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Eletrobras planeja captação externa após meia-volta em agosto

Empresa quer aumentar captação de títulos em até US$ 2,5 bilhões para financiar a expansão de sua rede

A companhia pretende fazer a captação depois de encerrar hoje uma série de reuniões com investidores de títulos nos Estados Unidos e na Europa (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2011 às 05h15.

Nova York - A Centrais Elétricas Brasileiras SA, maior empresa de eletricidade de capital aberto da América Latina, está retomando uma captação internacional que não conseguiu completar em agosto, dentro do esforço de atender o aumento da demanda.

A Eletrobras pode captar até US$ 2,5 bilhões em títulos para financiar a expansão de sua rede após uma série de apagões desde 2009, disse a Standard & Poor’s. A taxa dos títulos em dólar com vencimento em 2019 emitidos pela estatal caiu 26 pontos-base, ou 0,26 ponto percentual, da máxima de cinco meses, para 4,84 por cento em 5 de outubro, segundo dados compilados pela Bloomberg. A taxa média da dívida de companhias prestadoras de serviços públicos na América Latina diminuiu 26 pontos-base no período para 6,87 por cento, segundo dados do Credit Suisse Group AG.

A companhia quer voltar aos mercados internacionais pela primeira vez desde julho de 2009, em meio à escassez nas emissões de emergentes no exterior, causada pela crise de dívida na Europa. Nenhuma companhia brasileira emitiu títulos em dólar no exterior desde 20 de julho, o period mais longo desde janeiro de 2009. O plano inicial de fazer a captação em agosto foi suspenso pela onda global de venda de ativos, disse Ruth Mazzoni, analista de dívida do Standard Bank.

“Eles estão vendendo bônus para financiar planos significativos de investimento nos próximos quatro anos”, disse Marcus Fernandes, analista da S&P, em entrevista por telefone de São Paulo. “A eficiência da rede tem sido questionada nos últimos dois ou três anos devido a algumas falhas no fornecimento de eletricidade.”

Empresas em países em desenvolvimento captaram US$ 2,6 bilhões em títulos em moeda estrangeira em setembro, contra US$ 43 bilhões em emissões de dívida local, segundo dados da Bloomberg. É a maior diferença desde 2008. Não houve nenhuma captação em moeda estrangeira no mês passado por empresas com nota de crédito abaixo do grau de investimento nas escalas da S&P, Moody’s Investors Service ou Fitch Ratings, mostram os dados da Bloomberg.

Os títulos da Eletrobras pagam 162 pontos-base a mais do que a dívida do governo com vencimento em 2019. A diferença estava em 176 pontos-base em 5 de outubro, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Reuniões com investidores

A companhia pretende fazer a captação depois de encerrar hoje uma série de reuniões com investidores de títulos nos Estados Unidos e na Europa, de acordo com uma pessoa a par das conversas, que pediu para não ser identificada por não ter permissão para falar publicamente. A Eletrobras contratou o Credit Suisse Group AG e o Banco Santander SA para coordenar a operação, segundo a pessoa.

A S&P anunciou em 17 de outubro que deu aos novos títulos da Eletrobras com vencimento em 2021 a classificação BBB-, a menor na escala de grau de investimento. A Moody’s deu a nota Baa2, a segunda menor na escala de grau de investimento, de acordo com uma nota também de 17 de outubro, destacando que “os recursos da emissão de títulos serão usados em sua maior parte para apoiar o plano de gastos de capital da Eletrobras.”

A assessorial de imprensa da Eletrobras não quis fazer comentários para esta reportagem.


Preço ‘certo’

Representantes da empresa discutiram planos de fazer a captação fora do País por mais de um ano. O diretor financeiro, Armando Casado, disse a repórteres em abril de 2010 que a companhia pretendia vender US$ 2 bilhões em dívida por ano em 2011 e 2012. O ex-presidente da Eletrobras, José Antonio Muniz Lopes, disse em entrevista em 15 de setembro que a Eletrobras poderia vender US$ 2 bilhões em títulos até o fim do ano passado.

Ruth Mazzoni, do Standard Bank, disse que a Eletrobras vai emitir os papéis se conseguir o preço “certo”.

“Eles vêm falando da venda de títulos há muito tempo, então claramente não estão desesperados”, disse Mazzoni em entrevista por telefone de Nova York. “Se o preço for certo, eles irão adiante.”

‘Preço justo’

Um “preço justo” numa colocação de títulos de 10 anos da Eletrobras seria uma taxa de cerca de 5,2 por cento, apesar de que o rendimento pode ficar maior para atrair investidores suficientes para uma captação de US$ 2,5 bilhões, disse Bevan Rosenbloom, estrategista de crédito do Citigroup Inc.

A Eletrobras pode voltar atrás na venda de títulos caso os mercados globais desabem, elevando as taxas, disse Rosenbloom. A companhia pode recorrer ao governo federal ou ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para conseguir o financiamento, disse ele.

“Quando se coloca uma emissão enorme como esta neste tipo de mercado, é preciso haver alguma concessão aos investidores”, disse Rosenbloom em entrevista por telefone de Nova York. “Eu não diria que este mercado está para os emissores.”

A Eletrobras tem planos de aumentar os investimentos em 30 por cento no ano que vem para R$ 13 bilhões, disse o presidente, José Costa Carvalho Neto, a jornalistas em 31 de agosto no Rio de janeiro.

A Eletrobras tem “muitos planos de gastos de capital”, disse Ruth Mazzoni. “É uma elétrica brasileira sólida, operando em um setor altamente estratégico. Há uma grande necessidade de investimento no Brasil e o governo está deixando claro que haverá muitos investimentos por meio da Eletrobras.”

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Nova York - A Centrais Elétricas Brasileiras SA, maior empresa de eletricidade de capital aberto da América Latina, está retomando uma captação internacional que não conseguiu completar em agosto, dentro do esforço de atender o aumento da demanda.

A Eletrobras pode captar até US$ 2,5 bilhões em títulos para financiar a expansão de sua rede após uma série de apagões desde 2009, disse a Standard & Poor’s. A taxa dos títulos em dólar com vencimento em 2019 emitidos pela estatal caiu 26 pontos-base, ou 0,26 ponto percentual, da máxima de cinco meses, para 4,84 por cento em 5 de outubro, segundo dados compilados pela Bloomberg. A taxa média da dívida de companhias prestadoras de serviços públicos na América Latina diminuiu 26 pontos-base no período para 6,87 por cento, segundo dados do Credit Suisse Group AG.

A companhia quer voltar aos mercados internacionais pela primeira vez desde julho de 2009, em meio à escassez nas emissões de emergentes no exterior, causada pela crise de dívida na Europa. Nenhuma companhia brasileira emitiu títulos em dólar no exterior desde 20 de julho, o period mais longo desde janeiro de 2009. O plano inicial de fazer a captação em agosto foi suspenso pela onda global de venda de ativos, disse Ruth Mazzoni, analista de dívida do Standard Bank.

“Eles estão vendendo bônus para financiar planos significativos de investimento nos próximos quatro anos”, disse Marcus Fernandes, analista da S&P, em entrevista por telefone de São Paulo. “A eficiência da rede tem sido questionada nos últimos dois ou três anos devido a algumas falhas no fornecimento de eletricidade.”

Empresas em países em desenvolvimento captaram US$ 2,6 bilhões em títulos em moeda estrangeira em setembro, contra US$ 43 bilhões em emissões de dívida local, segundo dados da Bloomberg. É a maior diferença desde 2008. Não houve nenhuma captação em moeda estrangeira no mês passado por empresas com nota de crédito abaixo do grau de investimento nas escalas da S&P, Moody’s Investors Service ou Fitch Ratings, mostram os dados da Bloomberg.

Os títulos da Eletrobras pagam 162 pontos-base a mais do que a dívida do governo com vencimento em 2019. A diferença estava em 176 pontos-base em 5 de outubro, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Reuniões com investidores

A companhia pretende fazer a captação depois de encerrar hoje uma série de reuniões com investidores de títulos nos Estados Unidos e na Europa, de acordo com uma pessoa a par das conversas, que pediu para não ser identificada por não ter permissão para falar publicamente. A Eletrobras contratou o Credit Suisse Group AG e o Banco Santander SA para coordenar a operação, segundo a pessoa.

A S&P anunciou em 17 de outubro que deu aos novos títulos da Eletrobras com vencimento em 2021 a classificação BBB-, a menor na escala de grau de investimento. A Moody’s deu a nota Baa2, a segunda menor na escala de grau de investimento, de acordo com uma nota também de 17 de outubro, destacando que “os recursos da emissão de títulos serão usados em sua maior parte para apoiar o plano de gastos de capital da Eletrobras.”

A assessorial de imprensa da Eletrobras não quis fazer comentários para esta reportagem.


Preço ‘certo’

Representantes da empresa discutiram planos de fazer a captação fora do País por mais de um ano. O diretor financeiro, Armando Casado, disse a repórteres em abril de 2010 que a companhia pretendia vender US$ 2 bilhões em dívida por ano em 2011 e 2012. O ex-presidente da Eletrobras, José Antonio Muniz Lopes, disse em entrevista em 15 de setembro que a Eletrobras poderia vender US$ 2 bilhões em títulos até o fim do ano passado.

Ruth Mazzoni, do Standard Bank, disse que a Eletrobras vai emitir os papéis se conseguir o preço “certo”.

“Eles vêm falando da venda de títulos há muito tempo, então claramente não estão desesperados”, disse Mazzoni em entrevista por telefone de Nova York. “Se o preço for certo, eles irão adiante.”

‘Preço justo’

Um “preço justo” numa colocação de títulos de 10 anos da Eletrobras seria uma taxa de cerca de 5,2 por cento, apesar de que o rendimento pode ficar maior para atrair investidores suficientes para uma captação de US$ 2,5 bilhões, disse Bevan Rosenbloom, estrategista de crédito do Citigroup Inc.

A Eletrobras pode voltar atrás na venda de títulos caso os mercados globais desabem, elevando as taxas, disse Rosenbloom. A companhia pode recorrer ao governo federal ou ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para conseguir o financiamento, disse ele.

“Quando se coloca uma emissão enorme como esta neste tipo de mercado, é preciso haver alguma concessão aos investidores”, disse Rosenbloom em entrevista por telefone de Nova York. “Eu não diria que este mercado está para os emissores.”

A Eletrobras tem planos de aumentar os investimentos em 30 por cento no ano que vem para R$ 13 bilhões, disse o presidente, José Costa Carvalho Neto, a jornalistas em 31 de agosto no Rio de janeiro.

A Eletrobras tem “muitos planos de gastos de capital”, disse Ruth Mazzoni. “É uma elétrica brasileira sólida, operando em um setor altamente estratégico. Há uma grande necessidade de investimento no Brasil e o governo está deixando claro que haverá muitos investimentos por meio da Eletrobras.”

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