Deputado dos EUA confirma que FDIC busca no setor privado comprador para o SVB
O Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) busca no setor privado um comprador para o Silicon Valley Bank
Agência de notícias
Publicado em 12 de março de 2023 às 16h30.
Última atualização em 13 de março de 2023 às 11h19.
O deputado americano Ro Khanna confirmou neste domingo, 12, que a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) busca no setor privado um comprador para o Silicon Valley Bank (SVB), que se tornou o segundo maior banco da história dos Estados Unidos a quebrarna última sexta-feira, dia 10.
O parlamentar democrata, que representa o distrito na Califórnia que abriga a sede do SVB, descartou a possibilidade de um resgate estatal à instituição financeira, em linha com a posição da secretária do Tesouro, Janet Yellen . Para ele, os reguladores devem procurar uma solução em outros bancos. "Essa seria a situação ideal e nossa delegação que conversou com o FDIC ontem à noite deixou isso claro", disse, em entrevista à CBS.
Khanna explicou que o processo precisa ter o envolvimento do FDIC e do Tesouro, porque os ativos no balanço do SVB têm pouca liquidez. "Não acho que haverá um comprador privado sem o FDIC e o Tesouro estarem envolvidos para apoiar na liquidez desses títulos do Tesouro", ressaltou.
O deputado exortou a Casa Branca a tomar uma "ação decisiva" para proteger os depositantes do banco, inclusive os que dispõem de valores superiores ao limite de US$ 250 mil protegidos pela FDIC, que é uma espécie de Fundo Garantidor de Crédito (FGC) do Brasil. "O principal é que os depositantes tenham acesso a essas contas", defendeu.
Neste domingo, reportagem da Bloomberg revelou que o FDIC já conduz leilões para os ativos do SVB e que os últimos lances são esperados para hoje.
O que é o Silicon Valley Bank?
Fundado em 1983 na Califórnia, o Silicon Valley Bank fornece crédito para startups. Segundo o SVB, o banco forneceu crédito para 44% das startups de tecnologia e heath techs listadas na bolsa americana no último ano. Além dos Estados Unidos, o SVB tem ação global, em países como Alemanha, Canadá, China, Dinamarca, Índia, Israel, Reino Unido e Suécia.
Por que o SVB está em crise?
Na quarta-feira, dia 8 de março, o SVB anunciou que pretendia levantar US$ 2,25 bilhões. O capital extra ajudaria a instituição a lidar com a queima de caixa acelerada de seus clientes em meio a um ambiente de juros altos.
O plano do SVB seria oferecer US$ 1,25 bilhão em venda de ações ordinárias e mais US$ 500 milhões em ações preferenciais conversíveis obrigatórias. O fundo General Atlantic concordou que compraria outros US$ 500 milhões em ações ordinárias do banco, fechando o valor estimado.
O anúncio, porém, causou pânico entre os investidores e desembocou em uma crise de liquidez com clientes retirando os recursos do SVB.
Na bolsa, as ações desabaram 87% em dois dias. Na sexta-feira, 10, o papel reagiu ainda à notícia da CNBC de que a SVB Financial, controladora do SVB, estaria em contato com fontes para vender a própria operação após a tentativa frustrada do banco em levantar capital.
O que vai acontecer na próxima semana?
Na segunda-feira, dia 13 de março, o banco reabrirá sob o controle do recém-criado Deposit Insurance National Bank of Santa Clara. Quando isso acontecer, os depositantes segurados com até US$ 250 mil em suas contas poderão acessar seu dinheiro.
Entretanto, a maioria dos depósitos não é segurado e ainda não está claro se os clientes poderão acessar o dinheiro ou se receberão tudo de volta. Como Yellen já avisou que o resgate do banco não está sendo avaliado, os reguladores estão analisando outras opções.
Uma delas que poderia ser usada como ferramenta de exceção de risco sistêmico do FDIC para proteger os depósitos não segurados no SVB. Para isso, é necessária uma ação conjunta com o Tesouro e o FED, banco central americano. De acordo com informações da Bloomberg, os reguladores estariam avaliando a criação de um veículo especial de investimento que apoiaria depósitos não garantidos em outros bancos.
Outra possibilidade é que outro banco se prontifique a comprar parte ou a totalidade do SVB. Isso aconteceu durante a crise financeira, inclusive quando o JPMorgan Chase absorveu o Washington Mutual em 2008.