Mercados

Depois da bonança, mercado volta à realidade

Ibovespa recua com números desfavoráveis do emprego nos EUA, além da ressaca do corte inesperado no juro

Operadores da NYSE no dia 5 de agosto de 2011 (Mario Tama/ Getty Images)

Operadores da NYSE no dia 5 de agosto de 2011 (Mario Tama/ Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 2 de setembro de 2011 às 16h48.

São Paulo – A bolsa brasileira interrompeu nesta sexta-feira uma série de 5 sessões em alta e voltou a caminhar ao lado do desempenho dos principais mercados de ações do mundo. Na quinta-feira, a redução da Selic na véspera para 12% ao ano fez com que a Bovespa subisse mais 2,87%, levando a valorização semanal para quase 10%. Mas o mercado parece ter voltado à realidade hoje.

Logo cedo, o Departamento de Trabalho americano publicou o bastante aguardado Relatório de Emprego. A análise detalhada da situação do emprego no país trouxe uma notícia nada agradável. A economia não conseguiu criar postos de trabalho no mês de agosto e os números de julho foram revisados para baixo, de 117 mil para 85 mil. A taxa de desemprego estacionou em 9,1%.

“As empresas estão relutantes em contratar e desesperadas para manter os custos baixos devido à fraca demanda final por produtos e serviços. Enquanto isso, os muitos desempregados que estão procurando trabalho aceitam salários mais baixos do que antes para serem contratados. O resultado líquido é que o ganho médio por hora trabalhada subiu apenas 1,9% na passagem anual”, explica John Silvia, economista-chefe do Wells Fargo, em relatório.

No Brasil

Por aqui, após o alento causado pelo corte inesperado de 0,5 ponto percentual na taxa Selic na noite de quarta-feira, os investidores agora curtem a ressaca do aumento das projeções para a inflação. Os economistas estão colocando na conta o custo de um Banco Central mais leniente com o controle dos preços e mais preocupado com o futuro da economia global, principalmente nos Estados Unidos e na Europa.


“O Copom [Comitê de Política Monetária] entende que, ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012”, mostra o comunicado mais longo que o habitual da equipe liderada por Alexandre Tombini. O mercado espera agora um grande ciclo de afrouxamento monetário, além de uma inflação mais salgada.

Em relatório publicado hoje, o banco UBS já revisou para cima as estimativas inflacionárias para 2011 e 2012. “Em nossa visão, ao cortar a Selic preventivamente, o Copom decidiu correr mais riscos no front da inflação. Como resultado, estamos aumentando as nossas projeções para a inflação”, afirma o economista André Carvalho, que assina a análise. A expectativa do IPCA para este ano saltou de 6,6% para 6,7% neste ano e de 5,4% para 5,8%. 

Segundo Carvalho, há uma probabilidade de 30% para a inflação também romper o limite superior da meta de inflação do governo no ano que vem. O BC tem o mandado de controlar o IPCA, a medida oficial de preços, em um intervalo entre 2,5% e 6,5% ao ano. O IPCA não fica acima da meta de inflação do BC desde 2003. O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil divulgado hoje também ajudou a jogar água na cerveja da festa dos investidores.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que a economia brasileira cresceu 3,1% no segundo trimestre na comparação com o ano passado. O ponto de maior destaque nas contas foi o expressivo crescimento da importação, que avançou 6,07%.

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