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Ganho do real mostra que IOF prendeu dinheiro japonês no Brasil

Famílias japonesas estão deixando aplicações em títulos do Brasil intocadas

Bolsa de Tóquio: total de ativos brasileiros nas mãos dos japoneses cresceu 6 vezes (Kiyoshi Ota/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 17 de março de 2011 às 08h48.

Nova York - O Imposto sobre Operações Financeiras, que foi triplicado no ano passado para afastar o capital estrangeiro, pode estar desencorajando investidores japoneses de tirar dinheiro do Brasil após o terremoto da semana passada, de acordo com negócios no mercado de câmbio.

O Brasil é o quarto maior mercado externo para investidores individuais japoneses, logo atrás da Austrália. O real acumula um ganho de 3,1 por cento em relação ao dólar australiano esta semana, atingido o maior patamar em três meses. As famílias japonesas estão deixando intocadas suas aplicações em títulos da dívida brasileira, enquanto procuram outros mercados de onde retirar capital e financiar a reconstrução das áreas devastadas pelo terremoto, disse Kevin Daly, que ajuda a administrar cerca de US$ 6 bilhões em dívida de emergentes na Aberdeen Asset Management Plc.

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Os investidores hesitam em retirar dinheiro do Brasil porque querem evitar o pagamento da alíquota de 6 por cento do IOF se decidirem trazer o capital de volta para o País, de acordo com o Bank of America Corp. O banco afirmou num relatório de 15 de março que o imposto está preservando o valor do real esta semana, o oposto do que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pretendia quando elevou o imposto em outubro. Esta semana, o real se valorizou em relação a quatro das cinco moedas mais negociadas de nações emergentes, com queda apenas na comparação com o dólar de Taiwan.

“Um fator a ser considerado é que, se eles retirarem o dinheiro do País, vai ser bem caro entrar de novo”, disse Daly, numa entrevista por telefone de Londres. “Não vimos nenhum sinal evidente de saída de investidores japoneses do Brasil.”

Diferença de rendimento

O rendimento das Notas do Tesouro Nacional-Série F com vencimento em 10 anos ficou em 12,74 por cento ontem, ou 11,39 pontos percentuais acima de títulos japoneses com prazo similar, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Os títulos de dívida de países emergentes rendem em média 6,6 por cento, segundo o JPMorgan Chase & Co.


O total de ativos brasileiros em mãos de investidores japoneses cresceu quase seis vezes, de 5,4 bilhões de ienes em 2005 para 2,8 trilhões de ienes (US$ 35,6 bilhões), fazendo do Brasil o quarto maior mercado estrangeiro para a nação asiática, atrás de Estados Unidos, Europa e Austrália, de acordo com a Investment Trust Association.

Mantega aumentou a alíquota do IOF duas vezes em outubro para conter a entrada de capital que levou à valorização de 38 por cento do real num período de dois anos. Juros próximos de zero no Japão, Europa e EUA estimularam a demanda por ativos de renda fixa do Brasil, que tem a segunda maior taxa de juro do mundo ajustada pela inflação, atrás da Croácia, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Desestímulo

“O IOF de 6 por cento sobre novas entradas ironicamente cria um importante desestímulo para reversões temporárias, já que uma reversão eventual dessas repatriações só ocorreria a uma taxa substancialmente menor”, escreveram Virgílio Castro Cunha e David Beker, do Bank of America Corp., em 15 de março. “Os investidores japoneses provavelmente vão se voltar para outros investimentos antes de tirar dinheiro do Brasil.”

Mantega disse a jornalistas em Brasília, em 15 de março, que está monitorando o mercado, para avaliar possíveis medidas cambiais. A principal consequência do terremoto no Japão para o Brasil é a volatilidade do mercado, disse ele.

O Ministério da Fazenda se negou a fazer comentários em um comunicado distribuído por e-mail.

Especulações de que os japoneses vão repatriar fundos estão crescendo após o terremoto de 11 de março e o tsunami que veio em seguida terem causado o fechamento de fábricas da Sony Corp. e da Toyota Motor Corp. e obrigado mais de 350.000 pessoas a buscar abrigos de emergência. Seguradoras e resseguradoras podem receber 2,8 trilhões de ienes (US$ 34 bilhões) em pedidos de indenizações por causa do terremoto de 9 graus na escala Richter, sem contar os danos do tsunami, segundo estimativas iniciais da empresa de modelagem de catástrofes AIR Worldwide.

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