovespa recua 1,20% para 122.090 pontos. Já o dólar é negociado próximo da estabilidade, após operar em alta pela manhã.
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O principal evento do dia será a decisão do Comitê de Política Monetária ( Copom ), previsto para às 18h. A expectativa é de que o colegiado opte por uma alta de 1 ponto percentual, com a Selic passando de 4,25% para 5,25% ao ano.
No mercado, investidores ainda esperam um comunicado mais contracionista, indicando que será feito o necessário para conter as expectativas de inflação futura.
Com IPCA de 8,35% acumulado nos últimos 12 meses, o mercado já vê a meta de inflação para este ano de 3,75% como inalcançável, assim como o teto da meta de 5,25%. De acordo com as projeções do último boletim Focus, o consenso é de que o Copom eleve a Selic para 7% até o fim do ano, com a inflação terminando 2021 em 6,79%.
Para além da cautela pré-Copom, o Ibovespa também é pressionado pelo clima negativo no exterior após dados de emprego nos Estados Unidos saírem abaixo do esperado. O indicador ADP, que mede a variação mensal das vagas de emprego geradas no setor privado americano, mostrou a criação de 330 mil vagas no mês de julho, número abaixo das expectativas do mercado, que estimava a criação de 683 mil vagas.
O resultado reflete o impacto do avanço da variante delta do coronavírus no mercado de trabalho americano e derruba os índices futuros nos EUA. O Dow Jones opera em queda de 0,82%, o S&P 500 recua 0,31% e o Nasdaq tem alta de 0,21%.
Ainda nos Estados Unidos, investidores repercutem as falas do vice-presidente do Federal Reserve Richard Clarida, que sinalizou que a taxa de juros americana deve voltar a subir em 2023. As declarações foram feitas em videoconferência do Instituto Peterson de Economia Internacional. Segundo ele, a recuperação do mercado de trabalho americano deve acelerar no segundo semestre, com as condições para a alta de juros se formando até o final de 2022.
Destaques da bolsa
Investidores também estão atentos à temporada de balanços. Uma das maiores pressões negativas para o Ibovespa nesta quarta-feira são as ações do Bradesco (BBDC3/BBDC4), que caem quase 4% após o banco apresentar seus resultados do segundo trimestre na noite de ontem.
O Bradesco registrou lucro recorrente de 6,32 bilhões de reais, abaixo do consenso da Bloomberg, de 6,58 bilhões de reais. A receita líquida de juros ficou em 15,74 bilhões de reais, 5,7% abaixo da apresentada no mesmo período do ano passado.
Nesta noite, é a vez do Banco do Brasil (BBAS3) mostrar seus resultados. As ações recuam 1,32% na sessão, acompanhando a queda do setor bancário puxada pelo Bradesco. Itaú (ITUB4) cai 2,15% e Santander (SANB11) tem queda de 1,15%.
O resultado mais esperado para esta quarta-feira é o da Petrobras (PETR3/PETR4), que divulga seus números após o fechamento do mercado. A expectativa é de um resultado forte, com lucro líquido de 5,6 bilhões de reais.
“O papel vem ficando para trás na comparação com pares do setor, tanto em exploração quanto refino. O balanço de hoje pode destravar valor para a companhia”, afirma Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual digital, na Abertura de Mercado desta segunda-feira.
Neste pregão, no entanto, os papéis da petroleira caem mais de 3%, respectivamente, acompanhando a queda de mais de 2% no preço do petróleo no mercado internacional. Por lá, a influência negativa da variante delta sobre a demanda da commodity volta a preocupar após a divulgação dos dados de emprego nos EUA.
A maior queda do índice fica com as ações da Cosan (CSAN3), que recuam 4,06% após a Raízen, sua joint-venture com a Shell, ser precificada no piso da faixa indicativa em IPO. A Raízen precificou sua oferta inicial de ações a 7,40 reais por papel e movimentou 6,9 bilhões de reais, no maior IPO do ano no Brasil.