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Após bater R$ 5, dólar encerra na máxima histórica em R$ 4,78

Mesmo com intervenção do Banco Central e anúncio de injeção de liquidez do FED, moeda americana fechou em alta de 1,37% no patamar mais elevado da história

Dólar: cotação ultrapassa 5 reais pela primeira vez na história (Getty Images/Getty Images)

Dólar: cotação ultrapassa 5 reais pela primeira vez na história (Getty Images/Getty Images)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 12 de março de 2020 às 09h12.

Última atualização em 12 de março de 2020 às 18h04.

São Paulo - Depois de o dólar comercial abrir o pregão a 5,0138 reais — valor mais alto da história — graças ao avanço de 6,24%, a artilharia pesada do Banco Central fez efeito e a valorização da moeda americana arrefeceu. À tarde, a autoridade monetária voltou a intervir no mercado e fez novo leilão. Esse movimento somado ao anúncio de que o Federal Reserve (FED, na sigla inglês) vai injetar 1,5 trilhão de dólares na economia americana aliviou novamente a pressão sobre o câmbio. Com isso, a moeda americana encerrou o pregão cotada a 4,7857 reais, com alta de 1,377%. É mais brando que os 5 reais da abertura, mas, ainda assim, é o patamar de fechamento mais elevado da história. Até então, a máxima de fechamento havia sido de segunda-feira, quando o dólar encerrou a 4,7256 reais.

André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos acredita que esse tipo de medida aumenta ainda mais a volatilidade no mercado. Nesta quinta, o índice de volatilidade VIX disparou 40% e encerrou em 75,47 pontos - a maior pontuação desde outubro de 2008, quando o VIX chegou a fechar em 80,86 pontos. "Não é colocando dinheiro no sistema financeiro que vai resolver o problema de as pessoas ficarem em casa", analisa.

A alta octanagem no câmbio acontece em meio ao cenário de incertezas causado pela pandemia de coronavírus, quadro esse que se agravou depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, proibiu viagens da Europa para os Estados Unidos.

Para Perfeito, a medida foi "enlouquecedora". "Na Europa tem vários países que vivem fortemente do turismo. Com certeza, isso vai ter impacto reais." 

“Quando cortaram a taxa de juros nos Estados Unidos, o BC agiu de forma reativa. Agora, tem atuado fortemente no câmbio. Fica a dúvida: o que ele [a autoridade monetária] quer? Juros ou câmbio? Fazer as duas coisas em um ambiente desses é perder reservas”, afirma Perfeito.

Para Perfeito, o fato de o real brasileiro ter mais liquidez no mercado internacional do que os pares emergentes aumenta a pressão sobre a moeda local.

Cristiane Quartaroli, estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, confirma. "Mas não é só isso. Há um componente doméstico, que é a falta de um plano de ação coordenado nas áreas política, econômica e de saúde pública para conter a aversão", afirma.

O dólar turismo, por sua vez, registrou queda de 0,798% e é cotado para venda em 4,97 reais.

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