Dólar fecha a semana perto de R$ 3,90 e Ibovespa recua com bancos
Em dia nada favorável para os mercados, a bolsa brasileira ficou ainda mais distante da esperada marca dos 100 mil pontos.
Tais Laporta
Publicado em 14 de junho de 2019 às 17h35.
Última atualização em 14 de junho de 2019 às 17h46.
Não foi um dia fácil para o Ibovespa, mas a alta do dólar roubou a cena nesta sexta-feira (14). A moedaencerrou a semana na maior alta em quase um mês e no maior valor frente ao real desde o fim de maio, sob influência do ambiente externo desfavorável. Também pesou o desconforto gerado por críticas do ministro da Economia, Paulo Guedes, ao Legislativo.
Após Guedes dizer que a proposta da Previdência foi "abortada" e gera uma economia menor que a divulgada, de R$ 860 bilhões em 1 ano, o dólar fechou em alta de 1,16%, negociado a R$ 3,8992. É o maior ganho diário desde 17 de maio, quando subiu 1,62%. Já o valor de fechamento é o mais elevado desde 31 de maio, quando a moeda chegou a R$ 3,9244. Na máxima do dia, a cotação alcançou R$ 3,9144 reais, valorização de 1,55%.
Ibovespa subiu 0,2% na semana
Pressionada pela queda dos bancos e pelo exterior negativo, a bolsa brasileira encerrou em baixa de 0,74% nesta sexta, ficando mais distante da esperada marca dos 100 mil pontos, que não veio após a leitura do parecer da reforma da Previdência. O Ibovespa fechou aos 98.040 pontos, acumulando uma leve alta de 0,2% na semana.
A divulgação de dados econômicos ruins azedou o humor dos investidores. No Brasil, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), a prévia do Produto Interno Bruto (PIB), caiu 0,47% em abril, frustrando expectativas de que viria positivo.
No exterior, a produção industrial da China cresceu 5% em maio sobre o ano anterior, o menor nível em 17 anos e abaixo do que o mercado esperava. O receio de que esse cenário se agrave com uma guerra comercial mais longa entre China e Estados Unidos empurrou os principais índices de Wall Street para o vermelho.
O que evitou uma baixa mais forte da bolsa paulista foi o consenso de que o Brasil passará por uma nova entrada de recursos no médio prazo, à medida que a tramitação da reforma da Previdência evolui.
Destaques do Ibovespa
A possibilidade de aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) afetou o setor bancário pelo segundo dia. As ações do banco BRADESCO recuaram quase 2%, ao passo que o ITAÚ UNIBANCO perdeu em torno de 1%, BANCO DO BRASIL desvalorizou acima de 2,7%, SANTANDER caiu cerca de 0,6% e BANRISUL, mais de 2%.
Os investidores definitivamente não gostaram do aumento da alíquota para 20%. " Esse aumento de impostos deve limitar o crescimento da rentabilidade dos bancos, medido pelo retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), e afetar os bancos que mais têm participação no crédito consignado, como é o caso do Banrisul", escreveram analistas da Levante em relatório.
A varejista MAGAZINE LUIZA subiu mais de 1%, após a empresa vencer a disputa pela rede online de artigos esportivos NETSHOES, que teve desvalorização de mais de 2% em suas ações, negociadas a US$ 3,70 - o valor da oferta pela aquisição. Já a CENTAURO, que saiu derrotada mesmo após elevar a última proposta da rival, fechou com leve avanço de 0,3%.
As ações da companhia de água e esgoto paulista SABESP recuaram mais de 2,8%, após osecretário de Infraestrutura de São Paulo, Marcos Penido, ter dito quea capitalização da empresa é mais viável no momento do que a privatização, em meio a expectativas de aprovação do marco regulatório que facilita a venda para a iniciativa privada.
A siderúrgica CSN teve perdas acima de 3%. Também no setor siderúrgico, USIMINAS recuou forte, em meio ao maior pessimismo dos investidores com as produtoras de aço, que exportam para a China, após o país asiático revelar em maio a pior produção industrial em 17 anos.