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Após despencar na véspera, Ibovespa opera de novo em queda

Investidores retiram dinheiro da bolsa e migram para ativos defensivos em meio ao avanço do coronavírus no mundo

Ibovespa: depois de cair 7% na quarta, principal índice da B3 amplia queda (Juan Mabromata/Getty Images)

Ibovespa: depois de cair 7% na quarta, principal índice da B3 amplia queda (Juan Mabromata/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 27 de fevereiro de 2020 às 10h26.

Última atualização em 27 de fevereiro de 2020 às 16h23.

São Paulo - Com a manutenção dos temores sobre o avanço dos casos de coronavírus fora da China, o Ibovespa voltou a abrir em queda nesta quinta-feira (27), ampliando a forte desvalorização iniciada na quarta-feira (26). Às 16h21, o principal índice da B3 caia 0,79 % e ficava em 104.884,50 pontos.

A queda reflete o mau humor dos investidores do mundo inteiro. Preocupados com a chance de o coronavírus se tornar uma pandemia global, o mercado começa a migrar para ativos defensivos. No radar dos investidores, está um caso de infecção reportado nos Estados Unidos que indica que o vírus está sendo transmitido entre americanos. “Isso ligou um alerta nos EUA de novo e nós vamos para mais um dia de quedas fortes”, afirmou Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset.

Ontem, na volta do feriado de carnaval, o Ibovespa caiu 7% e registrou a maior perda desde o Joesley Day, em maio de 2017. “A queda da Bolsa nos últimos dois dias está acompanhando os mercados externos. Existe uma desconfiança em relação a velocidade de transmissão”, disse Jason Vieira economista-chefe da Infinity Asset. “ O mundo está com medo do coronavírus.”

Na Bolsa, ações da Vale e da Petrobras recuavam cerca de 2% e puxavam a queda do Ibovespa. "Elas sofrem diretamente com a China e com o preço das commodities", disse Bruno Madruga, responsável pela área de renda variável da Monte Bravo.

Com perspectivas de que o coronavírus comprometa o consumo de energia no mundo, o barril de petróleo brent acumula perdas de mais de 13% na semana. Já os papéis da Ambev lideravam as baixas do índice, caindo 9%, após a empresa divulgar o balanço do quarto trimestre de 2019.

A aversão a risco tem tido reflexos, principalmente, nos títulos americanos - considerados os mais seguros do mundo. Nesta quinta, os treasuries pré-fixados de 10 anos (inversamente proporcionais à demanda) renovaram a mínima histórica e se encaminham para o sétimo pregão consecutivo de queda. “O cara vende a Bolsa e manda o dinheiro para os Estados Unidos para comprar títulos de renda fixa”, disse Spyer.

O pessimismo sobre a economia global também está recaindo sobre as bolsas estrangeiras. Nos Estados Unidos, o S&P500 recuava 2,61% enquanto o Nasdaq Composite, 2,8% . Com exceção da bolsa da China, que encerrou em leve alta, os mercados asiáticos fecharam no vermelho, com destaque para o índice japonês Nikkei 225, que recuou 2,77%. Na Europa, o índice Stoxx 50 fechou em queda de 3,75%.

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