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Desaceleração na Bovespa está se prolongando após Copa

Volume de operações da bolsa não conseguiu se recuperar depois do final da Copa do Mundo no Brasil

Músico toca saxofone em frente a sede da BM&FBovespa, em São Paulo (Nacho Doce/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 19 de agosto de 2014 às 16h18.

São Paulo - Analistas estão reduzindo suas previsões de lucros para a BM&FBovespa no ritmo mais acelerado entre as bolsas internacionais, já que o volume de operações não conseguiu se recuperar depois da Copa do Mundo.

As estimativas de lucros por ação neste ano para a maior bolsa de valores da América Latina recuaram 8,2 por cento nas últimas quatro semanas para R$ 0,71, a maior queda no mundo, segundo dados compilados pela Bloomberg.

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O volume médio diário das operações com ações na BM&FBovespa caiu para R$ 6,5 bilhões (US$ 2,9 bilhões) neste ano até 15 de agosto ante de R$ 7,7 bilhões durante o mesmo período em 2013, mostram dados da bolsa.

Os volumes da BM&FBovespa afundaram durante o campeonato de futebol realizado no Brasil e não se recuperaram porque a economia do país cresce no ritmo mais lento desde 2009, o que torna as ações locais menos atraentes, segundo Pedro Galdi, analista-chefe da corretora SLW Corretora.

As aberturas de capital estagnaram no menor nível no Brasil em pelo menos uma década enquanto as empresas esperam os resultados da eleição presidencial de outubro para decidir sobre vendas de ações.

“Os investidores compram ações quando existe a expectativa de lucros, e não é isso que temos visto ultimamente”, disse Galdi em entrevista por telefone de São Paulo.

“As empresas estatais subiram bastante com a aposta de que a presidente Dilma Rousseff não vai conseguir se releger, mas outros setores continuam indo mal. Então, só veremos qual é a verdadeira tendência para a BM&FBovespa depois da eleição”.

Análise de lucros

Trinta e oito das 64 empresas do Ibovespa que divulgaram seus lucros no segundo trimestre não atingiram as estimativas dos analistas, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O índice de ações de referência do Brasil, o Ibovespa, ganhou 28 por cento desde o patamar mínimo deste ano, registrado em 14 de março, enquanto as empresas estatais, incluindo a produtora de petróleo Petróleo Brasileiro, deram um salto devido à especulação de que uma mudança de governo reduza a intervenção na sua administração.

A primeira pesquisa com eleitores no Brasil desde que o candidato presidencial Eduardo Campos morreu em um acidente de avião, na semana passada, mostrou que a candidata a vice na sua chapa, Marina Silva, levaria a eleição no País para um segundo turno, com uma diferença de votos tão pequena que o resultado é imprevisível.

Em um segundo turno, Silva tem 47 por cento das intenções de voto, em comparação com 43 por cento para Dilma, diferença que cai dentro da margem de erro de 2 pontos porcentuais da pesquisa do Datafolha publicada ontem no site da Folha de S.Paulo.

O crescimento da maior economia da América Latina desacelerará para 1,2 por cento neste ano, de 2,49 por cento em 2013, segundo a média de estimativas de 37 economistas consultados pela Bloomberg.

Quedas da receita

A receita da BM&FBovespa caiu 23 por cento para R$ 464,8 milhões no segundo trimestre em relação ao mesmo período no ano passado, disse a bolsa em comunicado publicado em seu site no dia 7 de agosto.

O volume diário do segmento BM&F despencou 38 por cento no período de três meses encerrado em 30 de junho, e as operações na divisão Bovespa recuaram 19 por cento.

"O ano de 2014 tem sido desafiador tanto no mercado de ações como no de derivativos, refletindo, principalmente, a baixa volatilidade e as mudanças no cenário macroeconômico”, disse o CEO Edemir Pinto no relatório de lucros.

“Apesar desse ambiente, importantes desenvolvimentos foram feitos em nosso plano estratégico, os quais sustentarão o crescimento a longo prazo da companhia”.

Embora alguns investidores estejam evitando o mercado brasileiro, a perspectiva é mais positiva no “médio e longo prazo”, segundo Walter Maciel, sócio e diretor executivo da empresa de gestão de ativos Quest Investimentos.

A taxa de desemprego no Brasil caiu para 4,9 por cento em abril, frente a 13 por cento em 2004, de acordo com os dados mais recentes do IBGE. A renda média real aumentou 50 por cento, para R$ 1.863,60 em maio deste ano, em comparação com janeiro de 2009.

“Nos últimos anos, a economia brasileira mudou bastante, estabelecendo a base para um avanço maior no futuro”, disse Maciel em entrevista por telefone de São Paulo.

“Os volumes no segmento BM&F podem aumentar com a volatilidade do período eleitoral, mas não o suficiente para impulsionar um crescimento notável na receita da BM&FBovespa até o final do ano”, disse Felipe Silveira, analista na corretora Coinvalores, em entrevista por telefone de São Paulo.

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