Exportadoras e dólar são refúgio de investidor com debandada em Brasília
Vale e companhias de papel e celulose lideram altas da bolsa, enquanto investidores vendem ações ligadas à economia doméstica
Guilherme Guilherme
Publicado em 22 de outubro de 2021 às 12h07.
O Ibovespa despenca quase 4% nesta sexta-feira, 22, após sinalizações de descontrole fiscal terem levado à saída de quatro secretários do Ministério da Economia. Agora, o medo é de que o próprio ministro Paulo Guedes saia do cargo, após mais uma derrota contra a ala dos "fura-teto", com a aprovação pela comissão especial da Câmara de mudanças nas regras do teto de gastos como parte da PEC dos Precatórios.
Em meio à grande turbulência no mercado, investidores buscam por proteção em ativos descorrelacionados à economia brasileira, enquanto se desfazem de ações de empresas dependentes da atividade local, como varejistas e de shoppings centers. Nesta sexta, o dólar, com correlação negativa, dispara 1,04%, a 5,727 reais.
Entre as mais de 80 ações que compõem o Ibovespa, somente quatro são negociadas em alta: Suzano (SUZB3), Klabin (KLBN11), Vale (VALE3) e Bradespar (BRAP4). Em comum, Suzano, Klabin e Vale têm grande parte da receita vinda do exterior, portanto em dólar. Já a Bradespar, holding do Bradesco, tem participação relevante na Vale, sendo uma das alternativas de investimento na mineradora. Com a fuga de Brasil, as ações da Suzano disparam mais 8% e as da Klabin quase 5%. Vale e Bradespar avançam pouco mais de 1%.
Na ponta negativa, grande parte das empresas relacionadas à economia doméstica chegam a registrar perdas de mais de 8%. O índice Small Caps, com menor peso das exportadoras, cai mais de 5,5%.