EXAME Research: em ascensão, fundos quanti ganham com a irracionalidade
Com estratégias baseadas em algoritmos, abordagem ganhou destaque no auge da recente crise do mercado financeiro
Da Redação
Publicado em 14 de setembro de 2020 às 16h22.
Última atualização em 14 de setembro de 2020 às 17h50.
A tecnologia ganhou ainda mais relevância diante das barreiras impostas pelo novo coronavírus. Durante a pandemia, ela também tem demonstrado sua importância no mercado financeiro. Com o objetivo de aproveitar os momentos de irracionalidade do mercado e deixar de fora a emoção humana, os fundos quantitativos, fundamentados em análises algorítmicas, ganharam destaque em meio à crise do mercado financeiro, iniciada no fim de fevereiro.
Em uma série de seis relatórios produzidos pela EXAME Research, a especialista em fundos de investimento Juliana Machado e oexecutivo-chefe de investimentos Renato Mimica desdobram como a tecnologia tem transformado o modo de investir e a aplicação de métodos quantitativos de alguns dos principais fundos de investimentos do país.
Embora sejam popularmente conhecidos como “fundos quanti”, como se todos pertencessem a uma única classe, eles atuam em diversos segmentos, como multimercado e ações, e usam diferentes estratégias.
Alguns, como o da gestora Garde, são híbridos, com parte do portfólio destinado à abordagem algorítmica e outra tradicional. Outros, como a Quantamental, fazem das ferramentas de programação seu principal gestor. Em todas elas, porém, a capacidade humana é fundamental. Afinal, sempre há uma equipe por trás dos algoritmos.
Um dos fundos analisados pela casa que faz uso de técnicas quantitativas é o Murano FIC Multimercado, que teve um salto de desempenho justamente em março, mês de maior instabilidade do mercado financeiro. Até o meio do ano, o fundo vinha de 20% de rentabilidade. Com a recuperação do mercado após o pico da crise, o desempenho do fundo caiu, mas segue com rentabilidade positiva.
Já os fundos da Darius e Zarathustra, da gestora Giant Step, que também buscam retornos em momentos de euforia e pânico no mercado, vêm apresentando resultados consistentes, na visão dos analistas. Apesar da alta volatilidade e do baixo desempenho do Ibovespa, que ainda acumula queda em 2020, tanto o Darius quanto o Zarathustra acumulam rentabilidade de mais de 8% no ano e volatilidade inferior a 15%.
Apesar da entrega de resultados dos fundos quanti, os analistas da EXAME Research ressaltam o preço que se paga para investir em fundos com essas metodologias. “Como as propostas são inéditas, considerando o estágio da indústria no Brasil, alguns produtos não saem exatamente baratos.”
O fundo Zarathustra, por exemplo, carro-chefe da Giant, tem um dos maiores custos da indústria, segundo os analistas, com taxa de performance de 27,5% sobre o CDI. “Em produtos como o Zarathustra, porém, vale sempre o escrutínio do investidor: o fundo vem entregando uma rentabilidade surpreendente neste ano, mas os custos também o são”, afirmam.