Dólar fecha em queda com entrada de fluxo estrangeiro
Especialista vê investidores estrangeiros aproveitando a alta da moeda americana para se posicionar em real à espera de oportunidade de investimento no país
Guilherme Guilherme
Publicado em 4 de agosto de 2020 às 17h00.
Última atualização em 4 de agosto de 2020 às 17h25.
O dólar fechou em queda perante o real nesta terça-feira, 4, apesar de ter se valorizado contra algumas das principais moedas emergentes, como o peso mexicano e o rublo russo. O dólar comercial caiu 0,6% e encerrou sendo vendido por 5,284 reais. Com variação semelhante, o dólar turismo fechou cotado a 5,59 reais.
Para Jefferson Ruik, diretor de câmbio da Correparti, o movimento teve impacto da entrada de investidores estrangeiros à espera de novas oportunidades de investimento no país. "Ainda pela manhã, o dólar sentiu a entrada de fluxo estrangeiro. Provavelmente são investidores que aproveitaram a recente alta do dólar para ficar posicionado em real à espera de alguns IPOs que estão na fila na B3", comentou.
A um dia da reunião do Comitê de Política Monetária, especialistas também já veem o impacto sobre o mercado de câmbio. Em meio aos baixos níveis de inflação e lenta retomada da economia brasileira, a expectativa do mercado é de que o Copom promova o “corte residual” de 0,25 ponto percentual sinalizado na ata da última reunião.
Caso essa seja a decisão, a taxa Selic irá renovar a mínima histórica para 2% ao ano. Com a queda de juros, os títulos de renda fixa tendem a ficar ainda menos atrativos, reduzindo a busca por investidores estrangeiros e, consequentemente, mitigando a entrada de dólares no país.
“A expectativa de corte de juros já começa a ter efeito sobre o câmbio. É um movimento normal. É juros para baixo e dólar para cima”, afirma Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos.
Nos primeiros negócios do dia, o dólar foi negociado em alta, chegando a superar os 5,37 reais. Além do efeito Copom, o movimento também foi impulsionado pelo cenário externo negativo pela manhã. Como pano de fundo estava a resposta da China à pressão do presidente Donald Trump para que a chinesa ByteDance, dona do Tik Tok, venda suas operações nos EUA para uma empresa americana.
Em editorial publicado no jornal estatal Daily China, Pequim afirmou que “A China não irá aceitar por de maneira alguma o ‘roubo’ de uma companhia chinesa de tecnologia e que tem várias formas de resposta caso a administração [americana] realizar seu plano de ‘esmagar e agarrar’”.