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EQI fica sem sistema e discussão técnica com XP vira acusação

Escritório catarinense, que administra R$ 9,5 bilhões, ficou sem sistema por mais de 15 horas

Mercado em alta: disputa por agentes autônomos se acirra com forte crescimento de investidores individuais (Caroline Purser / The Image Bank/Getty Images)
GV

Graziella Valenti

Publicado em 25 de julho de 2020 às 15h29.

Última atualização em 25 de julho de 2020 às 18h31.

Os agentes autônomos da EQI Investimentos ficaram até as 14 horas deste sábado, desde ontem à noite, sem conseguir acessar as informações de seus clientes na plataforma da XP Investimentos. O que parecia um problema técnico, contudo, se tornou uma grande novela. O escritório, da região do Balneário Camburiú, administra 9,5 bilhões de reais e estava no pelotão de elite dos quatro maiores ligados à plataforma. Há cerca de dez dias, a EQI anunciou que vai encerrar o contrato com a XP e iniciar uma parceria com o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da Exame). O acordo comercial exige que, em situações como essa, seja cumprido um prazo de 60 dias.

Consultada a respeito de informações que circulam no mercado desde ontem à noite, a EQI confirmou o problema com toda sua rede de profissionais, num total de 320 agentes autônomos espalhados por Santa Catarina e outras regiões do país. “Queremos seguir nosso trabalho e manter as regras do contrato, com o prazo de 60 dias”, afirmou Juliano Custódio, sócio e fundador da EQI. O problema estava localizado na intranet dos agentes com a XP. Custódio disse ter informado a XP sobre o problema, mas que não teve resposta.

Já a XP, consultada sobre o assunto, afirmou em um primeiro momento que não havia nenhum problema específico com o escritório, mas que são comuns manutenções aos sábados e que podem produzir pequenas instabilidades.

Enquanto isso, a EXAME consultou a Monte Bravo, um dos maiores escritórios vinculados à XP Investimentos, sobre eventuais problemas e eles informaram que estão operando normalmente hoje, sem falhas de sistemas.

A XP disse então que, ao apurar melhor a questão para responder à imprensa, a área de tecnologia havia bloqueado a EQI por tentativa de cópia de dados de clientes. A EQI, assim como todos os escritórios de agentes autônomos, consegue ver os recursos investidos pelos seus clientes e a distribuição dos produtos. A XP enviou a seguinte nota: “A XP informa que bloqueou temporariamente o acesso da EQI após identificar a tentativa de violação ao sigilo de dados de clientes por meio de um robô (crawler). Após notificação extrajudicial o acesso foi liberado novamente.”

Portanto, a EQI recuperou o acesso ao sistema após receber a notificação da XP, que chegou junto com a liberação da rede aos agentes.

A EXAME voltou a consultar a EQI após a acusação da XP. Em nota, a EQI afirmou que "jamais houve quebra de confidencialidade com relação ao manuseio de informações de clientes e em sua relação com a XP e confirma nunca ter agido para que isso ocorresse, direta ou indiretamente — e refuta qualquer alegação ou insinuação neste sentido".

O mercado de agentes autônomos está em ebulição, com a forte expansão do interesse de pessoas físicas em diversificar investimentos em razão da redução na taxa básica de juros. Só na B3, há 500 mil novos CPFs registrados neste ano, o que elevou o total mais de 2 milhões de usuários.

Há rumores de que a XP estaria fazendo propostas aos profissionais da EQI com remuneração fora do preço de mercado. Consultado se percebeu esse tipo de movimento entre seus profissionais, Custódio confirmou, que alguns estão recebendo propostas elevadas. “Mas nós não queremos abrir concorrência antes do prazo”, disse. A XP não respondeu esse ponto.

Contratos entre plataformas e escritórios de agentes autônomos funcionam em sistema semelhante ao do aviso prévio das relações de trabalho. A XP poderia, se quisesse, abrir mão desse período, mediante remuneração à EQI. Contudo, ambos os lados informaram que pretendem manter o cumprimento desse período de transição.

O contrato entre o BTG e a EQI abriu uma nova fronteira de concorrência para a XP, pois além da parceria na plataforma, envolve a sociedade para que a EQI abra sua própria corretora de valores mobiliários. A Galápagos, de Carlos Fonseca, um ex-sócio BTG, será acionista no bloco de controle da EQI.

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