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Dólar sobe ante real com exterior, mas ação do BC limita avanço

O dólar avançou 0,54 por cento, a 3,7267 reais na venda, depois de despencar 5,59 por cento na sexta-feira, maior queda em quase 10 anos

Dólar: na mínima do dia, a moeda norte-americana foi a 3,6715 reais e, na máxima, a 3,7309 reais (Gary Cameron/Reuters)
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Reuters

Publicado em 11 de junho de 2018 às 17h09.

Última atualização em 11 de junho de 2018 às 17h14.

São Paulo - O dólar voltou a fechar em alta ante o real nesta segunda-feira, sob influência do mercado externo, embora a intervenção "surpresa" do Banco Central no mercado cambial tenha limitado o movimento.

O dólar avançou 0,54 por cento, a 3,7267 reais na venda, depois de despencar 5,59 por cento na sexta-feira, maior queda em quase 10 anos.

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Na mínima do dia, a moeda norte-americana foi a 3,6715 reais e, na máxima, a 3,7309 reais. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,25 por cento.

O BC conseguiu conter a valorização do dólar após anunciar durante a sessão leilão de até 50 mil novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares. Vendeu integralmente a oferta, de 2,5 bilhões de dólares, somando neste mês 13,116 bilhões de dólares em novos swaps.

Diferentemente do que vinha fazendo, o BC não fez o anúncio sobre o leilão de swaps cambiais após a sessão anterior, quando o dólar despencou sobre o real. Ele vinha ofertando diariamente até 15 mil novos contratos desde 21 de maio passado e, de 14 a 18 de maio, o BC também tinha feito oferta extra, mas de até 5 mil contratos novos.

A atuação "surpresa" foi bem-vista pelos agentes: "Ele (o BC) não pode dar previsibilidade porque cria uma banda, um teto e um piso, e mercado fica esperando", disse um gestor de derivativos de uma corretora local.

"É uma abordagem correta. Atuar 'discricionariamente' traz alguma incerteza ao mercado, evitando especulações”, emendou o diretor de Tesouraria de um banco estrangeiro.

Após a forte disparada do dólar e das taxas de juros futuros, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, disse na quinta-feira passada que o órgão ofereceria mais 20 bilhões de dólares em novos swaps até o fim desta semana.

No pregão passado, assim, vendeu integralmente o lote de até 15 mil novos swaps, e também a oferta integral de até 60 mil contratos, dentro dessa nova estratégia.

O BC também realizou nesta segunda-feira leilão de até 8.800 swaps para rolagem do vencimento de julho, já somando 3,080 bilhões de dólares do total de 8,762 bilhões de dólares que vence em julho. Se mantiver esse volume até o final do mês, rolará integralmente o total.

"Serão 20 bilhões de dólares até sexta-feira, isso pode ajudar o dólar a cair um pouco mais, até 3,65 reais, 3,60 reais, no máximo. Mas o dólar só vai ficar mais fraco aqui se o Fed não trouxer surpresas", afirmou o diretor da consultoria de valores mobiliários Wagner Investimentos, José Faria Júnior, ao lembrar que haverá reunião do banco central norte-americano nesta semana, em meio a expectativas no mercado de que possa elevar mais do que o esperado os juros da maior economia do mundo.

Por ora, as apostas ainda são majoritárias para três altas de juros este ano, a segunda esperada para esta semana. Mas os indicadores recentes podem levar o Fed a indicar que pode ampliar o passo, o que tem potencial para atrair aos EUA recursos hoje aplicados em outras praças, como a brasileira.

No exterior, o dólar tinha leve alta ante a cesta, mas subia firme ante as divisas de países emergentes, como os pesos mexicano e chileno.

"O clima não é favorável para o dólar cair", afirmou Faria Júnior.

Eleições no radar

A cena política também continuava no radar dos mercados nesta sessão. Pesquisa Datafolha divulgada na véspera, no entanto, acabou servindo para trazer alguma calma aos agentes.

O levantamento mostrou que o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) liderava a corrida presidencial quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não aparece na disputa, seguido pela ex-senadora Marina Silva (Rede), mas a maior fatia do eleitorado se diz sem candidato.

Também mostrou que, que nos cenários sem Lula, Marina variava de 14 a 15 por cento, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) oscilava entre 10 e 11 por cento, o tucano Geraldo Alckmin tinha 7 por cento e senador Alvaro Dias (Podemos), 4 por cento.

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