Fitch: caso Americanas aumentou aversão a risco, mas impacto no crédito às empresas será temporário
Companhias brasileiras têm US$ 65 bilhões em dívidas com vencimento nos próximos dois anos
Repórter Exame IN
Publicado em 14 de fevereiro de 2023 às 11h43.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2023 às 11h53.
O sentimento de aversão a risco aumentou com o caso Americanas (AMER3), mas as empresas enfrentam riscos de refinanciamento administráveis, garante a agência de classificação de riscos Fitch Ratings. Pelos cálculos da Fitch, ascompanhias têm US$ 65 bilhões em dívidas com vencimento nos próximos dois anos.
“Após o pedido de recuperação judicial da Americanas, os mercados de dívida locais se mostraram mais avessos ao risco, suspendendo diversas emissões e sinalizando uma potencial remarcação de novos custos de captação. A Fitch Ratings acredita que a baixa demanda por dívida privada deve ser temporária, e um enfraquecimento prolongado na liquidez disponível das empresas não foi incorporado aos cenários de rating”, argumenta Renato Donatti, diretor de finanças corporativas da Fitch, em relatório.
De acordo com ele, oproblema está no prolongamento dessa sensação de temor no mercado. Se este comportamento continuar, os riscos de refinanciamento aumentarão significativamente e haverá implicações de crédito negativas para diversos emissores classificados, sobretudo os que apresentam maiores necessidades de refinanciamento em 2023 e 2024.
A liquidez nos bancos nacionais e nos mercados de capitais permaneceu forte de 2021 até o começo deste ano, com os mercados de crédito registrando forte demanda por emissões de longo prazo e de tíquete elevado. As emissões de debêntures anuais totalizaram R$ 260 bilhões, em média, em 2021 e 2022, superando a média de R$ 137 bilhões reportada entre 2017 e 2020.