Exame Logo

Ibovespa cai com cenário fiscal ofuscando disparada da Petrobras

Petrolífera dá lucro acima das expectativas e divulga dividendo de mais de 30 bilhões de reais; dólar sobe a R$ 5,21

Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 (Germano Lüders/Exame)
BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 5 de agosto de 2021 às 17h27.

Última atualização em 5 de agosto de 2021 às 17h36.

Após operar em alta durante toda a manhã, o Ibovespa virou para queda e fechou esta quinta-feira, 5, em queda, ignorando o impulso das ações da Petrobras (PETR3/PETR4), que chegaram a disparar mais de 10% após a divulgação do resultado do segundo trimestre. O principal índice da B3 fechou o pregão em queda de 0,14%, aos 121.632 pontos.

Ao longo da tarde, investidores voltaram a repercutir as incertezas em relação ao cenário fiscal do país, com a continuidade das discussões em Brasília sobre o parcelamento de pagamentos de precatórios em dez anos.

Veja também

A medida é vista por muitos agentes do mercado como um "calote", permitindo que o governo não pague suas dívidas nas datas estipuladas. Se a proposta for aprovada, seria aberto um espaço no Orçamento que poderia ser usado para aumentar o valor do Bolsa Família para 400 reais, como é o desejo do presidente Jair Bolsonaro.

"Em véspera de ano eleitoral, o mercado fica com medo de que governo esteja postergando [o pagamento da] dívida", explicou Felipe Steiman, gerente comercial da B&T Câmbio, à Reuters. Segundo ele, esse receio limitou o desempenho do real, que chegou a se valorizar contra o dólar durante a manhã em repercussão à elevação da Selic.

A moeda americana apagou o alívio trazido pela decisão da política monetária e encerrou a sessão em alta de 0,57%, a 5,21 reais.

Ainda em Brasília, o mercado fica atento à escalada da tensão entre o presidente e o STF. Bolsonaro foi incluído no inquérito das fake news na noite de ontem. O ministro Alexandre de Moraes acolheu pedido do TSE para analisar a conduta do presidente após live em que Bolsonaro fez ataques aos ministros da corte e disseminou notícias falsas sobre as urnas eletrônicas.

As preocupações se somaram à decisão de ontem do Comitê de Política Monetária ( Copom ), que optou pela alta de juro de 1 ponto percentual, elevando a taxa Selic de 4,25% para 5,25% ao ano.

Segundo comunicado do Copom, o comitê antevê uma nova alta de mesma magnitude para a próxima reunião, com o objetivo de elevar os juros para acima do patamar de equilíbrio.

"O mercado está muito cauteloso com os riscos fiscais no radar envolvendo o novo Bolsa Família. Somado a isso, o tom mais duro utilizado pelo Copom prejudica o apetite a ações ”, disse à Bloomberg Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual digital.

Destaques de ações

A Petrobras (PETR3/PETR4) foi o grande destaque de alta do dia, subindo 9,63% e 7,88% no pregão desta quinta-feira. A alta repercutiu o balanço trimestral do segundo trimestre da companhia, divulgado na noite de ontem.

No período, a Petrobras teve lucro líquido de 42,86 bilhões de reais ante o consenso da Bloomberg de 29,41 bilhões de reais. A empresa ainda superou as estimativas em Ebitda, que ficou em 61 bilhões de reais, e em suas vendas de 110,71 bilhões de reais. A empresa também apresentou dividendos de 31,6 bilhões de reais.  "A surpresa foi a parte de refino, que geralmente penaliza o resultado, veio melhor neste trimestre", avalia Bruno Lima, analista-chefe de ações do BTG Pactual Digital.

O analista ainda cita a alta do petróleo e os ganhos de margem, com custos de exploração favoráveis, para o bom resultado da companhia. Mas, a "cereja do bolo", diz Lima, ficou com o dividendo de 31,6 bilhões de reais.

Outra ação que chegou a apresentar forte alta em função do resultado do segundo trimestre foi a do Banco do Brasil (BBAS3). No início do pregão, os papéis chegaram a subir mais de 3%, mas zeraram os ganhos com a piora do cenário local, tendo no radar os riscos fiscais. A ação encerrou o dia em queda de 1,78%.

Maiores altas

Maiores quedas

PetrobrasPETR3

9,63%

BradesparBRAP4

-5,11%

PetrobrasPETR4

7,88%

BraskemBRKM5

-4,17%

Magazine LuizaMGLU3

2,51%

CSNCSNA3

-3,96%

Na ponta negativa, as ações da Vale (VALE3), que tem o maior peso do Ibovespa, recuaram 3,06%. A queda ocorre após forte depreciação do minério de ferro na China, que voltou para a mínima desde meados de abril, recuando cerca de 5% nesta madrugada.

A Bradespar (BRAP4), que tem grande participação na mineradora, acompanhou as perdas e caiu 5,11% -- a maior queda do Ibovespa no dia. Já as siderúrgicas CSN (CSNA3), Gerdau (GOAU4) e Usiminas (USIM5) caíram 3,96%, 3,07% e 1,73%, respectivamente.

Fora do Ibovespa, as ações da Raízen (RAIZ4) caíram 2,16%, em dia de estreia na B3 após IPO.

Mercado Internacional

Na contramão da bolsa nacional, os mercados no exterior tiveram um dia de alta. Na Europa, o Stoxx 600 bateu seu quarto recorde consecutivo, subindo 0,37%. Nos Estados Unidos, o S&P 500 subiu 0,6%, atingindo uma nova máxima, enquanto o Dow Jones avançou e o Nasdaq registraram altas de 0,78%. Por lá, o mercado passou por uma correção das perdas da véspera, com investidores avaliando os pedidos semanais de seguro desemprego, que saíram quase em linha com as expectativas, em 385.0000.

Acompanhe tudo sobre:AçõesDólarIbovespa

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Invest

Mais na Exame