Eleições pesam, dólar salta 1,21% e tem maior valor do Plano Real
O câmbio terminou na contramão do exterior, onde uma busca pelo risco favoreceu o avanço de divisas de países emergentes.
Karla Mamona
Publicado em 13 de setembro de 2018 às 17h08.
Última atualização em 13 de setembro de 2018 às 17h10.
SÃO PAULO, 13 Set (Reuters) - As preocupações com o cenário eleitoral doméstico fizeram com que o dólar superasse 1 por cento de valorização nesta quinta-feira e batesse a máxima recorde do Plano Real, ao terminar próximo dos 4,20 reais.
Assim, o câmbio terminou na contramão do exterior, onde uma busca pelo risco favoreceu o avanço de divisas de países emergentes.
O dólar avançou 1,21 por cento, a 4,1957 reais na venda, maior nível da moeda desde sua criação. Até então, o recorde era de 21 de janeiro de 2016, quando terminou em 4,1655 reais.
Neste mês até agora, o dólar já subiu 3,03 por cento ante o real. Nesta quinta-feira, marcou a máxima de 4,2069 reais e a 4,1245 reais na mínima do dia, logo depois da abertura dos negócios. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,79 por cento.
"Dúvidas sobre a saúde de Bolsonaro e a expectativa com o Datafolha de amanhã redobraram a cautela dos agentes", comentou um operador de câmbio de uma gestora local.
Na noite passada, o líder das pesquisas de intenção de votos, Jair Bolsonaro (PSL), passou por nova cirurgia e voltou para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Assim, o candidato deve ficar de fora de "agendas de rua" ao menos no primeiro turno da campanha.
Os investidores temem que um candidato menos comprometido com o ajuste fiscal ganhe a disputa pela Presidência em outubro.
O mercado aguardava ainda novas pesquisas de intenção de votos, com destaque para o Datafolha na sexta-feira depois do fechamento dos mercados no Brasil. Os dados para esse levantamento estão sendo colhidos já nesta quinta-feira.
Com o nervosismo eleitoral, o mercado doméstico acabou se descolando no exterior, que teve dia de busca pelo risco, após a Turquia elevar os juros e os dados de inflação ao consumidor nos Estados Unidos não reforçarem apostas de subida mais intensa dos juros no país.
"Se o núcleo da inflação não melhorar significativamente no próximo ano, isso resultaria em ritmo ainda mais gradual de elevação das taxas", comentou o analista da gestora CIBC Andrew Grantham, em nota.
Juros elevados nos Estados Unidos têm potencial de atrair recursos aplicados em outras praças financeiras, como a brasileira.
Na véspera, os Estados Unidos convidarem os chineses para retomar as conversas comerciais, no momento em que Washington se preparava para intensificar a guerra comercial entre os dois países com tarifas sobre 200 bilhões de dólar es em bens chineses.
O dólar caía ante divisas de países emergentes, com destaque para a lira turca, após o banco central do país subir os juros para 24 por cento. Também perdia força ante outras divisas fortes.
O Banco Central brasileiro ofertou e vendeu integralmente 10,9 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólar es, rolando 4,360 bilhões de dólar es do total de 9,801 bilhões de dólar es que vencem em outubro.
Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.