Se a política monetária norte-americana predominava no horizonte dos negócios no início do mês, o cenário doméstico ganhou força nas últimas semanas, com uma greve de caminhoneiros expondo a fragilidade do governo e das contas públicas, além de antecipar a instabilidade eleitoral.
Dólar termina maio com maior alta mensal desde setembro de 2015
O dólar fechou com leve baixa de 0,07 por cento a 3,7367 reais na venda, acumulando em maio elevação de 6,66 por cento
Reuters
Publicado em 30 de maio de 2018 às 17h11.
Última atualização em 30 de maio de 2018 às 17h28.
São Paulo -Embora tenha fechado a quarta-feira praticamente estável, o dólar deu novo salto em maio, apesar da atuação do Banco Central no mercado, encerrando o mês com a maior elevação ante o real desde setembro de 2015, encostado em 3,75 reais.
O dólar fechou com leve baixa de 0,07 por cento a 3,7367 reais na venda, acumulando em maio elevação de 6,66 por cento, a maior alta percentual desde setembro de 2015, quando a moeda ganhou 9,33 por cento ante o real.
Na mínima desta quarta-feira, a moeda marcou 3,6868 reais e, na máxima, 3,7684 reais. O dólar futuro tinha alta de 0,25 por cento.
"A volatilidade deve continuar elevada no exterior e, aqui, a especulação eleitoral deve ficar ainda mais forte, ainda mais com toda essa greve", avaliou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado, para quem, desta forma, o Banco Central acertou ao anunciar que continuará atuando no mercado de câmbio.
No começo da semana, a autoridade antecipou que já estenderia seus leilões de swap para o mês de junho, oferecendo papéis para a rolagem dos contratos com vencimento em julho, que somam 8,762 bilhões de dólar es, e também contratos adicionais para dar liquidez ao mercado.
Nesta sessão, a formação da taxa Ptax de final de mês guiou os negócios pela manhã, deixando o dólar na contramão do exterior, onde a moeda operou em queda ante todas as outras divisas.
A Ptax é uma taxa calculada pelo BC e usada na liquidação de diversos contratos cambiais e, no dia do seu fechamento mensal, os investidores tendem a "brigar" pela cotação mais favorável, o que pode adicionar mais vaivém aos mercados.
Nesta sessão, o BC fez leilão e vendeu todo o lote de até 15 mil novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólar es. A autoridade não costuma fazer intervenções no último pregão do mês para não interferir na Ptax, mas considerou que a recente tensão dos investidores justificava sua ação.
No exterior, o dólar caía ante uma cesta de moedas com a recuperação do euro das mínimas de dez meses após notícias de que o maior partido da Itália fará nova tentativa de formar um governo de coalizão para encerrar meses de turbulência política.
Os dados mais fracos da economia norte-americana também favoreceram o recuo da moeda dos EUA, que perdia terreno ante divisas de países emergentes, como o peso mexicano.
O feriado de Corpus Christi, na quinta-feira, foi motivo de cautela para os investidores no mercado local, em meio às incertezas com o desfecho da paralisação dos caminhoneiros e também com o andamento da greve dos petroleiros. Isso impediu um recuo mais forte, acompanhando mais de perto o movimento externo.