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Fundo supera 95% da concorrência ignorando análises e líderes

Para o gestor, ler análises elaboradas por corretoras e fazer reuniões com presidentes de empresas é perda de tempo

General Motors: ainda está muito subvalorizada, disse gestor (Steve Fecht/General Motors/Divulgação via Reuters/Reuters)

General Motors: ainda está muito subvalorizada, disse gestor (Steve Fecht/General Motors/Divulgação via Reuters/Reuters)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 3 de janeiro de 2018 às 18h22.

São Paulo -  Segundo um gestor de fundos, ler análises elaboradas por corretoras e fazer reuniões com presidentes de empresas é perda de tempo.

Para Kurt Kara, responsável por ações de valor na Maj Invest, em Copenhagen, nenhuma dessas atividades costuma render informações úteis para superar o desempenho do mercado.

“A melhor pesquisa é gerada internamente”, disse Kara. “Queremos criar mentalidade, lógica e raciocínio próprios.”

Para o fundo Maj Invest Value Aktier, essa filosofia gerou retorno anual médio de 16% nos últimos cinco anos, superior a 95% de seus pares, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Kara e os colegas de equipe Ulrik Jensen e Rasmus Quist Pedersen seguem três etapas no processo de investimento. A primeira é um sistema de pontuação com 20.000 linhas de código que o próprio Kara programou. O sistema avalia de 6.000 a 7.000 ações no mundo inteiro em cerca de 150 métricas baseadas em fundamentos e múltiplos.

As ações que se sobressaem são então filtradas em termos da probabilidade de fraude contábil, taxa interna de retorno e eficiência da liderança. A última etapa é a decisão de investir.

“Combinamos nosso conhecimento com o conhecimento da máquina”, explicou Kara, que supervisiona US$ 5,5 bilhões. “É uma abordagem melhor do que filtrar ações e comprar barato porque somos investidores voltados para valor.”

O fundo, iniciado em 2005, detém de 25 a 35 ações para obter diversificação suficiente, segundo Kara, que antes trabalhava no Danske Bank. As maiores posições são em MTU Aero Engines, Taiwan Semiconductor Manufacturing e, mais recentemente, General Motors.

“A General Motors ainda está muito subvalorizada e é a antítese da Tesla”, ele disse. “E tem uma mulher na presidência, o que é bastante raro. Como homens brancos têm representação desproporcional no comando e nos conselhos, se uma mulher consegue chegar à presidência, é porque deve estar fazendo um ótimo trabalho."

Com as chamadas companhias de tecnologia disruptiva atraindo rios de dinheiro, Kara enxerga oportunidade nas ações “odiadas”, consideradas “empoeiradas”, como operadoras de ferrovias e corretoras de commodities. O fundo não detém ações da Apple, Alphabet, Facebook ou Amazon.com por causa do preço exagerado desses papéis.

“O maior risco agora envolve ações disruptivas”, ele disse. “As pessoas enfatizaram o preço dessas ações e da Bitcoin também. A Bitcoin não é um fenômeno isolado. Está acontecendo ao mesmo tempo em que a disparada dos preços das ações de empresas de tecnologia disruptiva."

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