Crise europeia se reflete no Brasil com queda dos títulos do BES
A subsidiária do maior banco português de capital aberto lidera as quedas no mercado de renda fixa brasileiro
Da Redação
Publicado em 21 de junho de 2011 às 11h48.
Nova York - O BES Investimento do Brasil SA, subsidiária no País do maior banco português de capital aberto, lidera as quedas no mercado de renda fixa brasileiro com os receios de que a crise na Europa obrigue o controlador da instituição a repatriar recursos.
O rendimento dos títulos em dólares e com vencimento em 2015 do banco sediado em São Paulo subiu 191 pontos-base, ou 1,91 ponto percentual, na semana passada para 8,05 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg. O custo médio de captação para empresas brasileiras subiu três pontos-base no mesmo período, enquanto a taxa para bancos da América Latina aumentou 16, de acordo com índices do JPMorgan Chase & Co. e do Credit Suisse Group AG.
As taxas pagas pelos papéis do BES Investimento dispararam depois que a Moody’s Investors Service disse que pode cortar a nota de crédito do banco, citando preocupações de que as dificuldades do controlador, com sede em Lisboa, leve a uma alta nos custos de financiamento da subsidiária. Bancos portugueses estão recorrendo à ajuda do Banco Central Europeu após o déficit crescente no orçamento ter obrigado o país a buscar socorro. A crise de dívida da região piorou depois que ministros não conseguiram chegar a um acordo em 19 de junho para aumentar a ajuda à Grécia, elevando a ameaça de que a região do euro tenha sua primeira moratória.
“Investidores temem que em caso de qualquer problema na União Europeia os bancos repatriem capital para os controladores”, disse Omar Zeolla, analista de crédito para mercados emergentes da RBS Securities Inc., em entrevista por telefone. “É o que está causando tudo isso.”
Os títulos do BES Investimento pagam um prêmio recorde de 612 pontos-base acima de títulos com prazo similar do governo brasileiro, contra 295 pontos-base em março, segundo dados da Bloomberg. O banco tem nota de crédito Ba1 pela Moody’s, ou dois níveis abaixo da classificação do País.
A Moody’s elevou a nota brasileira ontem, dois meses depois da Fitch Ratings, citando o corte de gastos feito pelo governo para ajudar a frear a inflação.
‘Autônoma’
O BES Investimento não será afetado por qualquer problema que possa surgir em Portugal, disse Paulo Saba, diretor- executivo da instituição. “Não tem a menor possibilidade” de a filial brasileira fazer um aporte de capital na matriz, o Banco Espírito Santo SA, e o desempenho dos títulos não reflete os fundamentos da subsidiária, disse ele.
“A unidade brasileira é autônoma e não depende da matriz para nada”, disse Saba em entrevista por telefone ontem, de São Paulo. “A esses preços, eu gostaria de recomprar os papéis.”
O Banco Espírito Santo em Lisboa não quis comentar, segundo sua assessoria de imprensa.
Perspectiva negativa
O BES Investimento oferece serviços de project finance, fusões e aquisições e administração de riscos para os setores de telecomunicações, transporte, energia e infraestrutura no Brasil.
Os títulos do governo português com vencimento em 2015 em 2015 rendem 9,64 por cento, segundo dados da Bloomberg. O país, que receberá 78 bilhões de euros dentro do pacote de ajuda fechado com o Fundo Monetário Internacional e com a União Europeia, teve sua nota de crédito reduzida para Baa1 pela Moody’s e para BBB-pela Fitch em abril. A Standard & Poor’s cortou a nota do país para BBB- em março. As três agências têm perspectivas negativas para a classificação de Portugal.
A Moody’s colocou em 9 de junho a nota de crédito do Banco Espírito Santo e de outros seis bancos portugueses em revisão com possibilidade de rebaixamento.
“Nosso objetivo agora é monitorar os bancos para avaliar quanto um potencial downgrade ou a possibilidade de downgrade na nota da matriz se traduziria em um aumento do custo de financiamento ou queda no volume de negócios para as subsidiárias”, disse Alexandre Albuquerque, analista da Moody’s em São Paulo, em entrevista por telefone.
Nova York - O BES Investimento do Brasil SA, subsidiária no País do maior banco português de capital aberto, lidera as quedas no mercado de renda fixa brasileiro com os receios de que a crise na Europa obrigue o controlador da instituição a repatriar recursos.
O rendimento dos títulos em dólares e com vencimento em 2015 do banco sediado em São Paulo subiu 191 pontos-base, ou 1,91 ponto percentual, na semana passada para 8,05 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg. O custo médio de captação para empresas brasileiras subiu três pontos-base no mesmo período, enquanto a taxa para bancos da América Latina aumentou 16, de acordo com índices do JPMorgan Chase & Co. e do Credit Suisse Group AG.
As taxas pagas pelos papéis do BES Investimento dispararam depois que a Moody’s Investors Service disse que pode cortar a nota de crédito do banco, citando preocupações de que as dificuldades do controlador, com sede em Lisboa, leve a uma alta nos custos de financiamento da subsidiária. Bancos portugueses estão recorrendo à ajuda do Banco Central Europeu após o déficit crescente no orçamento ter obrigado o país a buscar socorro. A crise de dívida da região piorou depois que ministros não conseguiram chegar a um acordo em 19 de junho para aumentar a ajuda à Grécia, elevando a ameaça de que a região do euro tenha sua primeira moratória.
“Investidores temem que em caso de qualquer problema na União Europeia os bancos repatriem capital para os controladores”, disse Omar Zeolla, analista de crédito para mercados emergentes da RBS Securities Inc., em entrevista por telefone. “É o que está causando tudo isso.”
Os títulos do BES Investimento pagam um prêmio recorde de 612 pontos-base acima de títulos com prazo similar do governo brasileiro, contra 295 pontos-base em março, segundo dados da Bloomberg. O banco tem nota de crédito Ba1 pela Moody’s, ou dois níveis abaixo da classificação do País.
A Moody’s elevou a nota brasileira ontem, dois meses depois da Fitch Ratings, citando o corte de gastos feito pelo governo para ajudar a frear a inflação.
‘Autônoma’
O BES Investimento não será afetado por qualquer problema que possa surgir em Portugal, disse Paulo Saba, diretor- executivo da instituição. “Não tem a menor possibilidade” de a filial brasileira fazer um aporte de capital na matriz, o Banco Espírito Santo SA, e o desempenho dos títulos não reflete os fundamentos da subsidiária, disse ele.
“A unidade brasileira é autônoma e não depende da matriz para nada”, disse Saba em entrevista por telefone ontem, de São Paulo. “A esses preços, eu gostaria de recomprar os papéis.”
O Banco Espírito Santo em Lisboa não quis comentar, segundo sua assessoria de imprensa.
Perspectiva negativa
O BES Investimento oferece serviços de project finance, fusões e aquisições e administração de riscos para os setores de telecomunicações, transporte, energia e infraestrutura no Brasil.
Os títulos do governo português com vencimento em 2015 em 2015 rendem 9,64 por cento, segundo dados da Bloomberg. O país, que receberá 78 bilhões de euros dentro do pacote de ajuda fechado com o Fundo Monetário Internacional e com a União Europeia, teve sua nota de crédito reduzida para Baa1 pela Moody’s e para BBB-pela Fitch em abril. A Standard & Poor’s cortou a nota do país para BBB- em março. As três agências têm perspectivas negativas para a classificação de Portugal.
A Moody’s colocou em 9 de junho a nota de crédito do Banco Espírito Santo e de outros seis bancos portugueses em revisão com possibilidade de rebaixamento.
“Nosso objetivo agora é monitorar os bancos para avaliar quanto um potencial downgrade ou a possibilidade de downgrade na nota da matriz se traduziria em um aumento do custo de financiamento ou queda no volume de negócios para as subsidiárias”, disse Alexandre Albuquerque, analista da Moody’s em São Paulo, em entrevista por telefone.