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Dólar descola do exterior e supera R$ 5,65 com briga entre Maia e Guedes

Desentendimentos aumentam temores sobre andamento de pautas econômicas no Congresso

Maia e Guedes: desentendimentos pressionam negócios do dia (Adriano Machado/Reuters)
GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 1 de outubro de 2020 às 09h31.

Última atualização em 1 de outubro de 2020 às 17h39.

O dólar fechou em alta de 0,7% e encerrou sendo negociado a 5,654 reais nesta quinta-feira, na contramão da desvalorização da moeda americana no exterior. Com a nova alta, o dólar voltou a superar a maior cotação de fechamento desde maio.  O movimento reflete as incertezas do mercado interno sobre os desdobramentos do Renda Cidadã e o recente desentendimento entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

Na véspera, Paulo Guedes chegou a dizer que as privatizações não tinham andamento devido a um suposto acordo entre Maia e partidos da esquerda. A declaração foi rebatida por Maia, que afirmou que o motivo de as pautas não avançarem é pela falta de base do governo e que Guedes estava tentando tirar o foco do debate sobre teto de gastos. O presidente da Câmara também disse que o ministro estava “desequilibrado” e sugeriu assistir ao filme “A Queda”, que conta a história da derrocada de Adolf Hitler.

Ao longo do dia, o vice-presidente Hamilton Mourão também chegou a descartar a hipótese de utilizar recursos do Fundeb para o financiamento do Renda Brasil, mas a fala teve efeito limitado no mercado de câmbio.

“O mercado interno está muito delicado. O governo não consegue se sentar e conversar [com parlamentares]. Tem pressão de Maia e Guedes no câmbio”, comenta Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos.

Apesar do cenário interno turbulento, o exterior seguiu positivo, com expectativa de novos estímulos nos Estados Unidos. Dados da maior economia do mundo também contribuíram para o bom humor dos investidores globais. Divulgado nesta manhã, os pedidos semanais de seguro desemprego ficaram abaixo das expectativas, em 837.000 ante 850.000 esperados. O número foi o menor desde o início dos impactos da pandemia no mercado de trabalho americano, em meados de março.

Com o tom mais positivo no mercado internacional, o dólar recuou contra a maioria das principais moedas emergentes, com destaque para o peso mexicano, que se valorizou mais de 1%. Já o índice Dxy, que mede o desempenho do dólar perante pares desenvolvidos cai pelo quarto pregão consecutivo.

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