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China se descola de outros emergentes nos aportes de investidores

O país já era destaque, mas agora começa a ser separado do portfólio mais amplo de investimentos em emergentes

Os otimistas veem várias tendências estruturais que provavelmente tornarão a China um componente distinto em carteiras no longo prazo (SOPA Images / Colaborador/Getty Images)
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Beatriz Quesada

Publicado em 10 de dezembro de 2020 às 13h01.

Última atualização em 10 de dezembro de 2020 às 13h06.

(Bloomberg)O crescente abismo econômico entre a China e outros mercados emergentes tem levado alguns dos maiores investidores do mundo a mudarem a forma como alocam recursos nessa classe de ativos.

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A Amundi Asset Management, que administra quase 2 trilhões de dólares, e a Robeco, com 190 bilhões de dólares sob gestão, adotam novas estratégias com foco na China diante da maior demanda de clientes que já haviam investido no país por meio de fundos globais de países em desenvolvimento. A BNY Mellon Investment Management favorece apostas específicas na economia chinesa, enquanto a BlackRock vê o país como “destino de investimento à parte dos mercados emergentes”.

A China há muito tempo se destaca no mundo em desenvolvimento por sua combinação única de tamanho, crescimento e profundidade de mercado. Mas, para muitos investidores, as diferenças não eram extremas o suficiente para separar o país de um portfólio mais amplo de mercados emergentes. Isso está mudando, pois a rápida recuperação da China da pandemia de Covid-19 - e o modelo de crescimento cada vez mais doméstico - torna a distância grande demais para ser ignorada.

A maior economia da Ásia deve registrar expansão de 8,2% em 2021 depois de crescer no maior ritmo desde 2009 em relação aos pares emergentes neste ano, de acordo com o FMI. O índice acionário de referência do país supera a maioria dos rivais em 2020 com avanço de 21%, enquanto o ganho de 6,4% do yuan em relação ao dólar está entre os maiores do mundo em desenvolvimento.

Investidores internacionais aplicaram quantias recordes em títulos chineses e adicionaram US$ 10,4 bilhões aos fundos de ações da Grande China monitorados pela Morningstar neste ano até outubro. Isso compensou a saída de US$ 23,9 bilhões de fundos de países em desenvolvimento.

“A China é claramente uma coisa diferente”, disse Yerlan Syzdykov, responsável por mercados emergentes da Amundi em Londres, em entrevista.

Os céticos destacam que a vantagem de crescimento de curto prazo da China deve diminuir com a distribuição de vacinas contra a Covid, o que daria impulso a países da América Latina e da Europa, mais afetados pela pandemia. Há também o risco sempre presente de uma crise da dívida, sublinhada por uma onda de inadimplências entre estatais chinesas que sacudiram os mercados de crédito no mês passado.

Ainda assim, os otimistas veem várias tendências estruturais que provavelmente tornarão a China um componente distinto em carteiras no longo prazo. Uma delas é a eliminação de barreiras ao investimento estrangeiro no país, reformas que garantiram que ações e títulos domésticos fossem incluídos emíndicesde referência globais. Outra é a diversificação contínua da economia, com menor foco em manufatura de baixo valor agregado e gastos com infraestrutura e maior aposta em tecnologia de ponta, serviços e consumo doméstico.

“A China tem uma economia muito grande e diversificada, diferente de qualquer outro mercado emergente - muito semelhante ao que a economia americana apresenta em termos de oportunidades”, disse Syzdykov.

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