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Gol dispara no mercado de dívida com compra de fatia pela Delta

Investidores estão apostando que a parceria entre a Gol e a Delta vai ajudar a aérea sediada em São Paulo a concorrer com a TAM

Os títulos da Gol pagam 754 pontos-base a mais do que a dívida do governo brasileiro com vencimento em 2020 (Divulgação/EXAME)
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Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2011 às 06h17.

Nova York/São Paulo - O custo de captação da Gol Linhas Aéreas Inteligentes SA está caindo para perto da mínima em três meses com especulações de que a compra de uma participação minoritária na empresa pela Delta Air Lines Inc. vai ajudar a melhorar os resultados da companhia brasileira.

O rendimento dos títulos em dólar da Gol com vencimento em 2020 despencou ontem 25 pontos-base, para 10,8 por cento, o menor nível desde 13 de setembro, segundo dados compilados pela Bloomberg. A queda veio depois que a Delta concordou em pagar US$ 100 milhões por uma fatia na segunda maior companhia aérea brasileira por valor de mercado. A taxa da dívida de companhias aéreas estrangeiras, como Air Canada e United Continental Holdings Inc. subiu em média 1 ponto-base ontem, para 10,33 por cento, segundo dados do Bank of America Corp.

Investidores estão apostando que a parceria entre a Gol e a Delta, segunda maior empresa aérea do mundo, vai ajudar a aérea sediada em São Paulo a concorrer com a Tam SA, que está a caminho de se fundir com a chilena Lan Airlines SA. O acordo vai permitir que a Gol ganhe uma nova base de clientes de viagens intercontinentais, enquanto o número de assentos vazios hoje tem levado as empresas a reduzirem as tarifas, disse Roger King, analista na CreditSights Inc.

“É sempre um desafio encher suas aeronaves de passageiros”, disse King, em entrevista por telefone de Nova York. “Isso vai ajudá-los a ter uma nova fonte de passageiros. É um mercado ao qual eles ainda não se dirigiram.”

Os títulos da Gol pagam 754 pontos-base a mais do que a dívida do governo brasileiro com vencimento em 2020, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O rendimento dos papéis da Gol caiu 238 pontos-base desde o recorde de 13,18 por cento alcançado em 4 de outubro.

Aumento de capital

A taxa dos títulos em dólar da Tam com vencimento em 2020 recuou oito pontos-base ontem para 8,4 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg. Em 13 de agosto de 2010, a chilena Lan, maior empresa aérea da América Latina em valor de mercado, concordou comprar a Tam em uma transação envolvendo ações.

A Delta vai comprar recibos de ação negociados no mercado americano lastreados por ações preferenciais da Gol, disse a empresa brasileira em comunicado enviado ontem ao mercado. A Gol vai aumentar o capital em R$ 280 milhões com a emissão de ações preferenciais por R$ 22 cada, 47 por cento acima da cotação no encerramento do pregão em 6 de dezembro.


As companhias vão compartilhar reservas, permitindo que aceitem passageiros nos voos uma da outra. Os passageiros também poderão acumular e resgatar milhas em programas das duas.

“Os bancos entendem que nossa liquidez está intacta e ainda melhor agora com este acordo”, disse o presidente da Gol, Constantino Oliveira Jr., em entrevista ontem em São Paulo. “E nossos planos, nosso propósito, nosso conceito de empresa de baixo custo e baixas tarifas está preservado.”

‘Sinal positivo’

A Gol divulgou prejuízo de R$ 517 milhões no terceiro trimestre, depois que a desvalorização do real aumentou o custo do serviço da dívida. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização diminuiu para R$ 124 milhões, contra R$ 381 milhões um ano antes.

Em novembro, a taxa de ocupação caiu para 65,2 por cento, em relação a 70,3 por cento um ano antes, enquanto o preço médio pago por passageiro por quilômetro voado, o chamado yield, aumentou 7 por cento.

“O fato de um parceiro estratégico estar disposto a colocar essa quantia de dinheiro é um sinal positivo”, disse Bevan Rosenbloom, estrategista de crédito do Citigroup Inc., em entrevista por telefone de Nova York. “O fato de uma empresa como a Delta pensar que este é o lugar certo para estar agora é bom sinal. O acordo oferece a eles algum acesso a receitas do exterior. Eles estavam sendo espremidos no mercado doméstico e não tinham acesso de longa distância para mitigar isso.”

José Vertiz, analista da Fitch Ratings em Nova York, disse que o acordo com a Delta não vai afetar a nota de crédito da Gol porque a quantia envolvida é pequena. A companhia tem nota BB-, três níveis abaixo do grau de investimento.

A Gol vai “poder oferecer a sua base de clientes melhor acesso ao mercado norte-americano”, disse Vertiz em entrevista por telefone. “Do ponto de vista do crédito, é neutro. Com a liquidez da Gol, aquela quantia não faz diferença.”

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Nova York/São Paulo - O custo de captação da Gol Linhas Aéreas Inteligentes SA está caindo para perto da mínima em três meses com especulações de que a compra de uma participação minoritária na empresa pela Delta Air Lines Inc. vai ajudar a melhorar os resultados da companhia brasileira.

O rendimento dos títulos em dólar da Gol com vencimento em 2020 despencou ontem 25 pontos-base, para 10,8 por cento, o menor nível desde 13 de setembro, segundo dados compilados pela Bloomberg. A queda veio depois que a Delta concordou em pagar US$ 100 milhões por uma fatia na segunda maior companhia aérea brasileira por valor de mercado. A taxa da dívida de companhias aéreas estrangeiras, como Air Canada e United Continental Holdings Inc. subiu em média 1 ponto-base ontem, para 10,33 por cento, segundo dados do Bank of America Corp.

Investidores estão apostando que a parceria entre a Gol e a Delta, segunda maior empresa aérea do mundo, vai ajudar a aérea sediada em São Paulo a concorrer com a Tam SA, que está a caminho de se fundir com a chilena Lan Airlines SA. O acordo vai permitir que a Gol ganhe uma nova base de clientes de viagens intercontinentais, enquanto o número de assentos vazios hoje tem levado as empresas a reduzirem as tarifas, disse Roger King, analista na CreditSights Inc.

“É sempre um desafio encher suas aeronaves de passageiros”, disse King, em entrevista por telefone de Nova York. “Isso vai ajudá-los a ter uma nova fonte de passageiros. É um mercado ao qual eles ainda não se dirigiram.”

Os títulos da Gol pagam 754 pontos-base a mais do que a dívida do governo brasileiro com vencimento em 2020, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O rendimento dos papéis da Gol caiu 238 pontos-base desde o recorde de 13,18 por cento alcançado em 4 de outubro.

Aumento de capital

A taxa dos títulos em dólar da Tam com vencimento em 2020 recuou oito pontos-base ontem para 8,4 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg. Em 13 de agosto de 2010, a chilena Lan, maior empresa aérea da América Latina em valor de mercado, concordou comprar a Tam em uma transação envolvendo ações.

A Delta vai comprar recibos de ação negociados no mercado americano lastreados por ações preferenciais da Gol, disse a empresa brasileira em comunicado enviado ontem ao mercado. A Gol vai aumentar o capital em R$ 280 milhões com a emissão de ações preferenciais por R$ 22 cada, 47 por cento acima da cotação no encerramento do pregão em 6 de dezembro.


As companhias vão compartilhar reservas, permitindo que aceitem passageiros nos voos uma da outra. Os passageiros também poderão acumular e resgatar milhas em programas das duas.

“Os bancos entendem que nossa liquidez está intacta e ainda melhor agora com este acordo”, disse o presidente da Gol, Constantino Oliveira Jr., em entrevista ontem em São Paulo. “E nossos planos, nosso propósito, nosso conceito de empresa de baixo custo e baixas tarifas está preservado.”

‘Sinal positivo’

A Gol divulgou prejuízo de R$ 517 milhões no terceiro trimestre, depois que a desvalorização do real aumentou o custo do serviço da dívida. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização diminuiu para R$ 124 milhões, contra R$ 381 milhões um ano antes.

Em novembro, a taxa de ocupação caiu para 65,2 por cento, em relação a 70,3 por cento um ano antes, enquanto o preço médio pago por passageiro por quilômetro voado, o chamado yield, aumentou 7 por cento.

“O fato de um parceiro estratégico estar disposto a colocar essa quantia de dinheiro é um sinal positivo”, disse Bevan Rosenbloom, estrategista de crédito do Citigroup Inc., em entrevista por telefone de Nova York. “O fato de uma empresa como a Delta pensar que este é o lugar certo para estar agora é bom sinal. O acordo oferece a eles algum acesso a receitas do exterior. Eles estavam sendo espremidos no mercado doméstico e não tinham acesso de longa distância para mitigar isso.”

José Vertiz, analista da Fitch Ratings em Nova York, disse que o acordo com a Delta não vai afetar a nota de crédito da Gol porque a quantia envolvida é pequena. A companhia tem nota BB-, três níveis abaixo do grau de investimento.

A Gol vai “poder oferecer a sua base de clientes melhor acesso ao mercado norte-americano”, disse Vertiz em entrevista por telefone. “Do ponto de vista do crédito, é neutro. Com a liquidez da Gol, aquela quantia não faz diferença.”

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