Ibovespa cai com piora de perspectiva sobre economia local
IBC-Br sai negativo pelo segundo mês seguido; bolsas internacionais sobem após encontro entre líderes dos EUA e China reduzir tensão entre países
Guilherme Guilherme
Publicado em 16 de novembro de 2021 às 10h30.
Última atualização em 16 de novembro de 2021 às 17h45.
O Ibovespa recua 1,74%, aos 104.483 pontos por volta das 17h30 desta terça-feira, 16, com investidores digerindo dados econômicos e os últimos resultados da temporada de balanços, enquanto monitoram as movimentações da PEC dos Precatórios no Senado.
A preocupação sobre a economia doméstica tem reflexos ainda maiores sobre o índice Small Caps, com maior peso de empresas de consumo cíclico, que cai 3,66%.
O movimento ocorre na contramão das principais bolsas internacionais, que apresentam leves altas, tendo no radar balanços do terceiro trimestre e o alívio de tensões entre China e Estados Unidos, após o encontro entre presidentes dos dois países.
Na conversa, Joe Biden e Xi Jinping reforçaram a importância de evitar conflitos, apesar dos interesses distintos, principalmente, envolvendo Taiwan . No mercado, a sensação sobre o encontro foi positiva, a despeito dos últimos anos de turbulência entre as nações
Em Wall Street, os principais índices sobem cerca de 0,50%, enquanto na Europa, o Stoxx 600 fechou em alta de 0,17%, também refletindo o PIB da Zona do Euro, que cresceu 2,7% no terceiro trimestre, em linha com as expectativas de mercado. Nos Estados Unidos, porém, as vendas do varejo surpreenderam para cima, crescendo 1,7%, em outubro, acima das projeções de 1,2%. Na comparação anual a alta foi de 16,31%.
No Brasil, o principal dado divulgado nesta manhã foi o IBC-Br de setembro, que caiu pelo segundo mês consecutivo. Conhecido como a "prévia do PIB", o indicador de atividade econômica do Banco Central, apontou para uma contração mensal de 0,27%, confirmando as expectativas de perdas no período, ainda que menores que o consenso de queda de 0,30%.
Excepcionalmente, nesta terça também saiu o boletim Focus, com revisão para baixo das projeções para o PIB de 2021 e 2022. O mercado também espera uma inflação mais forte neste e no próximo ano. Para 2022, a expectativa para o IPCA passou de 4,63% para 4,79%, enquanto a estimativa para o PIB, que era de 1,5% há quatro semanas, caiu para 0,93%. No entanto, parte do mercado, como economistas do Itaú, já preveem um ano de recessão.
Destaques da bolsa
Na bolsa, as ações seguem refletindo os resultados da última semana, com Magazine Luiza (MGLU3) afundando 11,48%, após já ter tombado 18,53% na última sessão. As ações das Americanas (AMER3) e das Lojas Americanas (LAME4) que dispararam na sexta-feira, 16, caem cerca de 8%, com investidores realizando lucros. A maior queda, porém, está com as ações da Locaweb (LWSA3), que recuam 11,57%, aprofundando as perdas de mais de 8% do último pregão.
Construtoras, altamente ligadas ao ciclo da economia local, também sofrem duras perdas, com MRV (MRVE3), Cyrela (CYRE3) e EzTec (EZTC3) recuando mais de 4%.
O tom negativo também afeta as ações da Méliuz (CASH3), que irá reportar seus números do trimestre nesta noite. A empresa, que já esteve entre as maiores altas da bolsa, cai 7,49%.
Já a maior alta do Ibovespa fica com as ações da companhia de celulose Suzano (SUZB3), que avançam 3,31%. A Petrobras (PETR3/PETR4) também figura entre os maiores ganhos do dia, com as ações subindo mais de 1%.
“O movimento de hoje respalda um respiro para a queda observada na última semana, vinculada a piora no cenário doméstico destinando preferência a companhias que tenham parte de sua receita atrelada ao dólar”, comentam os analistas da Ativa Investimentos, em nota.