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Ibovespa fecha em queda com bancos e Petrobras; dólar recua antes de Copom

Cenário externo negativo e reajustes de posição após resultados corporativos derrubam bolsa brasileira em mais de 1%

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 4 de agosto de 2021 às 17h22.

Última atualização em 4 de agosto de 2021 às 17h55.

O Ibovespa fechou em queda de 1,44% para 121.801 pontos nesta quarta-feira, 4. O movimento acompanhou o tom de cautela do mercado internacional, com dados abaixo das expectativas no mercado de trabalho americano e novas sinalizações de alta de juros nos Estados Unidos, onde o S&P 500 e o Dow Jones tiveram respectivas quedas de 0,49% e 0,92%. O índice Nasdaq subiu 013%.

Divulgado ainda pela manhã, os dados do ADP sobre a variação de empregos privados nos Estados Unidos revelaram a criação de 330.000 vagas, enquanto o mercado esperava 680.000. O número serve como prévia do relatório oficial de empregos não agrícolas, o payroll, considerado o indicador mais importante da economia americana e que será divulgado nesta sexta-feira, 6.

Em videoconferência com o Instituto Peterson de Economia Internacional, o vice-presidente do Federal Reserve (Fed) Richard Clarida aumentou a aversão ao risco ao sinalizar o início de ciclo de alta de juros a partir de 2023. Segundo ele, as condições para o Fed começar a subir juros devem ser alcançadas até o fim do próximo ano.

No Brasil, investidores seguem no aguardo da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que se tornará pública às 18h. A grande expectativa é de uma elevação de 1 ponto percentual, com a taxa Selic passando de 4,25% para 5,25% ao ano. Caso confirmada, a alta será a maior em 18 anos.

O mercado ainda espera um comunicado mais duro, indicando que será feito o necessário para conter as expectativas de inflação futura. Com IPCA de 8,35% acumulado nos últimos 12 meses, o mercado já vê a meta de inflação para este ano de 3,75% como inalcançável, assim como o teto da meta de 5,25%. De acordo com as projeções do último boletim Focus, o consenso é de que o Copom eleve a Selic para 7% até o fim do ano, com a inflação terminando 2021 em 6,79%.

Com expectativas de elevação de juros no país, o real teve um dos melhores desempenhos entre as principais moedas emergentes. Mesmo com a aversão ao risco no mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,13%, sendo negociado a 5,186 reais ao término do pregão. A alta de juros, embora tenda a desacelerar a economia, aumenta a atratividade dos títulos nacionais e de operações de carry trade no país — elevando a entrada de dólares.

Destaques da bolsa

Na bolsa, as ações dos grandes bancos e da Petrobras (PETR3/PETR4), com grande participação no Ibovespa, foram as principais responsáveis pela queda do índice. Com o resultado do Bradesco (BDDC3/BBDC4) desagradando investidores, os papéis do banco lideraram as perdas desta sessão, caindo 4,12% e puxando todo o setor para baixo. O Itaú (ITUB4) caiu 2,83%, o Santander (SANB11), 1,13% e o Banco do Brasil (BBAS3), que reporta balanço nesta noite, 1,51%.

No segundo trimestre, o Bradesco registrou lucro recorrente de 6,32 bilhões de reais, abaixo do consenso da Bloomberg, de 6,58 bilhões de reais. A receita líquida de juros ficou em 15,74 bilhões de reais, 5,7% abaixo da apresentada no mesmo período do ano passado.

Já as ações da Petrobras caíram cerca de 3%, em linha com a desvalorização do petróleo brent, referência para a política de preços da estatal. A desvalorização da commodity ocorre em meio a preocupações sobre os efeitos da variante delta e dados de estoques de petróleo acima do esperado nos Estados Unidos. A Petrobras irá divulgar seu balanço do segundo trimestre ainda nesta noite. A expectativa é de um resultado forte, com lucro líquido de 5,6 bilhões de reais.

“O papel vem ficando para trás na comparação com pares do setor, tanto em exploração quanto refino. O balanço de hoje pode destravar valor para a companhia”, afirma Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual digital, na Abertura de Mercado desta segunda-feira.

Entre as maiores quedas também ficaram as ações da Cosan (CSAN3), que fecharam com perdas de 4,06%, após a Raízen, sua joint venture com a Shell, ser precificada no piso da faixa indicativa em IPO. A Raízen precificou sua oferta inicial de ações a 7,40 reais por papel e movimentou 6,9 bilhões de reais, no maior IPO do ano na América Latina.

Na ponta positiva, as ações da Usiminas (USIM5) lideraram os ganhos, subindo 4,65%, tendo no radar o elogiado resultado da Gerdau (GOAU4), divulgado nesta manhã. "Apesar da disparada no preço do minério e da sucata presenciada no período, a companhia conseguiu aumentar suas margens, diminuindo a participação das exportações nas vendas de suas operações no Brasil e se beneficiando da resiliência do mercado doméstico", comenta Ilan Arbetman, analista da Ativa, em relatório. Na teleconferência, o presidente da companhia, Gustavo Werneck, ainda reforçou a expectativa positiva para o mercado de aço no segundo semestre. Do mesmo setor, a CSN (CSNA3) subiu 1,07%.

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