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Com Brasil menos atraente, entrada de dólares será menor

As amarras impostas pelo governo e a vigilância do BC para manter o dólar no confortável patamar de R$ 2 são os principais fatores limitadores à entrada de divisas

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2013 às 17h29.

São Paulo - Nos próximos meses, o Brasil vai ver mais entradas de dólares em seus mercados diante da maior liquidez externa, mas não deve ser nada comparado à verdadeira enxurrada que viveu no passado recente, mostrando que o país tem perdido espaço para outros mercados emergentes.

As amarras impostas pelo governo e a constante vigilância do Banco Central para manter o dólar no confortável patamar de 2 reais são os principais fatores limitadores à entrada de divisas, colocando ainda mais em xeque a conta corrente do país, acreditam analistas ouvidos pela Reuters.

"O investidor estrangeiro não está fugindo do Brasil para sempre, mas não deve ser o país 'top' de investimento em títulos ou em empresas", afirmou o superintendente-adjunto da mesa de derivativos da CGD Investimentos, Jayro Rezende.

Há cerca de dois anos, o governo ampliou as amarras do mercado de câmbio, com a tributação em investimentos estrangeiros em renda fixa e em derivativos, que tiraram o apetite do aplicador. E a própria atuação do BC no mercado de câmbio, intensificada há cerca de um ano, afastou investidores.

Não por menos, o mercado acredita que o dólar continuará oscilando perto de 2 reais nos próximos 12 meses, conforme pesquisa da Reuters.

O ingresso líquido de moeda estrangeira no país somou 16,753 bilhões de dólares no ano passado, quase 75 % a menos do que em 2011, segundo o BC.

Neste ano, até dia 10 de maio, o saldo estava positivo em apenas 2,275 bilhões de dólares, menos de 10 % do ingresso líquido registrado no mesmo período do ano passado, de 24,721 bilhões de dólares.

"A tendência é que o fluxo seja menor (neste ano) do que em 2012 porque, apesar da liquidez mundial aumentando muito, o governo foi bem-sucedido em afungentar o capital", afirmou o economista da Rosenberg Associados Rafael Bistafa.


Para fugir desses entraves, os investidores externos devem migrar com mais força para locais considerados mais amigáveis, como o México, a África do Sul e os países do Leste Europeu, onde os controles de capital são menores.

Na visão do governo, no entanto, esse cenário não é prejudicial.

"Os recursos que entram com os controles são de longo prazo, menos voláteis, que contribuem com a economia e não saem do país na primeira oportunidade", afirmou a fonte.

Apesar de reafirmar que o câmbio é flutuante, o BC atuou de forma clara no último ano para evitar que o dólar fugisse do patamar de 2 reais. Para o mercado, isso ocorre porque não quer pressionar a inflação nem prejudicar os exportadores.

Rombo na conta

A entrada mais restrita de dólares ao país acaba prejudicando a já fragilizada conta corrente brasileira, que vem registrando déficits elevados sobretudo por causa da balança comercial. Só no primeiro trimestre deste ano, o rombo nas contas externas somou quase 25 bilhões de dólares, o dobro do visto um ano antes.

O pior neste cenário é que o déficit não será financiado, como ocorria até agora, pelos investimentos estrangeiros diretos (IED), que não sucetíveis ao humor diário dos mercados financeiros.

O BC calcula que o IED somará 65 bilhões de dólares este ano ─ estável em relação a 2012 ─, mas 2 bilhões de dólares inferior a expectativa de déficit em transações correntes. Se isso ocorrer, será a primeira vez desde 2002 que o IED não será suficiente para cobrir integralmente o déficit em conta corrente.

Com isso, perde-se a qualidade de financiamento da conta corrente, que passa a ser bancado por recursos de maior volatilidade, como investimentos em portfólio.


"Com a moeda forte e a produtividade doméstica fraca, o volume de exportações irá cair, enquanto os volumes de importação continuarão subindo", afirmou em relatório o economista-chefe para a América Latina do BNP Paribas, Marcelo Carvalho, que é bastante pessimista e já calcula que o rombo nas transações correntes em 2014 chegará a 100 bilhões de dólares, ou 4 % do Produto Interno Bruto (PIB).

O mercado, segundo pesquisa Focus do BC, vê investimento estrangeiro direto de 60 bilhões de dólares neste e no próximo ano.

Atração positiva

Apesar de o quadro já não ser mais tão positivo, o Brasil ainda continuará sendo importante pólo de atração de investimento estrangeiro direto; a balança comercial tende a melhorar um pouco seus números; e as empresas brasileiras tendem a captar mais lá fora, avaliam os analistas.

Para a economista do Santander Adriana Dupita, a liquidez internacional é ampla e muitas companhias poderão abrir capital ou fazer emissões externas e, mesmo com os impostos tornando as aplicações menos lucrativas no Brasil, o investidor internacional pode vir para cá.

"(Isso pode ocorrer) pela falta absoluta de oportunidade de investimento lá fora", afirmou a economista, ressaltando que a entrada de recursos será menor agora.

Aproveitando essa onda de bonança estrangeira, a Petrobras emitiu 11 bilhões de dólares em bônus na semana passada, seguindo a uma emissão soberana de 800 milhões de dólares.

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"O investidor estrangeiro não está fugindo do Brasil para sempre, mas não deve ser o país 'top' de investimento em títulos ou em empresas", afirmou o superintendente-adjunto da mesa de derivativos da CGD Investimentos, Jayro Rezende.

Há cerca de dois anos, o governo ampliou as amarras do mercado de câmbio, com a tributação em investimentos estrangeiros em renda fixa e em derivativos, que tiraram o apetite do aplicador. E a própria atuação do BC no mercado de câmbio, intensificada há cerca de um ano, afastou investidores.

Não por menos, o mercado acredita que o dólar continuará oscilando perto de 2 reais nos próximos 12 meses, conforme pesquisa da Reuters.

O ingresso líquido de moeda estrangeira no país somou 16,753 bilhões de dólares no ano passado, quase 75 % a menos do que em 2011, segundo o BC.

Neste ano, até dia 10 de maio, o saldo estava positivo em apenas 2,275 bilhões de dólares, menos de 10 % do ingresso líquido registrado no mesmo período do ano passado, de 24,721 bilhões de dólares.

"A tendência é que o fluxo seja menor (neste ano) do que em 2012 porque, apesar da liquidez mundial aumentando muito, o governo foi bem-sucedido em afungentar o capital", afirmou o economista da Rosenberg Associados Rafael Bistafa.


Para fugir desses entraves, os investidores externos devem migrar com mais força para locais considerados mais amigáveis, como o México, a África do Sul e os países do Leste Europeu, onde os controles de capital são menores.

Na visão do governo, no entanto, esse cenário não é prejudicial.

"Os recursos que entram com os controles são de longo prazo, menos voláteis, que contribuem com a economia e não saem do país na primeira oportunidade", afirmou a fonte.

Apesar de reafirmar que o câmbio é flutuante, o BC atuou de forma clara no último ano para evitar que o dólar fugisse do patamar de 2 reais. Para o mercado, isso ocorre porque não quer pressionar a inflação nem prejudicar os exportadores.

Rombo na conta

A entrada mais restrita de dólares ao país acaba prejudicando a já fragilizada conta corrente brasileira, que vem registrando déficits elevados sobretudo por causa da balança comercial. Só no primeiro trimestre deste ano, o rombo nas contas externas somou quase 25 bilhões de dólares, o dobro do visto um ano antes.

O pior neste cenário é que o déficit não será financiado, como ocorria até agora, pelos investimentos estrangeiros diretos (IED), que não sucetíveis ao humor diário dos mercados financeiros.

O BC calcula que o IED somará 65 bilhões de dólares este ano ─ estável em relação a 2012 ─, mas 2 bilhões de dólares inferior a expectativa de déficit em transações correntes. Se isso ocorrer, será a primeira vez desde 2002 que o IED não será suficiente para cobrir integralmente o déficit em conta corrente.

Com isso, perde-se a qualidade de financiamento da conta corrente, que passa a ser bancado por recursos de maior volatilidade, como investimentos em portfólio.


"Com a moeda forte e a produtividade doméstica fraca, o volume de exportações irá cair, enquanto os volumes de importação continuarão subindo", afirmou em relatório o economista-chefe para a América Latina do BNP Paribas, Marcelo Carvalho, que é bastante pessimista e já calcula que o rombo nas transações correntes em 2014 chegará a 100 bilhões de dólares, ou 4 % do Produto Interno Bruto (PIB).

O mercado, segundo pesquisa Focus do BC, vê investimento estrangeiro direto de 60 bilhões de dólares neste e no próximo ano.

Atração positiva

Apesar de o quadro já não ser mais tão positivo, o Brasil ainda continuará sendo importante pólo de atração de investimento estrangeiro direto; a balança comercial tende a melhorar um pouco seus números; e as empresas brasileiras tendem a captar mais lá fora, avaliam os analistas.

Para a economista do Santander Adriana Dupita, a liquidez internacional é ampla e muitas companhias poderão abrir capital ou fazer emissões externas e, mesmo com os impostos tornando as aplicações menos lucrativas no Brasil, o investidor internacional pode vir para cá.

"(Isso pode ocorrer) pela falta absoluta de oportunidade de investimento lá fora", afirmou a economista, ressaltando que a entrada de recursos será menor agora.

Aproveitando essa onda de bonança estrangeira, a Petrobras emitiu 11 bilhões de dólares em bônus na semana passada, seguindo a uma emissão soberana de 800 milhões de dólares.

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