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Declarações de Mantega sobre juros fazem curtos caírem

Ao término da negociação normal na BM&F, a taxa projetada pelo DI janeiro de 2013 estava em 7,28%


	Painel: o DI janeiro de 2021, com giro de 5.430 contratos, apontava máxima de 9,88%, ante 9,84% no ajuste
 (Nilton Fukuda/AGÊNCIA ESTADO)

Painel: o DI janeiro de 2021, com giro de 5.430 contratos, apontava máxima de 9,88%, ante 9,84% no ajuste (Nilton Fukuda/AGÊNCIA ESTADO)

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Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2012 às 16h57.

São Paulo - Depois de passar alguns dias perto do ajuste, mas com leve viés de alta, as taxas curtas de juros cederam nesta sexta-feira e voltaram a indicar uma probabilidade maior de a Selic ser cortada em 0,25 ponto porcentual no encontro de outubro do Comitê de Política Monetária (Copom). Esse movimento ocorreu na esteira das declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, em Londres, de que haveria espaço para que o juro básico siga em queda no Brasil.

Além da surpresa com tal posição em um momento de retomada da atividade e de aparente maior conservadorismo do Banco Central, a fala foi vista por agentes como um sinal de que a autonomia do BC pode ser arranhada. Há pouco, no entanto, a assessoria do Ministério da Fazenda esclareceu que, ao dizer que ainda havia espaço para redução dos juros, Mantega se referia às taxas de mercado. No entanto, o rumo dos negócios já estava definido.

Assim, ao término da negociação normal na BM&F, a taxa projetada pelo DI janeiro de 2013 (295.605 contratos) estava em 7,28%, de 7,30% no ajuste. A taxa do contrato de juro futuro para janeiro de 2014 (284.530 contratos) marcava 7,78%, ante 7,80% ontem. Entre os longos, o DI janeiro de 2017 (44.850 contratos) indicava 9,22%, de 9,20% na véspera. O DI janeiro de 2021, com giro de 5.430 contratos, apontava máxima de 9,88%, ante 9,84% no ajuste.


As declarações de Mantega em Londres geraram toda sorte de críticas antes do esclarecimento da Fazenda. "Isso gera ruído e coloca o BC numa situação difícil. Se ele cortar a Selic, isso pode ser visto como se o BC tivesse cedido à pressão do governo, feita publicamente", afirmou o diretor de Pesquisas para Mercados Emergentes da América Latina da Nomura Securities, Tony Volpon. Na sequência, o ministro interino da Fazenda, Nelson Barbosa, comentou a nota e classificou a declaração do diretor da Nomura como equivocada.

Dias antes, tanto Mantega quanto Barbosa já vinham dizendo que não seria necessário elevar a Selic em 2013, uma vez que a inflação, segundo eles, estaria sob controle, porque o atual avanço dos preços ao consumidor seria passageiro, reflexo do efeito da seca nos Estados Unidos sobre as commodities agrícolas.

Mas as críticas não vieram apenas de Volpon. O ex-presidente do Banco Central e sócio da consultoria Tendências, Gustavo Loyola, afirmou que os comentários de Mantega são "uma regressão" ante a instituição do Copom, que é independente para decidir os caminhos da política monetária. "Esses comentários levam as pessoas a duvidar da autonomia do Banco Central", apontou.

Enquanto os debates em torno do nível de preços e da Selic seguem tomando conta do mercado, o governo publicou nesta sexta-feira Medida Provisória para tentar reduzir os spreads bancários e destravar algumas áreas do crédito. Entre outras coisas, a MP constitui fonte adicional de recursos para ampliação de limites operacionais da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil. A medida autoriza a União a conceder crédito à Caixa de até R$ 13 bilhões e ao BB, de até R$ 8,100 bilhões.

No exterior, a notícia veiculada ontem pelo Financial Times, de que autoridade europeias trabalham em um plano para que a Espanha formalize um pedido de resgate integral, seguem dando um viés positivo para os negócios.

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