Na mínima desta sessão, o dólar marcou 3,3432 reais e, na máxima, 3,3702 reais (Ricardo Moraes/Reuters)
Reuters
Publicado em 16 de dezembro de 2016 às 11h08.
São Paulo - O dólar operava em queda ante o real nesta sexta-feira, em movimento de correção após recente alta com o aperto monetário nos Estados Unidos, mas com os investidores ainda atentos ao cenário político brasileiro conturbado.
Às 10:42, o dólar recuava 0,45 por cento, a 3,3562 reais na venda, após ter saltado 1,14 por cento na véspera.
Na mínima desta sessão, o dólar marcou 3,3432 reais e, na máxima, 3,3702 reais. O dólar futuro cedia 0,47 por cento.
"Os mercados puxaram bastante na véspera, após o Fed ter sinalizado que elevaria os juros em três ocasiões no ano que vem. Foi exagerado o movimento e há uma correção", comentou o economista-chefe da corretora BGC Liquidez, Alfredo Barbutti.
No final da tarde de quarta-feira passada, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, elevou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual e sinalizou ritmo mais rápido de altas em 2017, em meio a promessas do presidente eleito Donald Trump de impulsionar o crescimento por meio de cortes de impostos, aumento de gastos e desregulamentação.
A chair do Fed, Janet Yellen, disse a eleição de Trump colocou o Fed sob uma "nuvem de incerteza" e levou algumas autoridades a mudar sua visão sobre o que está por vir. O banco central do país vê agora três aumentos da taxa de juros em 2017 em vez de dois como previsto em setembro.
No exterior, o euro, o iene e a libra se recuperavam levemente ante o dólar, após quedas de até 3 por cento em reação às perspectivas de alta de juros pelo Fed.
Ante divisas emergentes, o dólar tinha comportamento misto nesta manhã, em queda ante o rand sul-africano e alta sobre o peso mexicano.
Internamente, os investidores também têm preferido focar no andamento das medidas de ajuste no Congresso, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o crescimento do gasto público por 20 anos e foi aprovada, mas a cautela continuava em meio ao nervosismo com denúncias envolvendo até mesmo o presidente Michel Temer.
"O sentimento de que o governo brasileiro vem conseguindo aprovar medidas no Congresso, mesmo em meio às turbulências, contribui para o recuo da moeda (norte-americana)", comentou o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.
Nesta sexta-feira, a Folha de S.Paulo noticiou que um ex-executivo da Odebrecht disse em delação à força-tarefa da operação Lava Jato que Temer participou de um encontro para tratar de doações da empreiteira para campanha do PMDB em 2010 em troca de facilitar a atuação da empresas em projetos da Petrobras.
Como pano de fundo do mercado, profissionais chamaram a atenção para a perda de fôlego dos mercados daqui para a frente, já com muitos investidores entrando de férias, o que deve enxugar consideravelmente o volume até o final do ano.
O Banco Central brasileiro, pela terceira vez seguida, não anunciou nenhuma intervenção no mercado de câmbio até o momento.