Ibovespa cai 2,6%; dólar sobe a R$ 4,475 e renova recorde
Bolsa teve quarto pregão seguido de queda e voltou a 102 mil pontos; moeda norte-americana chegou a bater R$ 4,50, mas perdeu força depois
Juliana Elias
Publicado em 27 de fevereiro de 2020 às 17h24.
Última atualização em 27 de fevereiro de 2020 às 18h48.
Depois de despencar 7% na quarta-feira (26), o pior desempenho diário desde o "Joesley day", em maio de 2017, a Bolsa de Valores brasileira teve mais um dia de fortes perdas nesta quinta-feira. O Ibovespa , principal índice da Bolsa, caiu 2,59%, e fechou a 102.983,54 pontos. Foi a quarta retração seguida.
Acompanhando as tensões globais, o dólar renovou mais uma vez sua máxima histórica: a moeda norte-americana encerrou o dia em alta de 0,7%, cotada a 4,475 reais na venda. Durante a manhã, a cotação chegou a bater os 4,50 reais pela primeira vez, mas passou a perder força ao longo da tarde, após intervenções do Banco Central.
Bancos se recuperam, Gol e Ambev despencam 8%
Os bancos Itaú Unibanco e Banco do Brasil se destacaram entre as poucas altas do dia. O Banco do Brasil subiu 1,2% e o Itaú oscilou 0,06%. Com alta de 6,7%, as ações da resseguradora IRB Brasil lideraram os ganhos desta sessão – depois de semanas em queda, os papéis da companhia deram um salto com a notícia de que a empresa do bilionário Warren Buffett, a Berkshire Hathaway, está triplicando seus investimentos na posição.
Na outra ponta, a GOL liderou as quedas do dia, com retração de 8,9%, em meio à expectativa de que os brasileiros viajem menos com um possível avanço do cornavírus no país. A Ambev recuou 8,3%, após divulgação de balanço. Apesar de aumento na ordem de 24% no lucro, pesou para os investidores a queda no volume de vendas de cervejas e os sinais de avanço da concorrência no mercado brasileiro.
Coronavírus no ar
Notícias do avanço rápido da epidemia de coronavírus para além da China - incluindo o primeiro caso no Brasil, confirmado ontem - espalharam pânico e cautela nos mercados internacionais ao longo de toda a semana. Otemor é que a propagação da doença pelo mundo possa afetar a economia global.
Em nova tentativa de amenizar a volatilidade do câmbio, o Banco Central vendeu nesta sessão 1 bilhão de dólares em contratos de swap cambial tradicional. Na véspera, o BC já havia colocado 500 milhões de dólares nesses ativos, em oferta líquida.
A alta do dólar frente ao real é reflexo da busca por ativos de segurança, segundo Pablo Spyer, diretor de operações da corretora Mirae Asset. "É um movimento de fortificação do dólar com uma pitada de aversão a risco . O investidor vende suas ações aqui e manda o dinheiro de volta para os Estados Unidos para comprar título de renda fixa lá", disse.
"O Banco Central tem muita reserva e pode fazer atuações no câmbio. Mas o que ajudaria na queda do dólar seria a entrada de investimento estrangeiro que não virá diante do temor com o coronavírus", disse Bruno Madruga, responsável pelo segmento de renda variável da Monte Bravo.
*Com Reuters