Crise financeira é hit entre os melhores livros de economia do ano

São Paulo - Quando o mercado financeiro capitulou em 2007, todos os ingredientes de uma tragédia clássica estavam lá: personagens de elevada posição entram em ruína, gerando caos e consequências que pesam (até hoje) sobre o destino de todos.   Por isso mesmo, não são os livros de ficção, e sim títulos com histórias reais dos bastidores do colapso do mercado financeiro os donos dos melhores enredos sobre o assunto.  O crash de 2007 também domina com larga vantagem a lista dos indicados a Livro do Ano de 2010 do Financial Times, divulgada na quinta-feira,  com os sete finalistas entre os 200 inscritos na edição. No mês de aniversário de dois anos da quebra do Lehmam Brothers a prévia do prêmio sai de Wall Street apenas para contar a história do gigante Facebook e da evolução dos direitos de escolha na sociedade ocidental.  Para o mundo, ainda é importante entender o que aconteceu naquele intervalo do capitalismo financeiro. Confira, nas próximas páginas, a lista dos livros indicados. O prêmio para o vencedor é de 30 mil libras e será anunciando no dia 27 de outubro. O prêmio é promovido pelo jornal Financial Times e pelo banco Goldman Sachs.

São Paulo - "Grande demais para quebrar" ou "Too big to fail" foi uma frase muito repetida antes da última crise. O jargão se referia à ideia de que os maiores bancos e empresas e mais interconectados são tão grandes que o governo não pode permiti-los falhar, ou haveria um efeito desastroso na economia.  No livro do jornalista Andrew Sorkin, o efeito dominó nos grandes bancos de investimentos americanos em 2007 é dissecado desde a compra do Bear Stearns à decisão levada a cabo pelo governo para injetar dezenas de bilhões de dólares nos grandes bancos, na tentativa desesperada de salvar o sistema.  A obra do colunista do New York Times recebeu resenhas positivas e é descrita como o primeiro relato de bastidores detalhados e com histórias "suculentas" dos círculos internos.


Livro: Too Big to Fail: The Inside Story of How Wall Street and Washington Fought to Save the Financial System - and Themselves
De: Andrew Ross Sorkin
Editoras: Allen Lane/Penguin Press UK, Viking/Penguin US

São Paulo - Num mergulho das engrenagens que levaram a economia americana ao precipício, o livro "Inside the Doomsday Machine" tenta mostrar como um conjunto de modelos matemáticos abstratos, e não uma guerra ou epidemia, conseguiu levar o mundo inteiro à recessão.   O ponto do autor Michael Lewis é claro: nem mesmo os executivos de finanças conseguem entender a teoria do que fazem (num trecho hilário, um membro de um fundo de investimentos lhe diz: "Apenas uma pessoa que tem Síndrome de Asperger leria um prospecto de obrigação hipotecária de subprime").   O caldeirão de fatores que desencadeou a crise envolve também empresas gananciosas e pouco atenciosas, num mercado quase darwiniano, as quais Michael Lewis vai dissecando uma a uma. Os direitos do livro foram comprados pela Paramount e pela Plan B, produtora de Brad Pitt, para serem adaptados ao cinema.  Livro: The Big Short: Inside the Doomsday Machine  De: Michael Lewis  Editora: Allen Lane/Penguin Press UK, WW Norton & Co US

São Paulo - A refinada engenharia financeira que dá origem a "mestres do universo" como George Soros (considerado guru dos fundos de investimentos) é o tema da obra de Sebastian Mallaby. Além de explicar como funciona a indústria de magnatas, o autor defende que os apostadores "carismáticos e obsessivos" dos fundos hedge são o futuro de Wall Street - e possivelmente sua salvação. Entre os argumentos, está o fato inquestionável de que a história dos fundos hedge é a história dos homens com habilidade de detectar oportunidades de mercado que outros deixaram passar, e que estão preparados para jogar uma fortuna em suas convicções. Em 12 histórias reais, Mallaby conta porque o modelo de fundo hedge sobreviveu à crise e ainda anda bem com as próprias pernas. Livro: More Money than God: Hedge Funds and the Making of a New Elite De: Sebastian Mallaby Editora: Bloomsbury, Penguin Press

São Paulo - No livro de Raghuram Rajan, professor de finanças na universidade de Chicago, o destaque são as experiências pessoais - as linhas de falha do título falam dos muitos protagonistas da crise. Segundo a teoria do autor, a crise é conseqüência do uso sem freios do crédito barato em diferentes governos, em busca de apoio político das classes menos favorecidas.   A causa da crise estaria, portanto, nos salários baixos da mão de obra menos educada e na crescente desigualdade de renda nos EUA. Rajan foi um dos economistas que ficaram famosos por antecipar a crise financeira, e tem um forte viés social na sua leitura do sistema financeiro americano.  Livro: "Fault Lines: How Hidden Fractures Still Threaten the World Economy"  De: Raghuram Rajan  Editora: Princeton University Press.

São Paulo - Escolher livremente o que comer, aonde ir e o que vestir são conquistas da sociedade, certo? Para Sheena Iyengar, a liberdade de opção não necessariamente traz conseqüências boas. Em seu livro de estreia, a professora da Universidade de Columbia defende que muitas opções acabam gerando dúvida e levando à ausência de decisão. "Antes de fazermos uma escolha, temos que ser capazes de identificar o que queremos. Precisamos conhecer as opções, diferenciá-las e saber quais estão mais próximas do nosso objetivo", disse a autora sobre o livro ao New York Times. Para sustentar sua visão, a psicóloga conduziu o já famoso "estudo da geléia", que avalia se se uma grande variedade de opções era traduzida em maiores vendas.  Dos consumidores que pararam quando havia 24 sabores de geleia expostos numa loja da California, apenas 3% compraram um vidro. Quando seis foram expostos, 30% dos que pararam, compraram. "Escolher é mais difícil quando as opções aumentam", defende a autora. Livro: The Art of Choosing De: Sheena Iyengar Editora: Twelve

São Paulo - Mark Zuckerberg, sempre acompanhado de um largo sorriso e sandálias esportivas nos pés, é a face da nova era da internet: um ambiente social e fechado, construído por aplicativos e alimentado por compartilhamento - praticamente paralelo à navegação tradicional e de portas fechadas ao antes onipotente Google.  Se o projeto de faculdade de Zuckerberg, que criou a rede social em Harvard em 2004, terá força para criar uma nova ordem na web ainda não se sabe, mas David Kirkpatrick já tem suas teorias. Expostas no livro Facebook Effect, as histórias coletadas pelo repórter com um privilegiado acesso à alta cúpula da empresa ressaltam a ambição e timing da jovem companhia.  Livro: The Facebook Effect: The Inside Story of the Company That Is Connecting the World De: David Kirkpatrick Editora: Simon & Schuster