Fintech que aproxima a Faria Lima do agro, TerraMagna quer chegar a R$ 2 bi em crédito em 2024
Empresa vai expandir carteira em R$ 500 milhões neste ano; 'trunfo' na manga é inadimplência zerada
Repórter Exame IN
Publicado em 28 de março de 2024 às 18h28.
Última atualização em 28 de março de 2024 às 20h14.
A TerraMagna, uma das principais fintechs ligadas ao agronegócio, mantém sua trajetória de crescimento mesmo em um mercado receoso com a concessão de crédito para o agro. A empresa fechou 2023 com R$ 1,5 bilhão em crédito concedido a distribuidores de insumos — aumento de 30% em relação a 2022 — e quer levar essa cifra para R$ 2 bilhões em 2024. Hoje, a empresa tem um dos maiores Fiagro FIDC do mercado, com patrimônio líquido de R$ 625 milhões.
O volume de crédito concedido não é exatamente igual ao tamanho da carteira de crédito da fintech, porque há operações com giro inferior a 12 meses. Em 2023, a carteira de crédito total da TerraMagna era de R$ 1 bilhão e, neste ano, deve crescer aproximadamente R$ 500 milhões. Sem perder de vista a rentabilidade.Só no primeiro trimestre deste ano, a fintech atingiu margem líquida de 10% e pode chegar a 15% até o fim do ano.
Com a expectativa de expansão da carteira, a empresa também espera, consequentemente, aumentar a própria geração de receita. O foco está em chegar a R$ 150 milhões (ante R$ 110 milhões em 2023, cifra mais do que três vezes maior do que a de 2022).
Os planos de crescimento em meio a um mercado de mau humor com o agro vêm de dois trunfos obtidos pela empresa ao longo do tempo. Fundada em 2017, a TerraMagna apresenta inadimplência acima de 90 dias zerada e zero de perdas.
"Com a experiência, conseguimos montar uma estrutura que consegue suportar as variações de ciclo do setor. Investidores que já acompanham o segmento mais de perto veem o momento atual como uma oportunidade de double down ", diz Bernardo Fabiani, CEO e cofundador da TerraMagna.
Para chegar a esse patamar de 'bons clientes' na carteira, a empresa conta com um modelo diferenciado em relação ao sistema tradicional de crédito. Hoje, a análise da fintech reúnefatores climáticos e ligados à atividade agrícola de modo geral junto com os indicadores financeiros. A fintech interpreta desde dados de satélite sobre a produção rural até o fluxo de vendas de produtores e riscos ambientais.
Toda essa inteligência é aplicada a um público específico, o de distribuidores de insumos. São estabelecimentos que, na prática, funcionam como uma 'one stop shop' para produtores, que contratam, nesses locais, desde as compras habituais até mesmo soluções de seguros para cargas, por exemplo.
A ideia de ir direto a eles — e não aos produtores — passa por um racional de custo e de hábito. São cerca de 600 distribuidores em todo o país, ante 5 milhões de produtores. "Além do custo de aquisição de cliente, você encontra várias porteiras no Mato Grosso que dizem 'a entrada de cachorros e de vendedores é proibida'", diz Fabiani.
No caminho para crescer dentro de um mercado já conhecido, a empresa prevê trabalhar cada vez mais com fundos exclusivos. Recentemente, lançou o Fiagro Exclusivo Andav, para apoiar as necessidades de capital de giro dos associados.