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Dólar opera estável por possibilidade de intervenção

Autoridades do governo brasileiro vêm endurecendo o tom sobre a chamada "guerra cambial"

Notas de dólar (Getty Images)

Notas de dólar (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 26 de março de 2012 às 10h58.

São Paulo - Em uma sessão marcada pela volatilidade, o dólar oscilava entre os terrenos positivo e negativo diante de um maior apetite por risco no exterior e com os investidores ainda receosos com a possibilidade de novas medidas do governo brasileiro no mercado de câmbio. Às 10h50 (horário de Brasília), o dólar tinha variação positiva de 0,07 por cento, cotado a 1,8115 real.

"O dólar teria que perder força nesta sessão por causa do exterior, mas o braço de ferro entre o BC e o mercado estabeleceu um patamar psicológico em torno de 1,80 real, 1,81 real", afirmou o economista-chefe da Gradual Investimentos, Andre Perfeito. Autoridades do governo brasileiro vêm endurecendo o tom sobre a chamada "guerra cambial", deixando os investidores receosos com o mercado de câmbio.

Em entrevista à Reuters na sexta-feira, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, afirmou que a próxima emissão externa do governo deve ser em real e nas próximas semanas.

Segundo ele, essa emissão será importante para evitar mais valorizações da moeda brasileira frente ao dólar.

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa afirmou ainda que a atual taxa de câmbio brasileira continua apreciada, em função de uma elevada taxa de juros no Brasil, do cenário externo, do aumento recente dos preços de commodities e de uma menor fragilidade financeira no país.

Na última sessão, a moeda norte-americana encerrou com baixa de 0,65 por cento ante o real, a 1,8103 na venda, mesmo após o Banco Central realizar um leilão de compra de dólares no mercado à vista.

"O mercado está sempre querendo confirmar esse novo patamar de 1,80 real para ver se o BC realmente defenderá esse piso", disse o gerente financeiro da H.Commcor, Luiz Henrique de Paula.

"O BC não quer 'queimar cartucho', mas está sinalizando que quer manter o nível de 1,80 real", emendou. No exterior, o sentimento empresarial na Alemanha subiu de forma inesperada pelo quinto mês seguido em março, sinalizando que a maior economia da Europa continua a superar outros membros da zona do euro que enfrentam dificuldades com a crise da dívida.

Para de Paula, além dos dados mais otimistas na Alemanha, os dados de vendas pendentes de casas nos Estados Unidos que serão divulgados às 11h podem dar um rumo para os mercados. "Se esses dados virem bons, podem pressionar o patamar de 1,80 real e atrair alguma ação do BC", explicou.

Já Perfeito acredita que os investidores devem continuar cautelosos por causa da possibilidade de intervenções. "O dólar hoje deve ficar no 'banho-maria' mesmo, lembrando que essa estabilidade, em comparação com outros países emergentes, não faz sentido", destacou o economista.

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