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Cosan tem desempenho pior após US$ 2,4 bi em compras

Os US$ 500 milhões em títulos perpétuos em dólar da empresa têm taxa de 7,95%

As aquisições da Cosan desde fevereiro somam US$ 2,4 bilhões (Divulgação/EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de maio de 2012 às 06h37.

São Paulo/Rio de Janeiro - Os títulos da Cosan SA Indústria e Comércio, produtora de açúcar cujas aquisições desde fevereiro somam US$ 2,4 bilhões, estão com desempenho pior que os de seus pares por conta do receio que o aumento em sua dívida levará a cortes em sua nota de crédito.

Os US$ 500 milhões em títulos perpétuos em dólar da Cosan têm taxa de 7,95 por cento, ou 146 pontos-base a mais que papéis similares de companhias latino-americanas, segundo dados compilados pela Bloomberg e pelo Credit Suisse Group AG. No fim de 2011, o rendimento estava em 76 pontos-base, ou 0,76 ponto percentual. A Cosan, que controla a maior usina de cana de açúcar do mundo em parceria com a Royal Dutch Shell Plc, tem nota Ba2 na Moody’s Investors Service e BB+ na Fitch Ratings.

Na semana passada, a Fitch disse que pode cortar a nota da Cosan após o anúncio que a empresa fechou acordo para comprar a Companhia de Gás de São Paulo por US$ 1,8 bilhão, maior aquisição desde 2005. Filippe Goossens, analista da Moody’s, disse que a compra elevaria a dívida da Cosan, prejudicando seus esforços para obter grau de investimento. A Cosan, com sede em São Paulo, aceitou em março pagar US$ 100 milhões pela Comma Oil and Chemicals à Exxon, e outros US$ 522,8 milhões por uma participação na ALL América Latina Logística SA em fevereiro.

“Agora o desafio é maior para obterem o grau de investimento”, disse Goossens em entrevista por telefone. “Os anúncios recentes são negativos para o risco da Cosan. Os níveis de alavancagem definitivamente serão maiores que os que tínhamos antecipado.”

Os títulos da Cosan tem taxa 353 pontos-base mais alta que em papéis do governo com vencimento em 2041, contra diferença de 323 pontos-base há um mês, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Plano de diversificação

A companhia anunciou em comunicado em 3 de maio que assinou acordo com a BG Group Plc, sediada em Reading, na Inglaterra, para compra de sua fatia de 60,1 por cento na Companhia de Gás de São Paulo - Comgás, que é a maior distribuidora de gás do Brasil. A aquisição, que ainda precisa da aprovação dos acionistas, é parte dos esforços do presidente e fundador da Cosan, Rubens Ometto, de se expandir do etanol para combustíveis fósseis, desde a compra dos ativos de distribuição da Exxon no Brasil por US$ 826 milhões em 2008.

A Cosan pode vender títulos para financiar a aquisição da Comma Oil, disse o chefe da divisão de lubrificantes, Nelson Gomes, em entrevista em 1 de março.

Um assessor de imprensa da Cosan, que pediu para não ser identificado em obediência à política interna, se recusou a fazer comentários sobre o desempenho dos títulos ou sobre planos de emissão de dívida.

A dívida líquida da Cosan vai subir de 2,1 vezes para 3,7 vezes após a compra da Comgás, disse a Fitch em comunicado em 3 de maio.


“Os níveis de alavancagem podem ser administráveis no longo prazo, mas no curto prazo eles preocupam”, disse Ricardo Carvalho, diretor da Fitch Ratings, em entrevista por telefone do Rio de Janeiro. “A integração da Comgás será um desafio para a Cosan, uma vez que eles não atuam no setor de distribuição de gás natural.”

"Compradora agressiva"

Para Klaus Spielkamp, operador de renda fixa da Bulltick Capital Markets, os benefícios da diversificação para além da cana-de-açúcar compensam o aumento na dívida.

“Maiores níveis de alavancagem são motivo de preocupação, é claro, mas a Cosan tem reputação como uma compradora agressiva que teve sucesso em integrar as empresas adquiridas”, disse Spielkamp em entrevista por telefone de Miami. “Pode ser difícil perceber esses benefícios agora, mas eles estão cada vez mais migrando para segmentos com geração de caixa mais estável. A Cosan está se diversificando, reduzindo a exposição à cana-de- açúcar, e deve se beneficiar dessa decisão no médio e longo prazos.”

Como exportadora, a Cosan também vai se beneficiar da desvalorização do real, afirmou Vinicius Pasquarelli, operador de dívida de mercados emergentes da Tradition Asiel Securities.

O real despencou 5,2 por cento em relação ao dólar este ano, o pior desempenho entre as 16 principais moedas.

“As agências de rating estão falhando em ver como o dólar forte pode resultar em melhores margens operacionais para a Cosan”, disse Pasquarelli em entrevista por telefone de Nova York. “A Cosan é a melhor empresa do setor de cana-de-açúcar. Ela ainda é uma aposta de compra.”

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Os US$ 500 milhões em títulos perpétuos em dólar da Cosan têm taxa de 7,95 por cento, ou 146 pontos-base a mais que papéis similares de companhias latino-americanas, segundo dados compilados pela Bloomberg e pelo Credit Suisse Group AG. No fim de 2011, o rendimento estava em 76 pontos-base, ou 0,76 ponto percentual. A Cosan, que controla a maior usina de cana de açúcar do mundo em parceria com a Royal Dutch Shell Plc, tem nota Ba2 na Moody’s Investors Service e BB+ na Fitch Ratings.

Na semana passada, a Fitch disse que pode cortar a nota da Cosan após o anúncio que a empresa fechou acordo para comprar a Companhia de Gás de São Paulo por US$ 1,8 bilhão, maior aquisição desde 2005. Filippe Goossens, analista da Moody’s, disse que a compra elevaria a dívida da Cosan, prejudicando seus esforços para obter grau de investimento. A Cosan, com sede em São Paulo, aceitou em março pagar US$ 100 milhões pela Comma Oil and Chemicals à Exxon, e outros US$ 522,8 milhões por uma participação na ALL América Latina Logística SA em fevereiro.

“Agora o desafio é maior para obterem o grau de investimento”, disse Goossens em entrevista por telefone. “Os anúncios recentes são negativos para o risco da Cosan. Os níveis de alavancagem definitivamente serão maiores que os que tínhamos antecipado.”

Os títulos da Cosan tem taxa 353 pontos-base mais alta que em papéis do governo com vencimento em 2041, contra diferença de 323 pontos-base há um mês, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Plano de diversificação

A companhia anunciou em comunicado em 3 de maio que assinou acordo com a BG Group Plc, sediada em Reading, na Inglaterra, para compra de sua fatia de 60,1 por cento na Companhia de Gás de São Paulo - Comgás, que é a maior distribuidora de gás do Brasil. A aquisição, que ainda precisa da aprovação dos acionistas, é parte dos esforços do presidente e fundador da Cosan, Rubens Ometto, de se expandir do etanol para combustíveis fósseis, desde a compra dos ativos de distribuição da Exxon no Brasil por US$ 826 milhões em 2008.

A Cosan pode vender títulos para financiar a aquisição da Comma Oil, disse o chefe da divisão de lubrificantes, Nelson Gomes, em entrevista em 1 de março.

Um assessor de imprensa da Cosan, que pediu para não ser identificado em obediência à política interna, se recusou a fazer comentários sobre o desempenho dos títulos ou sobre planos de emissão de dívida.

A dívida líquida da Cosan vai subir de 2,1 vezes para 3,7 vezes após a compra da Comgás, disse a Fitch em comunicado em 3 de maio.


“Os níveis de alavancagem podem ser administráveis no longo prazo, mas no curto prazo eles preocupam”, disse Ricardo Carvalho, diretor da Fitch Ratings, em entrevista por telefone do Rio de Janeiro. “A integração da Comgás será um desafio para a Cosan, uma vez que eles não atuam no setor de distribuição de gás natural.”

"Compradora agressiva"

Para Klaus Spielkamp, operador de renda fixa da Bulltick Capital Markets, os benefícios da diversificação para além da cana-de-açúcar compensam o aumento na dívida.

“Maiores níveis de alavancagem são motivo de preocupação, é claro, mas a Cosan tem reputação como uma compradora agressiva que teve sucesso em integrar as empresas adquiridas”, disse Spielkamp em entrevista por telefone de Miami. “Pode ser difícil perceber esses benefícios agora, mas eles estão cada vez mais migrando para segmentos com geração de caixa mais estável. A Cosan está se diversificando, reduzindo a exposição à cana-de- açúcar, e deve se beneficiar dessa decisão no médio e longo prazos.”

Como exportadora, a Cosan também vai se beneficiar da desvalorização do real, afirmou Vinicius Pasquarelli, operador de dívida de mercados emergentes da Tradition Asiel Securities.

O real despencou 5,2 por cento em relação ao dólar este ano, o pior desempenho entre as 16 principais moedas.

“As agências de rating estão falhando em ver como o dólar forte pode resultar em melhores margens operacionais para a Cosan”, disse Pasquarelli em entrevista por telefone de Nova York. “A Cosan é a melhor empresa do setor de cana-de-açúcar. Ela ainda é uma aposta de compra.”

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