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Fitch rebaixa ratings da LLX e da Eletropaulo

Rebaixamento reflete incerteza sobre a capacidade dos patrocinadores da LLX de suporte financeiro. No caso da Eletropaulo, enfraquecimento do perfil de crédito


	Obras da LLX no Porto de Açu: viabilidade “depende, a curto prazo, de aportes de capital dos acionistas da LLX Logística e da Centennial" (Divulgação/LLX)

Obras da LLX no Porto de Açu: viabilidade “depende, a curto prazo, de aportes de capital dos acionistas da LLX Logística e da Centennial" (Divulgação/LLX)

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Da Redação

Publicado em 1 de julho de 2013 às 11h09.

São Paulo - A Fitch Ratings rebaixou as notas de risco da Eletropaulo e da LLX colocou ambas em perspectiva negativa. No caso da LLX, a Fitch rebaixou para B-(bra) o rating da primeira emissão de debêntures da LLX Açu Operações Portuárias, no valor de R$ 750 milhões. O rating anterior era BBB+(bra). Além disso, o rating foi colocado em observação negativa.

Segundo comunicado da agência, o rebaixamento reflete a incerteza sobre a capacidade dos patrocinadores do projeto, LLX Logística e Centennial Asset Participações, ambas pertencentes ao Grupo EBX, de Eike Batista, de prestar suporte financeiro ao empreendimento.

Segundo a Fitch, a viabilidade financeira do projeto “depende, a curto prazo, de aportes de capital dos acionistas da LLX Logística e da Centennial. A agência acredita que o projeto mantém fortes vínculos com todas as companhias do Grupo EBX e com seu acionista principal, Eike Batista, “que ratificou seu compromisso forma de suporte ao projeto”.

Mas a Fitch observa que a LLX anunciou recentemente que contratou consultores financeiros para avaliar possíveis oportunidades de negócios envolvendo ativos da companhia e seus títulos. “Se a empresa não conseguir fortalecer sua posição de liquidez nos próximos três meses, o rating poderá ser novamente rebaixado”, alerta a agência.

A Fitch lembra que o risco da LLX depende da nota de crédito dos controladores, e que a sua co-irmã, a OGX, foi recentemente rebaixada, para CCC, o que pressupõe a possibilidade real de inadimplência. Além disso, a agência observa que a procura por parceiros estratégicos em algumas empresas do grupo EBX “é uma indicação clara do enfraquecimento de seu perfil de crédito”. A situação da OGX, ativo mais importante do grupo, traz incertezas sobre a continuidade do suporte financeiro dos patrocinadores.

A agência observa também que a LLX Açu ainda não conseguiu converter os empréstimos-ponte de curto prazo em financiamento de prazo mais longo e custo mais baixo junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), “expondo o projeto a um maior risco de refinanciamento”.
Todo o saldo devedor das obrigações do emissor, excetuando as debêntures, é composto por passivos de curto prazo com vencimento, no máximo, até fevereiro de 2014. O emissor negocia atualmente com o BNDES a conversão de linhas de crédito de curto prazo em longo prazo.


Há ainda risco para as receitas do projeto, já que, segundo a Fitch, há demora do emissor em assinar contratos de leasing com os arrendatários do porto. “Além disso, o aumento modesto do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil e a redução da demanda da China por exportações de aço, escória e carvão podem ter impacto negativo nas futuras receitas comerciais dos portos brasileiros.”

As limitações à liquidez e o aumento das despesas com os investimentos no porto podem resultar em atrasos no projeto do LLX Açu, “interrompendo sua construção no futuro e levando ao adiamento da receita operacional proveniente do tráfego de carga”, observa a Fitch.

Eletropaulo também é rebaixada

No caso da Eletropaulo a Fitch rebaixou os IDRs (Issuer Default Ratings – Ratings de Probabilidade de Inadimplência do Emissor) de Longo Prazo em Moeda Estrangeira e em Moeda Local da Eletropaulo para ‘BB+’ (BB mais), de ‘BBB-’ (BBB menos). O Rating Nacional de Longo Prazo ‘AA(bra)’ foi confirmado, mas a perspectiva de todos os ratings foi revisada para Negativa.

O rebaixamento dos ratings reflete, segundo comunicado da Fitch, o enfraquecimento do perfil de crédito da Eletropaulo, que se deve à significativa redução de seu fluxo de caixa das operações. A redução resulta da última revisão de tarifas e do aumento dos custos de energia.

As tarifas da Eletropaulo foram reduzidas em 9,33%, em média, ao fim da terceira revisão tarifária, em 2012, o que diminuiu significativamente sua capacidade de geração de fluxo de caixa. A elevação dos custos da energia, resultante da menor disponibilidade hidrológica e maior despacho termelétrico no país, afeta negativamente a geração de fluxo de caixa.

“Embora a maior parte destes custos esteja sendo compensada por um fundo setorial em bases mensais, a parcela remanescente será repassada aos usuários finais somente por meio do aumento anual das tarifas, o que aumenta as necessidades de capital de giro”, alerta a Fitch. Os indicadores de crédito da Eletropaulo no primeiro trimestre de 2013 também foram impactados pelo reconhecimento de R$ 2,8 bilhões adicionais de passivos previdenciários em função de nova regulamentação da Comissão de Valores Mobililários (CVM).

A Perspectiva Negativa reflete, segundo a Fitch, ”a possibilidade de novas pressões sobre a geração de fluxo de caixa em função da obrigação de a companhia devolver recursos aos usuários finais e da potencial revisão negativa das tarifas em 2015″.

O fluxo de caixa das operações da Eletropaulo será impactado negativamente nos próximos dois anos, quando a companhia começar a devolver aos consumidores finais cerca de R$ 1,1 bilhão cobrados a mais de julho de 2011 a junho de 2012. O impacto deve ser parcialmente atenuado pelos custos não-gerenciáveis a serem compensados na tarifa, que totalizavam R$ 422 milhões no final do primeiro trimestre de 2013.

A quarta revisão de tarifas da Eletropaulo, programada para julho de 2015, também poderá pressionar a capacidade de pagamento da companhia.

A Fitch acredita que a alavancagem financeira da Eletropaulo será substancialmente mais alta que os patamares conservadores reportados antes da revisão tarifária de 2012.

No período de doze meses encerrado em 31 de março de 2013, a companhia reportou índices de crédito fracos para os atuais ratings: a relação dívida total/geração de caixa livre (EBITDA) era de 14,8 vezes e a de dívida líquida/EBITDA, de 12,8 vezes. A dívida total inclui os passivos do fundo de pensão. Estes índices de alavancagem estão significativamente acima dos respectivos 6,1 vezes e 4,8 vezes registrados em 2012 e 1,8 vez e 1,1 vez em 2011.

A deterioração dos índices de crédito, devido a novas regras contábeis e a uma geração de caixa mais pressionada, já levou a Eletropaulo a renegociar duas vezes os covenants (condicionantes) financeiros de suas dívidas nos últimos 12 meses.

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