Dólar cai com esperanças sobre estímulo, mas fecha acima de R$ 5,60
Nancy Pelosi e Steven Mnuchin retomaram negociações sobre pacote econômico nesta segunda; prazo para chegarem a acordo encerra amanhã, 20
Guilherme Guilherme
Publicado em 19 de outubro de 2020 às 09h18.
Última atualização em 19 de outubro de 2020 às 17h53.
O dólar iniciou a semana em queda contra o real, acompanhando a desvalorização da moeda americana no mundo. O movimento desta segunda-feira, 19, refletiu as esperanças de que o pacote de estímulo americano seja aprovado antes das eleições , marcadas para 3 de novembro, dados econômicos da china e sinalizações de que os gastos do governo federal se manterão abaixo do teto de gastos. No início da tarde, o dólar chegou a ser negociado abaixo dos 5,57 reais. Mas, a piora das expectativas no mercado internacional sobre um acordo entre republicanos e democratas tirou o dólar das mínimas, fazendo-o encerrar em queda de 0,69, cotado a 5,604 reais.
A volta do otimismo sobre o pacote se deve às recentes falas da presidente da Câmara americana, Nancy Pelosi. Em entrevista ao programa “This Week” da ABC, Pelosi afirmou na que pode chegar a um acordo com o secretário do Tesouro Steven Mnuchin em até 48 horas para que o para que o estímulo saia antes das eleições americanas.
“As falas passaram uma expectativa positivo sobre o acordo. Apesar de ainda haver divergências [entre democratas e republicanos], a possibilidade de o acordo sair deu uma animada nas bolsas e no ouro, que tende a se valorizar quando há uma injeção grande de capital, já que desvaloriza a moeda” , afirma Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.
Nesta segunda, Pelosi e Mnuchin retomaram as conversas sobre o tema, mas não houve entendimento até o fim deste pregão.
Além de alguma esperança de novos estímulos, os dados econômicos da China também contribuíram para o tom positivo no mercado de câmbio do mercado. Embora o PIB do terceiro trimestre tenha vindo pouco abaixo das expectativas (alta anual de 4,9% ante estimativa de 5,2%), os dados de setembro vieram fortes. No mês, a produção industrial, que tem sido um dos principais pilares da recuperação chinesa, teve alta de 6,9% na comparação anual contra o alta esperada de 5,8%. As vendas do varejo chinês também vieram acima das estimativas, com crescimento de 3,3% em relação ao mesmo período do ano passado, confirmando o segundo mês seguido de alta anual do indicador.
“Por mais que o PIB tenha ficado abaixo do esperado, não dá pra ver [os números] como negativos. A China é o único país que segue crescendo. Além disso, os dados de produção industrial e de vendas do varejo superaram as estimativas”, comenta Laatus.
No mercado local também repercutiu-se positivamente as as recentes declarações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia , que afirmou que não serão prorrogados o estado de calamidade pública e o orçamento de guerra. “É uma sinalização positiva, mas vem com preocupação embutida. Apesar de [o ministro Paulo] Guedes e Maia serem contra a extensão do estado de calamidade, existe um lobby muito grande na base aliada do governo e entre a oposição.