Dólar encosta em R$3,37 com exterior, sem tirar foco da cena política
O dólar avançou 0,78 por cento, a 3,3681 reais na venda, maior nível desde 18 de maio de 2017
Reuters
Publicado em 6 de abril de 2018 às 17h17.
São Paulo - O dólar fechou em alta nesta sexta-feira e no maior nível em quase 11 meses, perto de 3,37 reais, seguindo o movimento do cenário externo em meio a tensões renovadas de eventual guerra comercial entre Estados Unidos e China , com os investidores também cautelosos com o processo eleitoral no Brasil.
O dólar avançou 0,78 por cento, a 3,3681 reais na venda, maior nível desde 18 de maio de 2017 (3,3890 reais), um dia depois de ter estourado o escândalo da JBS envolvendo o presidente Michel Temer.
Na máxima do dia, a moeda norte-americana foi a 3,3816 reais. O dólar futuro subia cerca de 0,55 por cento no final da tarde.
Só nesta semana, o dólar ficou 2,06 por cento mais caro.
"Batalha comercial nunca é um fato positivo", afirmou o analista econômico da gestora Rio Gestão, Bernard Gonini.
O tom da disputa entre Estados Unidos e China voltou a subir, trazendo mais instabilidade aos mercados. Na noite passada, o presidente norte-americano, Donald Trump, disse ter instruído autoridades comerciais do país a avaliarem 100 bilhões de dólar es em tarifas adicionais sobre a China.
Em resposta, a China já avisou que não hesitará em responder imediatamente se os EUA de fato adicionarem as novas tarifas.
Lá fora, o dólar recuava contra uma cesta de moedas após a divulgação de que a economia dos Estados Unidos em março criou o menor número de empregos em seis meses, embora as perdas tenham sido limitadas pela recuperação na renda.
A moeda norte-americana também subia ante divisas de países emergentes.
Apesar das novas ameaças comerciais, pesquisa da Reuters com analistas mostrou que não houve grandes mudanças às perspectivas para o dólar em relação ao real. A moeda norte-americana deve subir a 3,35 reais nos próximos 12 meses, sobre 3,2917 reais no levantamento anterior.
Internamente, o mercado também se manteve cauteloso diante da cena política, sobretudo após a determinação da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado em segunda instância pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O petista, visto por investidores como menos comprometido com o controle das contas públicas, lidera as pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais deste ano e, mesmo sem concorrer, exerce influência na esquerda e no eleitorado como um forte cabo eleitoral.
Analistas ouvidos pela Reuters entendem que o PT deverá, ao menos publicamente, insistir na candidatura de Lula à Presidência, mesmo com ele preso e diante da possibilidade de inelegibilidade pela Lei da Ficha Limpa, pois esta é a estratégia que mais maximiza a transferência de votos de Lula para outro petista ou para um candidato aliado.
O Banco Central brasileiro não anunciou qualquer intervenção no mercado de câmbio para esta sessão. Em maio, vencem 2,565 bilhões de dólar es em swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólar es.
(Edição de Patrícia Duarte)