Custo de captação da Gerdau supera da CSN com briga por Usiminas
Há receio que a empresa gaúcha se endivide para comprar uma fatia da mineira
Da Redação
Publicado em 20 de setembro de 2011 às 08h25.
Rio de Janeiro e Nova York - A Gerdau SA está sendo punida no mercado de títulos e a taxa de seus papéis superou a da Cia. Siderúrgica Nacional. Há receio que a empresa gaúcha se endivide para comprar uma fatia da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais SA.
Os títulos da Gerdau para 2020 estão com taxa 28 pontos-base superior aos da CSN com prazo semelhante, contra uma diferença de 6 pontos-base na semana passada, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O aumento indica que os investidores percebem o investimento na Gerdau como mais arriscado.
O custo de captação da Gerdau subiu 0,3 ponto percentual, ou 30 pontos-base, nos últimos 30 dias para 5,8 por cento ontem. No mesmo período, a taxa média de títulos de companhias globais de metais, mineração e siderurgia, subiu 17 pontos-base, segundo dados do Bank of America Corp.
A Gerdau e a Nippon Steel Corp., maior siderúrgica do Japão e um dos controladores da Usiminas, negociam acordo para bloquear uma oferta de US$ 2,78 bilhões por parte da CSN, disseram duas pessoas com conhecimento do assunto na semana passada. Siderúrgicas em todo o mundo têm se concentrado em fusões para cortar custos e em elevar sua produção própria de minério de ferro, devido ao encarecimento das matérias-primas brutas. A CSN vem comprando ações da Usiminas no mercado pelo menos desde janeiro.
“Investidores institucionais estão apostando que a Gerdau poderá acabar com a Usiminas e que isso pode afetar seu balanço”, disse Rodrigo Covian, chefe de negociações de renda fixa da Bulltick Capital Markets, em entrevista por telefone de Miami. “Vejo uma clara tendência de clientes vendendo mais Gerdau do que CSN.”
Os títulos da Gerdau rendiam 33 pontos-base a menos do que os da CSN em 16 de agosto, segundo dados compilados pela Bloomberg. A reversão da tendência para as taxas começou em 13 de setembro.
Diante a piora da crise da dívida na Europa, a eventual aquisição da Usiminas pela Gerdau viria num momento em que detentores de títulos dão preferência a empresas que aumentam o caixa, disse Bevan Rosenbloom, estrategista de crédito do Citigroup Inc. em Nova York.
‘Valor estratégico’
“Não vejo muito valor estratégico no esforço pela Usiminas”, disse Rosenbloom em entrevista por telefone. “Do ponto de vista da empresa, existe espaço para ganho, mas eu duvido que os detentores de títulos enxerguem desta maneira, especialmente num ambiente volátil como este, demandando que o dinheiro seja protegido.”
Gerdau, CSN e Usiminas têm dívida classificada como BBB-, a menor na escala de grau de investimento pela Standard & Poor’s e pela Fitch Ratings. A Moody’s dá nota de crédito Baa3 para a Usiminas, um nível acima da classificação Ba1 da Gerdau e da CSN.
A Usiminas, cuja margem de lucro com aço caiu para 6 por cento no primeiro semestre, contra 18 por cento um ano antes, foi a siderúrgica latino-americana mais afetada pelo aumento dos custos, disse Natalia Corfield, analista de dívida corporativa da ING Groep NV, em Nova York, em nota a clientes de 12 de setembro. A alta de 15,4 por cento do real nos últimos quatro meses também reduziu a competitividade da produção local de aço em relação às importações.
Apoio do governo
O presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, vem negociando com Camargo Corrêa SA e Grupo Votorantim para tentar comprar suas ações ordinárias na Usiminas por R$ 40 cada, disseram pessoas a par das conversas, que pediram anonimato porque as discussões são privativas. Essa oferta avalia a fatia de 26 por cento dos dois grupos em R$ 5 bilhões.
É mais provável que a Gerdau receba o apoio do governo para liderar a consolidação da indústria siderúrgica, disseram as fontes. O governo tenta aumentar a oferta do metal usado na construção dos projetos de infraestrutura necessários para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
A CSN disse em janeiro que poderia aumentar seu investimento na Usiminas para um patamar que alteraria a direção ou o controle da companhia. Desde então, a CSN mais do que dobrou sua fatia no capital votante para 11,29 por cento em 19 de agosto. A empresa também triplicou o investimento em ações preferenciais para 15,25 por cento no período.
‘Não têm fundamento’
A Gerdau informou em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários em 16 de setembro que não fez uma oferta por meio da Nippon Steel por papéis da Camargo Corrêa ou do Votorantim na Usiminas. A CSN disse em 8 de setembro que relatos de que teria feito uma oferta por participação na Usiminas “não têm fundamento”. A Usiminas disse em 16 de setembro que seus acionistas não estavam a par de uma oferta pela CSN.
A assessoria de imprensa da Gerdau em Porto Alegre disse que a empresa não comentaria o aumento dos custos de captação. A assessoria de imprensa da CSN em São Paulo não quis fazer comentários para esta reportagem. A Usiminas em Belo Horizonte orientou a Bloomberg a usar como referência o comunicado ao mercado datado de 16 de setembro.
Rio de Janeiro e Nova York - A Gerdau SA está sendo punida no mercado de títulos e a taxa de seus papéis superou a da Cia. Siderúrgica Nacional. Há receio que a empresa gaúcha se endivide para comprar uma fatia da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais SA.
Os títulos da Gerdau para 2020 estão com taxa 28 pontos-base superior aos da CSN com prazo semelhante, contra uma diferença de 6 pontos-base na semana passada, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O aumento indica que os investidores percebem o investimento na Gerdau como mais arriscado.
O custo de captação da Gerdau subiu 0,3 ponto percentual, ou 30 pontos-base, nos últimos 30 dias para 5,8 por cento ontem. No mesmo período, a taxa média de títulos de companhias globais de metais, mineração e siderurgia, subiu 17 pontos-base, segundo dados do Bank of America Corp.
A Gerdau e a Nippon Steel Corp., maior siderúrgica do Japão e um dos controladores da Usiminas, negociam acordo para bloquear uma oferta de US$ 2,78 bilhões por parte da CSN, disseram duas pessoas com conhecimento do assunto na semana passada. Siderúrgicas em todo o mundo têm se concentrado em fusões para cortar custos e em elevar sua produção própria de minério de ferro, devido ao encarecimento das matérias-primas brutas. A CSN vem comprando ações da Usiminas no mercado pelo menos desde janeiro.
“Investidores institucionais estão apostando que a Gerdau poderá acabar com a Usiminas e que isso pode afetar seu balanço”, disse Rodrigo Covian, chefe de negociações de renda fixa da Bulltick Capital Markets, em entrevista por telefone de Miami. “Vejo uma clara tendência de clientes vendendo mais Gerdau do que CSN.”
Os títulos da Gerdau rendiam 33 pontos-base a menos do que os da CSN em 16 de agosto, segundo dados compilados pela Bloomberg. A reversão da tendência para as taxas começou em 13 de setembro.
Diante a piora da crise da dívida na Europa, a eventual aquisição da Usiminas pela Gerdau viria num momento em que detentores de títulos dão preferência a empresas que aumentam o caixa, disse Bevan Rosenbloom, estrategista de crédito do Citigroup Inc. em Nova York.
‘Valor estratégico’
“Não vejo muito valor estratégico no esforço pela Usiminas”, disse Rosenbloom em entrevista por telefone. “Do ponto de vista da empresa, existe espaço para ganho, mas eu duvido que os detentores de títulos enxerguem desta maneira, especialmente num ambiente volátil como este, demandando que o dinheiro seja protegido.”
Gerdau, CSN e Usiminas têm dívida classificada como BBB-, a menor na escala de grau de investimento pela Standard & Poor’s e pela Fitch Ratings. A Moody’s dá nota de crédito Baa3 para a Usiminas, um nível acima da classificação Ba1 da Gerdau e da CSN.
A Usiminas, cuja margem de lucro com aço caiu para 6 por cento no primeiro semestre, contra 18 por cento um ano antes, foi a siderúrgica latino-americana mais afetada pelo aumento dos custos, disse Natalia Corfield, analista de dívida corporativa da ING Groep NV, em Nova York, em nota a clientes de 12 de setembro. A alta de 15,4 por cento do real nos últimos quatro meses também reduziu a competitividade da produção local de aço em relação às importações.
Apoio do governo
O presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, vem negociando com Camargo Corrêa SA e Grupo Votorantim para tentar comprar suas ações ordinárias na Usiminas por R$ 40 cada, disseram pessoas a par das conversas, que pediram anonimato porque as discussões são privativas. Essa oferta avalia a fatia de 26 por cento dos dois grupos em R$ 5 bilhões.
É mais provável que a Gerdau receba o apoio do governo para liderar a consolidação da indústria siderúrgica, disseram as fontes. O governo tenta aumentar a oferta do metal usado na construção dos projetos de infraestrutura necessários para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
A CSN disse em janeiro que poderia aumentar seu investimento na Usiminas para um patamar que alteraria a direção ou o controle da companhia. Desde então, a CSN mais do que dobrou sua fatia no capital votante para 11,29 por cento em 19 de agosto. A empresa também triplicou o investimento em ações preferenciais para 15,25 por cento no período.
‘Não têm fundamento’
A Gerdau informou em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários em 16 de setembro que não fez uma oferta por meio da Nippon Steel por papéis da Camargo Corrêa ou do Votorantim na Usiminas. A CSN disse em 8 de setembro que relatos de que teria feito uma oferta por participação na Usiminas “não têm fundamento”. A Usiminas disse em 16 de setembro que seus acionistas não estavam a par de uma oferta pela CSN.
A assessoria de imprensa da Gerdau em Porto Alegre disse que a empresa não comentaria o aumento dos custos de captação. A assessoria de imprensa da CSN em São Paulo não quis fazer comentários para esta reportagem. A Usiminas em Belo Horizonte orientou a Bloomberg a usar como referência o comunicado ao mercado datado de 16 de setembro.