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Eleição não é binária e teto virou "inimigo número 1", diz Stuhlberger da Verde

Luis Stuhlberger tem se preparado para um cenário de inflação e taxas de juro para cima por um período prolongado no Brasil

Luis Stuhlberger: "O mercado considera que os dois candidatos são ruins — cada um ao seu jeito” (Patricia Monteiro/Bloomberg)
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Bloomberg

Publicado em 28 de junho de 2022 às 16h41.

Última atualização em 28 de junho de 2022 às 17h44.

Luis Stuhlberger tem se preparado para um cenário de inflação e taxas de juro para cima por um período prolongado no Brasil, à medida que os principais candidatos na corrida eleitoral acenam para mais gastos públicos.

Praticamente todas as eleições presidenciais após o processo de redemocratização do país foram consideradas eventos binários para o mercado, com expectativas para o índice Ibovespa bastante diferentes a depender do vencedor, disse Stuhlberger, CEO e CIO da Verde Asset Management, em evento nesta terça-feira. “Este ano, nem eu nem o mercado nem os gringos consideram uma eleição binária. O mercado considera que os dois candidatos são ruins — cada um ao seu jeito.”

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas de opinião até o momento, tem defendido um aumento nos gastos públicos e possível revisão em reformas econômicas que avançaram no governo do ex-presidente Michel Temer, mesmo que alguns aliados afirmem que Lula será fiscalmente responsável. Seu oponente, o presidente Jair Bolsonaro, ainda não convenceu os investidores de que o recente aumento dos gastos será apenas temporário.

“O teto de gastos virou inimigo público número 1 de Bolsonaro e Lula — e isso é um problema sério”, disse Stuhlberger. “Sabemos, certamente, que a inflação será mais alta e os juros serão mais altos” caso o ganhador adote uma política de subir os gastos, ainda que isso não ocorra no primeiro ano, disse Stuhlberger.

A probabilidade de as reformas avançarem a partir de 2023 são baixas, enquanto os mercados colocam no preço um “retrocesso bastante expressivo”, de acordo com Daniel Leichsenring, economista-chefe da Verde, no mesmo evento. “O quadro é desolador”, disse Leichsenring, adicionando que o debate agora é quanto dessa esperada deterioração está precificada.

No momento, cerca de 18% do fundo Verde está alocado em ações brasileiras. “Estamos comprados porque está muito barato”, disse Luiz Parreiras, gestor da Verde. “Temos tentado alocar capital em uma série de companhias que devem ser grandes ganhadoras, independente de qualquer cenário.”

O índice Ibovespa negocia a cerca de 6,1 vezes o lucro estimado, bem abaixo da média histórica de dez anos de 11,6 vezes, penalizado pela perspectiva de alta de juros mais rápida nos Estados Unidos, assim como incertezas fiscais e eleitorais na cena doméstica. O forte aperto monetário no Brasil — o Banco Central levou a Selic de 2% para 13,25% em menos de 16 meses — levou a um forte movimento de resgate dos fundos multimercado e fundos de ações.

Na bolsa local, algumas das principais posições do fundo são Equatorial, Suzano, Localiza, Assai e Hapvida. Os bancos estão “superbaratos” e levaram o fundo a investir no setor após muito tempo, segundo Parreiras.

A Verde, que tem o Credit Suisse como acionista minoritário e mais de R$ 40 bilhões sob gestão, também tem apostas compradas em petróleo e ouro, e gosta da debênture participativa perpétua da Vale. O fundo carro-chefe da casa retornou mais de 19.900% desde sua criação, em 1997.

Abaixo, um resumo das visões da Verde sobre outros temas:

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