Credit Suisse rebaixa São Martinho e aponta pressões de custos
Forte valorização das ações nos últimos meses limita o potencial de ganhos, diz analista
Da Redação
Publicado em 7 de dezembro de 2010 às 15h58.
São Paulo – O Credit Suisse rebaixou a recomendação para as ações da São Martinho (SMTO3), de outperform (desempenho acima da média de mercado) para neutral (desempenho em linha com a média de mercado). De acordo com o analista Luiz Otavio Campos, a alteração é fruto da recente valorização das ações nos últimos meses; os papéis ordinários da São Martinho já valorizaram 41% em 2010, contra 1,4% do Ibovespa. Outro fator que justifica o rebaixamento da recomendação é o limitado potencial de valorização das ações, apesar de o preço-alvo da companhia ter subido de 24 reais para 27 reais.
“Continuamos a ver a São Martinho como uma companhia premium no setor e com uma das estruturas de custo mais eficientes e forte equipe gerencial. Também recebemos bem a parceria com a Petrobras, o que irá reduzir a alavancagem enquanto acelera o desenvolvimento da usina de Boa Vista”, avalia o analista.
Para o Credit Suisse, apesar de a parceria com a Petrobras abrir espaço para um crescimento adicional, a empresa está enfrentando dificuldades em encontrar opções de investimentos atrativas. Enquanto os custos dos novos projetos estão entre US$ 120 – 130 por tonelada, os ativos disponíveis para venda também estão inflacionados pelo recente aumento nos preços do açúcar, o que não resulta em retornos atrativos. Além disso, dado aos custos mais elevados de plantar em Goiás, a empresa também enfrenta dificuldades para encontrar disponibilidade de cana-de-açúcar de terceiros.
São Martinho + Petrobras
A Petrobras, por meio da sua subsidiária Petrobras Biocombustível, anunciou em junho deste ano a criação da Nova Fronteira em parceria com a São Martinho. A nova empresa é composta por dois ativos: a Usina Boa Vista, atualmente em produção, e o projeto greenfield SMBJ Agroindustrial (a sigla é referente à denominação São Martinho Bom Jesus), ambos localizados em Goiás. Os investimentos de 420,8 milhões de reais da estatal serão destinados à ampliação da produção de moagem da Usina de da Boa Vista. Localizada em Quirinópolis, interior de Goiás, a unidade terá sua capacidade industrial ampliada dos atuais 2,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar para 7 milhões na safra de 2014/2015.
“Para que a São Martinho continue a ver a sua capacidade de moagem para além dos 15,1 milhões de toneladas esperadas para 2015, o que inclui apenas o desenvolvimento de Boa Vista, precisaríamos ver uma mudança sustentável para cima dos preços do etanol e do açúcar e uma queda nos preços dos ativos. A companhia indicou que poderia procurar ativos menores, que podem estar em uma situação problemática”, conclui o relatório.