Efeito câmbio faz dívidas das empresas subir R$ 16,4 bi
Pelos dados da Economática, a dívida da Petrobras teve acréscimo de R$ 9 bilhões por causa da virada do câmbio
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2013 às 09h39.
São Paulo - Em menos de três meses, a dívida das empresas brasileiras em dólar pode ter aumentado R$ 16,4 bilhões em consequência da desvalorização cambial. Entre o fim de março e a última quinta-feira, 20, quando a moeda americana atingiu seu patamar mais alto desde 1.º de abril de 2009, houve apreciação de 11,84% em relação ao real.
Levantamento da empresa de informações financeiras Economática envolvendo 114 empresas de capital aberto mostra que, no fim de março, elas acumulavam dívida de R$ 232,7 bilhões em moeda estrangeira. Convertido ao dólar Ptax de quinta-feira (R$ 2,2523), o estoque sobe para R$ 249,1 bilhões.
Só a Petrobras responde por quase 55% do montante. A presidente da estatal, Maria das Graças Foster, disse, na sexta-feira, 21, que vai aguardar até o último dia útil de junho para quantificar possíveis efeitos do câmbio.
Os dados da Economática, com base nos balanços enviados à BM&F Bovespa em 31 de março, mostram que, no primeiro trimestre, o lucro das 114 companhias somou R$ 19,3 bilhões.
"Se a lucratividade for mantida no segundo trimestre, é assustador pensar que só as despesas financeiras correspondem a 85% desse lucro com a variação cambial", diz Einar Rivero, gerente de relacionamento institucional e comercial da Economática.
Rivero pondera que os dados são válidos apenas se as empresas não fizeram novas dívidas em moeda estrangeira no segundo trimestre nem quitaram parte delas.
Além disso, companhias que fazem hedge - seguro para se defender de possíveis variações cambiais - são menos penalizadas. De acordo com o levantamento, a dívida em moeda estrangeira no primeiro trimestre equivalia a 44,7% do endividamento total bruto das companhias, que somava R$ 520,2 bilhões.
Impactos
Pelos dados da Economática, a dívida da Petrobras teve acréscimo de R$ 9 bilhões por causa da virada do câmbio. Soma agora R$ 136,6 bilhões em moeda estrangeira, pela cotação do dólar de quinta-feira.
Depois da estatal, as empresas com maior endividamento são Oi (R$ 13,6 bilhões), Eletrobras (R$ 10,3 bilhões), JBS (R$ 8,8 bilhões), Fibria (R$ 8,2 bilhões), BRF (R$ 5,6 bilhões) e Suzano (R$ 5,2 bilhões).
O JBS, do segmento de alimentos e bebidas, informa que sua dívida foi contratada nos Estados Unidos e será paga em dólar - a oscilação cambial não tem impacto nas operações.
A disparada do dólar não é negativa para todas as empresas. Para aquelas que têm receita em dólar "é até motivo de comemoração", conforme o diretor de finanças e relações com investidores do grupo Fibria, Guilherme Cavalcanti.
Segundo ele, 92% da dívida da companhia de papel e celulose é atrelada à moeda americana, mas sua receita também. "Mesmo que a dívida aumente, a geração de caixa em reais também aumenta e a capacidade de pagamento dessa dívida é maior quando o dólar se valoriza".
A Oi informa que 99% da sua dívida bruta têm proteção cambial (hedge). O 1% restante está coberto por operações de swaps e NDFs contratadas, e caixa mantido em moeda estrangeira. A Suzano relata que contrata dívida em moeda estrangeira como hedge natural, uma vez que cerca de 50% das receitas vêm de exportações.
São Paulo - Em menos de três meses, a dívida das empresas brasileiras em dólar pode ter aumentado R$ 16,4 bilhões em consequência da desvalorização cambial. Entre o fim de março e a última quinta-feira, 20, quando a moeda americana atingiu seu patamar mais alto desde 1.º de abril de 2009, houve apreciação de 11,84% em relação ao real.
Levantamento da empresa de informações financeiras Economática envolvendo 114 empresas de capital aberto mostra que, no fim de março, elas acumulavam dívida de R$ 232,7 bilhões em moeda estrangeira. Convertido ao dólar Ptax de quinta-feira (R$ 2,2523), o estoque sobe para R$ 249,1 bilhões.
Só a Petrobras responde por quase 55% do montante. A presidente da estatal, Maria das Graças Foster, disse, na sexta-feira, 21, que vai aguardar até o último dia útil de junho para quantificar possíveis efeitos do câmbio.
Os dados da Economática, com base nos balanços enviados à BM&F Bovespa em 31 de março, mostram que, no primeiro trimestre, o lucro das 114 companhias somou R$ 19,3 bilhões.
"Se a lucratividade for mantida no segundo trimestre, é assustador pensar que só as despesas financeiras correspondem a 85% desse lucro com a variação cambial", diz Einar Rivero, gerente de relacionamento institucional e comercial da Economática.
Rivero pondera que os dados são válidos apenas se as empresas não fizeram novas dívidas em moeda estrangeira no segundo trimestre nem quitaram parte delas.
Além disso, companhias que fazem hedge - seguro para se defender de possíveis variações cambiais - são menos penalizadas. De acordo com o levantamento, a dívida em moeda estrangeira no primeiro trimestre equivalia a 44,7% do endividamento total bruto das companhias, que somava R$ 520,2 bilhões.
Impactos
Pelos dados da Economática, a dívida da Petrobras teve acréscimo de R$ 9 bilhões por causa da virada do câmbio. Soma agora R$ 136,6 bilhões em moeda estrangeira, pela cotação do dólar de quinta-feira.
Depois da estatal, as empresas com maior endividamento são Oi (R$ 13,6 bilhões), Eletrobras (R$ 10,3 bilhões), JBS (R$ 8,8 bilhões), Fibria (R$ 8,2 bilhões), BRF (R$ 5,6 bilhões) e Suzano (R$ 5,2 bilhões).
O JBS, do segmento de alimentos e bebidas, informa que sua dívida foi contratada nos Estados Unidos e será paga em dólar - a oscilação cambial não tem impacto nas operações.
A disparada do dólar não é negativa para todas as empresas. Para aquelas que têm receita em dólar "é até motivo de comemoração", conforme o diretor de finanças e relações com investidores do grupo Fibria, Guilherme Cavalcanti.
Segundo ele, 92% da dívida da companhia de papel e celulose é atrelada à moeda americana, mas sua receita também. "Mesmo que a dívida aumente, a geração de caixa em reais também aumenta e a capacidade de pagamento dessa dívida é maior quando o dólar se valoriza".
A Oi informa que 99% da sua dívida bruta têm proteção cambial (hedge). O 1% restante está coberto por operações de swaps e NDFs contratadas, e caixa mantido em moeda estrangeira. A Suzano relata que contrata dívida em moeda estrangeira como hedge natural, uma vez que cerca de 50% das receitas vêm de exportações.