Conselho da Petrobras vai julgar nesta sexta indicações restantes para o colegiado
A dúvida agora é se o governo Lula terá a mesma postura do governo anterior, ignorando as recomendações dos comitês da estatal
Agência de notícias
Publicado em 13 de abril de 2023 às 12h51.
Última atualização em 14 de abril de 2023 às 06h45.
O Conselho de Administração da Petrobras marcou para a sexta-feira, 14, uma reunião extraordinária para analisar mais indicações ao novo colegiado. Ainda resta ao Conselho atual avaliar seis nomes apontados como candidatos pela União e dois por minoritários. O Conselho deve se manifestar sobre todas essas indicações até 27 de abril, data da Assembleia Geral Ordinária (AGO), quando será eleito o novo Conselho com os nomes indicados pelo governo Lula.
Até o momento, apurou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), três dos 11 nomes enviados pelo Ministério de Minas e Energia (MME) foram rejeitados pelo Comitê de Pessoas do Conselho.
Candidatos reporvados
O Cope já havia rejeitado em março os nomes do secretário de Petróleo do MME, Pietro Mendes, e do físico e dirigente do PSB, Sergio Rezende, fato que foi ratificado pelo Conselho em reunião do dia 22 de março. No fim do mês, foi a vez do Cope rejeitar o secretário-executivo do MME, Efrain Cruz.
A reprovação de Cruz, diz uma fonte, deve ser confirmada na íntegra do Conselho nesta sexta, já que Cruz ocupa cargo direto no governo federal e sua indicação é vedada pela Lei das Estatais (13.303), por configurar possível conflito de interesses. O caso é similar ao de Pietro Mendes, que acabou rejeitado pelo Conselho de Administração em votação apertada, pelo placar de quatro votos a três. No caso de Rezende, a vedação se deve à sua pretensa liderança partidária e foi reconhecida por unanimidade pelo atual Conselho da Petrobras.
As reprovações não anulam automaticamente as indicações, porque o parecer do Cope tem caráter meramente consultivo e, historicamente, as decisões do corpo de acionistas se impõem. A situação dos três executivos ora rejeitados pela governança da Petrobras é semelhante à que ocorreu no governo Jair Bolsonaro (PL), quando as indicações do procurador-geral da Fazenda Nacional, Ricardo Soriano, e do então secretário especial da Casa Civil, Jonathas Assunção, foram reprovadas nas três primeiras instâncias do processo (governança interna, Cope e Conselho de Administração), e acabaram aprovadas "na marra", durante assembleia de acionistas, foro em que o governo tem a maioria de votos por representar a União, controladora da empresa.
A dúvida agora é se o governo Lula terá a mesma postura do governo anterior, ignorando as recomendações dos comitês da estatal, ou se vai trocar a indicação de Cruz por um dos três nomes anunciados em caráter de reserva, acrescidos à lista inicial de oito nomes. São esses: Renato Campos Galuppo, Anelize Lenzi Ruas De Almeida e Evamar José dos Santos.
Segundo fontes, apesar de terem continuado no Conselho, Ricardo Soriano e Jonathas Assunção tiveram processos abertos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que seria mais um problema para Mendes, Cruz e Rezende enfrentarem.
Além de provavelmente entrarem na mira da CVM, Cruz e Mendes, ambos indicações do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ainda terão que lidar com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. Cruz é nome de confiança de Silveira, cuja relação com Prates nos bastidores não tem sido das melhores.
O conflito começou justamente por divergências na lista de conselheiros e diretores para a estatal, e seguiu em outras pautas, como a política de desinvestimentos e a política de preços, assuntos sensíveis sobre os quais Silveira pressionou Prates a se posicionar, mesmo quando a diretoria anterior já tinha tomado decisões.