Eletrobras: acionistas aprovam plano que mais do que dobra remuneração de diretores e conselheiros
Plano de remuneração saltou de R$ 15,4 milhões para R$ 35,9 milhões; TCU tentou a suspensão da assembleia
Raquel Brandão
Publicado em 22 de dezembro de 2022 às 20h10.
Última atualização em 22 de dezembro de 2022 às 20h18.
Os acionistas da Eletrobras aprovaram nesta quinta-feira, 22, em assembleia geral extraordinária, planos que aumentam a remuneração dos administradores da companhia, que estavam sem correção desde 2015. A companhia foi privatizada em junho deste ano e o debate sobre a mudança da remuneração chamou a atenção do mercado, há cerca de um mês, quando a proposta foi apresentada. As cifras propostas (e aprovadas nesta quinta-feira) colocam a Eletrobras em paridade com outras empresas do setor elétrico e de capital aberto — ainda que a empresa seja a maior do segmento na bolsa, hoje.
Dois planos de remuneração com base em ações de emissão da companhia foram aprovados: baseado em opções de compra de ações e baseado em ações restritas.
No total, foi aprovado o valor de R$ 35,9 milhões de remuneração a administradores da companhia de abril de 2022 a março de 2023, incluindo a diretoria, membros do conselho de administração e fiscal, além dos comitês estatutários de assessoramento ao conselho. O valor é mais do que o dobro dos R$ 15,4 milhões aprovados em assembleia em abril deste ano.
O presidente executivo da Eletrobras, por exemplo, passa de uma remuneração mensal de R$ 52,35 mil para R$ 300 mil. Já os membros do conselho de administração passam a receber R$ 200 mil.
O vice-presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), ministro Vital do Rêgo, tentou suspender a assembleia, em pedido ao Ministério da Economia e ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), mas não obteve sucesso. Ele alegou "lesão ao dinheiro público", dado que a União ainda detém 40% da companhia. No entanto, o governo federal optou por se abster da votação, contrariando a orientação do Tesouro Nacional.