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Havaianas em baixa: o que o desastroso resultado da Alpargatas diz sobre o varejo brasileiro?

Queda do volume de vendas de chinelos é um mau sinal para o setor, dizem analistas

Loja da Havaianas: vendas de pares caíram no 4º trimestre (Leandro Fonseca/Exame)
GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 10 de fevereiro de 2023 às 18h12.

Última atualização em 11 de fevereiro de 2023 às 14h11.

Queda de vendas, de margem e resultado negativo. O balanço do quarto trimestre da Alpargatas (ALPA4), dona da Havaianas , mostrou uma fase desalentadora não só da empresa, mas de todo o varejo brasileiro. As ações da companhia encerraram o pregão desta sexta-feira, 10, em queda de 18,64%, a maior desde o caótico março de 2020. Na véspera, as ações da Alpargatas já haviam caído 5,38%, com dados mais fracos do setor e a renúncia de seu vice-presidente de Finanças.

O prejuízo líquido da Alpargatas foi de R$ 21 milhões no período, sendo R$ 17,1 milhões de sua fatia na Rothy's. Mas a empresa americana, que representa nem 5% da receita da Havaianas no exterior, foi apenas a gota d'água. A maior preocupação do mercado foi com a principal operação e com o que ela representa para todo o setor: a venda de chinelos.

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As vendas de pares de Havainas no Brasil desabaram 12% no quarto trimestre. O mercado brasileiro, vale ressaltar, representa 92% das vendas de pares de Havaianas. Segundo a Alpargatas, o tombo foi puxado pelas vendas em supermercados.

Varejo "sem perspectiva"

Flavio Conde, analista da Levante, avalia que os números mais fracos da companhia refletem o mau momento de todo o setor. "E olha que é um produto de ticket [preço] médio baixo. O volume de vendas menor surpreendeu negativamente, gerando crescimento de estoques da companhia."

A preocupação foi ainda maior, disse, já que os resultados da Alpargatas costumam ser mais fortes justamente no quarto trimestre. "Vende-se muitas Havaianas nesse período devido ao verão e aos presentes de Ano Novo", afirmou.

Danielle Lopes, analista de ações da Nord Research, classificou como de "pânico" a reação do mercado ao resultado. "O mercado já está precificando que o varejo, que já está bastante deteriorado, vai continuar sofrendo. Não há perspectivas para melhorar", disse.

As vendas no pregão desta sexta foram puxadas por investidores estrangeiros, segundo Rafael Bombini, assessor da Dom Investimentos. "Eles venderam bastante desde a abertura, com [investidores por meio do] Goldman Sachs liderando as vendas."

Em meio às decepções sobre o resultado, as ações da Alpargatas acumulam mais de 60% de queda no período de 12 meses. Desde agosto de 2021, quando o papel chegou a ser negociado a R$ 61, a queda é superior a 80%.

Para Conde, faltam motivos para a ação, hoje a R$ 9,58, revisitar a casa dos R$ 60. Mas as quedas recentes, avaliou, podem ter sido exageradas. "Vou começar a olhar com mais carinho para o papel, mas ainda tenho recomendação neutra."

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